Publicado em 18/06/2025 às 16:14 - Atualizado em 25/06/2025 às 14:20
O Instituto Médico Legal (IML) Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) recebeu, em março deste ano, 12 peças apreendidas pela Polícia Militar em Ituiutaba (MG). Entre ossos, peles, chifres e cascos, que estavam “decorando” um comércio antes da denúncia, chamou a atenção dos pesquisadores da UFU o crânio de uma onça-pintada que tinha um orifício na parte superior esquerda.
A perícia identificou que as características da lesão perfuro-contusa arredondada, com 17 milímetros de diâmetro, eram compatíveis com um trauma causado por bala de arma de fogo. A peça foi submetida a um exame de imagem que constatou a presença do projétil balístico dentro do crânio. Depois da remoção e análise, verificou-se que se tratava de uma bala usada em armas calibre nove milímetros.
Com isso, os pesquisadores concluíram que a causa da morte da onça-pintada está associada a crime doloso contra a fauna silvestre, mais especificamente espécie rara ou ameaçada de extinção, como é o caso da Panthera onca. Tudo isso aumenta a pena contra quem comete esse tipo de delito, de acordo com a Lei nº 9.605/1998.
O estudo foi desenvolvido pelo técnico assistente de laboratório Rodrigo Ananias Barreiros Silva, pelas estudantes Vanessa Eloisa Dallabrida e Thaís Aparecida Silva e pelo professor Marcio de Barros Bandarra, coordenador do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (Lapas), ao qual está vinculado o IML Veterinário, da Faculdade de Medicina Veterinária da UFU. O caso foi apresentado no IV Simpósio Internacional de Medicina Legal Translacional, realizado na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP), no fim de maio, e premiado em terceiro lugar entre os melhores pôsteres.
“O trabalho apresentado mostra a importância da Medicina Veterinária Legal e a atuação do médico veterinário forense na confecção de laudos periciais, contribuindo com a justiça, auxiliando na identificação de crimes contra os animais, principalmente quando são crimes que envolvem espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção”, afirma Silva.
A morte de uma única onça-pintada, que é um predador de topo, pode causar desequilíbrios ecológicos em cascata e afetar o ecossistema local, explicam os pesquisadores. Essa é uma “espécie guarda-chuva”, cuja sobrevivência demanda uma grande área conservada de habitat e, consequentemente, protege muitas outras espécies. Inclusive os seres humanos, pois a perda de biodiversidade e a fragmentação de ambientes naturais aumentam a incidência e a propagação de zoonoses.
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Palavras-chave: veterinária onça IML Veterinário
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