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Economia regional

Câmbio favorável impulsiona faturamento de exportadores da região intermediária de Uberaba em semestre de queda no volume.

Análise do Cepes/UFU mostra que forte desempenho das ferro-ligas, de Araxá, ajudou a compensar a queda histórica nas vendas de açúcar

Publicado em 22/09/2025 às 11:35 - Atualizado em 13/10/2025 às 09:15

 

A economia da Região Intermediária de Uberaba viveu um cenário de dois pesos e duas medidas no comércio exterior durante o primeiro semestre de 2025. Embora o volume e o valor das exportações em dólar tenha caído, a receita final em reais cresceu, impulsionada pela forte valorização da moeda americana. Os dados, divulgados em um novo boletim do Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU), pintam o retrato de uma economia regional resiliente, mas dependente da performance de poucos produtos e do comportamento do câmbio.

De janeiro a junho, as exportações totalizaram US$ 1,94 bilhão, uma queda de 3,55% em comparação com o mesmo período do ano passado. No entanto, com a taxa de câmbio média saltando para R$ 5,76, o montante convertido para a moeda nacional chegou a R$ 11,09 bilhões, um aumento real de 8,16% na receita das empresas exportadoras.

Indicador

1º Semestre de 2025

Variação vs. 1ºS/2024

Exportações (US$)

US$ 1,94 bilhão

▼ 3,55%

Exportações (R$)

R$ 11,09 bilhões

▲ 8,16%

Importações (US$)

US$ 819,29 milhões

▲ 29,83%

Câmbio Médio

R$ 5,76 / US$

▲ 13,18%

 

Ferro-Ligas em destaque; Açúcar em baixa

A análise detalhada dos produtos revela uma clara divisão. O carro-chefe da pauta exportadora, as ferro-ligas, teve um desempenho robusto, com crescimento de 10,01% nas vendas, que ultrapassaram US$ 1 bilhão. Esse resultado, concentrado no pólo industrial de Araxá — responsável por 61% de todas as exportações da região —, foi crucial para evitar um tombo maior.

Produto

Valor (US$)

Participação

Variação vs. 1ºS/2024

1. Ferro-ligas

US$ 1,01 bilhão

52,34%

▲ 10,01%

2. Açúcar

US$ 396,31 milhões

20,42%

▼ 36,57%

3. Soja (grão)

US$ 188,03 milhões

9,69%

▲ 16,04%

4. Carne Bovina

US$ 75,35 milhões

3,88%

▲ 31,87%

5. Metais Raros e Obras

US$ 117,63 milhões

6,06%

▲ 6,68%

 

Na outra ponta, o açúcar foi o grande “vilão” do semestre. Com os preços internacionais em baixa e uma demanda reduzida de países asiáticos, as vendas do produto despencaram 36,57%, uma perda de mais de US$ 228 milhões em receita na comparação com 2024. A queda impactou fortemente a economia de municípios como Delta, Itapagipe e Santa Juliana.

 

Sinal de modernização: Importações tecnológicas em alta

Se as exportações mostraram um cenário misto, as importações enviaram um sinal claro de investimento. O valor gasto com produtos do exterior disparou 29,83%, atingindo US$ 819,29 milhões. O mais revelador, aponta o boletim do CEPES, é que esse aumento veio acompanhado de uma queda de 5,64% no volume físico importado.

A conclusão é que a região está comprando produtos mais caros e de maior valor agregado. A importação de insumos como compostos químicos nitrogenados (+340%) e ácidos industriais (+532%), liderada pelo município de Uberaba, indica um forte investimento na modernização da indústria e do agronegócio local, especialmente na produção de fertilizantes e defensivos.

A China consolidou-se como o principal parceiro comercial em ambas as direções, comprando 41% de tudo o que a região exportou e vendendo 38% de tudo o que foi importado, mostrando uma dependência crescente do mercado asiático. O estudo conclui que, para o segundo semestre, os desafios serão diversificar os mercados para o açúcar e gerenciar os custos dos insumos importados, aproveitando a janela de oportunidade criada pela forte safra de grãos.



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