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Meio ambiente

Piolhos e carrapatos em ouriços podem ser transmissores de varíola para esses animais, diz estudo

Vírus é associado a lesões graves e alta mortalidade em ouriços-cacheiros em estados do Brasil e na Argentina

Publicado em 21/10/2025 às 12:16 - Atualizado em 31/10/2025 às 15:11

BPoPV passou a ser associado a lesões cutâneas graves e alta mortalidade em ouriços-cacheiros. (Foto: Beatriz de Barros)

 

Pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em parceria com cientistas da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Regional de Blumenau (Furb) e da Universidade de Bari (Itália), concluíram que piolhos e carrapatos são os principais vetores de transmissão do vírus da varíola dos ouriços brasileiros, o Brazilian porcupinepox virus (BPoPv). O estudo foi publicado na revista Pathogens em agosto deste ano.

Além da doença ser uma ameaça à conservação desses roedores silvestres, os resultados do trabalho geram preocupações aos pesquisadores por causa do risco de contato indireto do vírus com seres humanos e animais domésticos. 

O BPoPV foi descrito em 2021 pela docente Aline Santana da Hora, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFU. A partir de então, o vírus passou a ser associado a lesões cutâneas graves e alta mortalidade em ouriços-cacheiros em diversos estados brasileiros e na Argentina. 

O vírus causador da varíola do ouriço não é o mesmo vírus que causa a varíola humana, já erradicada graças à vacinação em massa. A varíola do ouriço também não é uma zoonose, ou seja, não é, até o momento, uma doença transmissível para o ser humano.

No entanto, pelo fato do vírus do ouriço brasileiro ser um patógeno que foi descoberto recentemente, e os casos ainda estão sendo estudados, há a preocupação de um dia ele se tornar uma zoonose.  Por isso, os cientistas recomendam que as pessoas não se aproximem de animais selvagens, principalmente se eles estiverem doentes. O indicado é que, nesses casos, a Polícia Ambiental ou o Corpo de Bombeiros seja acionado.

“Ele [o BPoPV] não fica ‘próximo’ do monkeypox, por exemplo, quando a gente faz uma árvore filogenética. Mas ele pode sofrer mutações e se adaptar e infectar pessoas. Pode ser que isso nunca aconteça, pode ser que seja um vírus exclusivo dos ouriços”, observa Hora, destacando que muito provavelmente a doença não é uma zoonose.

Na pesquisa, realizada nos laboratórios de Investigação Etiológica Veterinária (LIvE Vet/UFU) e de Ixodologia (Labix/UFU), os cientistas analisaram carrapatos e piolhos coletados de 17 porcos-espinhos das espécies Coendou longicaudatus e Coendou spinosus, com ou sem sinais clínicos de infecção por BPoPV. 

Conforme o artigo publicado, o DNA do BPoPV foi detectado em todos os porcos-espinhos sintomáticos e em seus ectoparasitas (exceto em um pool de carrapatos). A pesquisa sugere que piolhos Eutrichophilus e A. sculptum e carrapatos A. longirostre “podem desempenhar um papel na transmissão do BPoPV”.

Aline da Hora afirma que já há relatos de ouriços infectados em Santa Catarina, Goiás, São Paulo, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. 

O estudo, que contou também com a participação da doutoranda Nathana Beatriz Martins, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UFU, recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).



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Palavras-chave: vírus Ouriço Varíola dos ouriços

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