Publicado em 11/11/2024 às 14:10 - Atualizado em 12/11/2024 às 17:29
A falta de higiene das mãos de médicos, enfermeiros e visitantes é responsável por 80% das infecções hospitalares e quase todos esses casos podem ser evitados com medidas básicas de prevenção. Essa constatação da Organização Mundial da Saúde (OMS) foi o ponto de partida para o grupo de estudantes e pesquisadores que venceu a 7ª edição do Cantanhede Innovation Days (Catanhede i-Days), que projetou o CareMinder — um dispositivo que ajuda a prevenir essas situações por meio de um sensor que alerta profissionais de saúde e visitantes para a desinfecção regular das mãos a cada vez que transitam entre pacientes.
O grupo vencedor do desafio é composto por dois estudantes de Engenharia Biomédica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Arthur Bastos e Patrick Carneiro, que estão em mobilidade internacional na Universidade de Coimbra (UC), onde fizeram a parceria com outros dois colegas: Adebare Adeleke, que é microbiologista nigeriano e doutorando em Sistemas de Energia Sustentável; e Beatriz Oliveira, que é enfermeira portuguesa e mestranda em Administração.
No evento, os participantes formaram grupos e escolheram solucionar um desafio na área de prevenção e monitoramento de infecções adquiridas em hospitais. Bastos comenta que a experiência multidisciplinar foi produtiva: “Patrick e eu temos conhecimentos na parte de tecnologia e desenvolvimento na área da saúde, a Beatriz trouxe a experiência em enfermagem e ambiente hospitalar, e o Adebar atua com infecções e microbiologia, ele tem um background nessa temática, porque já trabalhou com isso. Então, a gente escolheu um desafio que contemplava todos os conhecimentos em nosso grupo.”
Juntos, eles projetaram um sensor, com material facilmente desinfectável, que tem a função de monitorar a presença do profissional no quarto dos pacientes e lembrá-lo sobre a higienização das mãos. “São basicamente três sensores: um na porta do quarto dos pacientes, um sob as camas dos pacientes e um na roupa do enfermeiro. Depois que um profissional de saúde chegar perto de uma cama e, em seguida, se afastar, o sensor vai emitir uma vibração para relembrar sobre a higienização”, explica Bastos.
Bastos aponta que muitos profissionais podem esquecer de sempre lavar as mãos, mesmo sabendo da sua importância: “A princípio, todos sabem que precisam lavar as mãos, mas os próprios profissionais de saúde relatam que esquecem com frequência de fazer isso. Esse sistema é eficaz, mas não é invasivo. Ele não obriga que o profissional lave as mãos, já que ele pode estar em procedimento de emergência ou algo do tipo, mas funciona como sistema de alerta no cotidiano.”
A ideia também prevê que, a cada duas horas, o padrão de vibração seja diferente, ajudando os usuários a lembrarem da importância de lavar as mãos. Segundo o grupo, isso pode prevenir entre 30% a 70% de infecções evitáveis, e o investimento na implementação do projeto é 16 vezes menor que o valor gasto atualmente com os tratamentos.
Jornadas de inovação
Organizado pela EIT Health, uma rede de inovação em saúde apoiada pela União Europeia, o European i-Days teve sua primeira etapa nacional em diversos países do continente. Em Portugal, onde os estudantes da UFU estão em mobilidade, a etapa nacional ocorreu entre 30 de outubro e 6 de novembro.
O objetivo da iniciativa é estimular estudantes e pesquisadores a desenvolver e apresentar soluções para desafios de saúde da vida real. Para isso, os participantes, organizados em equipes multidisciplinares, recebem instruções sobre design thinking, empreendedorismo e técnicas de pitching (técnicas de apresentação rápida e objetiva para despertar o interesse sobre um projeto).
Agora, o projeto premiado em primeiro lugar em Portugal segue para a etapa internacional, o Winners' Event, uma competição final que reunirá estudantes de toda a Europa, em Budapeste, na Hungria, entre 22 e 29 de novembro.
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