Publicado em 07/10/2019 às 15:28 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56
A vacina é a única forma eficaz de prevenção contra o sarampo. Crianças e adultos são alvos das campanhas de vacinação. (Foto: Milton Santos)
Muito provavelmente você já deve ter passado pela experiência de tomar uma vacina. Mas você sabe o significado da palavra vacina ou quando o movimento de vacinação teve início? As vacinas são produzidas a partir do estudo de microrganismos inativados ou atenuados e por substâncias que são introduzidas no nosso corpo para estimular a reação do sistema imunológico assim que entrar em contato com um agente causador de doenças. O termo deriva do latim vaccinus, de vacca (vaca). A origem está ligada à descoberta feita pelo médico inglês Edward Jenner, em 1796, que percebeu que algumas mulheres que ordenhavam vaca eram imunes à varíola, por terem se contaminado com a forma animal da doença.
No Brasil, segundo a Revista da Vacina, do Ministério da Saúde, a primeira vacinação pública foi realizada há mais de 200 anos, em 1804, também contra a varíola. No entanto, cem anos mais tarde, em 1904, teve início o primeiro movimento antivacina do país. A Revolta da Vacina eclodiu no Rio de Janeiro quando, à época, foi aprovada a lei da vacinação obrigatória, em 31 de outubro daquele ano, em meio ao desconhecimento por parte da população sobre o propósito da medida e os efeitos da injeção. O governo pretendia imunizar os cidadãos locais contra a varíola, só não contava que a desinformação fosse tornar-se um empecilho para a ação naquele período.
De lá pra cá, muitos avanços ocorreram na área da medicina e da saúde e as campanhas de conscientização e vacinação tornaram-se mais comuns. A importância da vacinação se dá no contexto da atuação do organismo humano contra agentes infecciosos e bacterianos. Doenças como a poliomielite, a meningite e a hepatite estão controladas graças à eficiência de campanhas de imunização. O sarampo também já fez parte dessa lista, mas hoje liga um alerta de atenção no território brasileiro.
A doença voltou a aparecer no país, na região Norte, em 2017, segundo o professor Elias José Oliveira, do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Uberlândia (Famed/UFU). “Hoje temos um surto que começou na região Norte [nos estados de Roraima e Amazonas], pois o índice de cobertura vacinal da região era baixo e acabou se espalhando pelo país”, explica Oliveira. O Brasil havia recebido, em 2016, o certificado de erradicação do vírus do sarampo da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
Oliveira afirma que o reaparecimento da doença aconteceu em virtude de descuidos e pelo ressurgimento de um movimento antivacina no país. “As fake news sobre reações adversas da vacina fez com que muitos pais, adultos e idosos não se vacinassem. Contra uma população vulnerável que não havia tomado a vacina, esse vírus se instalou”, alerta.
Causado pelo vírus Morbillivirus, o sarampo é um agente contagioso que se manifesta com febre e manchas no corpo. O tratamento busca atenuar os sintomas daquela que é uma das principais responsáveis pela mortalidade infantil em países subdesenvolvidos, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A vacina contra o sarampo é indicada na infância.
Os primeiros sinais da doença aparecem com a febre alta entre 10 a 12 dias após a exposição ao vírus, com duração de 4 a 7 dias. O paciente também pode apresentar secreções no nariz, tosse, olhos vermelhos e lacrimejantes. Pequenas manchas brancas e exantemas (erupções cutâneas) também podem se desenvolver no estágio inicial, geralmente no rosto e na parte superior do pescoço. Essas erupções se espalham durante aproximadamente três dias, podendo atingir mãos e pés. O intervalo de exposição ao vírus e a aparição das erupções varia de 7 a 18 dias.
O projeto de extensão Práxis Imunização tem como um dos objetivos alertar sobre a importância de manter o cartão de vacinação atualizado. (Foto: Milton Santos)
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), somente nos três primeiros meses de 2019 o número global de casos de sarampo aumentou em 300% em relação ao mesmo período de 2018. Segundo dados do Ministério da Saúde, de setembro, 4 pessoas morreram (em São Paulo e Pernambuco) dentre os mais de 2.753 casos confirmados no Brasil desde junho, quando um novo surto da doença teve início. Em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) noticiou 30 casos confirmados.
Em Uberlândia, ainda segundo as informações da SES-MG, foram registrados, no mês de setembro, 9 casos confirmados e 58 suspeitas. Um novo boletim divulgado no dia 2 de outubro pela SES-MG informou que não houve ocorrência de novos casos da doença. Dos números registrados, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou o dado de que os diagnósticos confirmados são de pessoas com mais de 20 anos. Nenhuma outra cidade do Triângulo Mineiro foi citada no levantamento.
O sarampo é uma doença infecciosa e altamente contagiosa. A vacinação é a única maneira de preveni-la de forma eficaz. A estudante de Enfermagem da UFU, Amanda Galvão faz parte do projeto de extensão Práxis Imunização, que busca ajudar os adultos a colocar o cartão de vacinas em dia. A graduanda explica que o projeto foi criado a partir da necessidade de atenção aos adultos quanto à atualização do quadro de vacina e afirma que “a vacinação é a única maneira de prevenir a doença de forma eficaz. Depois da ingestão de água, manter o cartão de vacinas em dia é imprescindível”.
A tríplice viral (SCR), é a vacina indicada para prevenção contra o sarampo, a rubéola e a caxumba, e é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o calendário nacional de vacinação, todos os indivíduos de 1 a 29 anos de idade devem ter duas doses da vacina para serem considerados protegidos. Os adultos entre 30 e 49 anos de idade, sem comprovação de nenhuma dose, devem receber pelo menos uma dose da SCR.
Palavras-chave: vacinação sarampo prevenção saúde
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