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#UFUContraoCorona

Pesquisadores da UFU produzem protetores faciais usando impressão em 3D

Equipamentos de proteção estão sendo doados a hospitais da cidade

Publicado em 27/03/2020 às 19:50 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:52

Em tempos onde praticar nossa coletividade em prol de um bem comum é algo extremamente necessário, pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) se unem para contribuir nas medidas de enfrentamento à Covid-19. 

Tudo começou por meio de um grupo de WhatsApp de usuários de impressão 3D (tecnologia usada para replicar objetos em 3ª dimensão) onde o doutorando do Instituto de Química (IQ/UFU), Rafael Melo Cardoso, teve acesso a reportagens sobre válvulas para respiradores impressas na Itália e máscaras de proteção impressas na República Tcheca, as chamadas Face Shield

Dessa forma, Cardoso, juntamente com seu orientador, o professor Rodrigo Munoz (também do IQ), e o pesquisador Fábio Raffael Felice Neto, do Laboratório de Tecnologia em Atrito e Desgaste da Faculdade de Engenharia Mecânica (LTAD/Femec/UFU) perceberam que poderiam colaborar de alguma forma.

Liderados por Felice Neto, começaram então os testes para as impressões. O projeto original em que se basearam foi originalmente criado para a produção com um material chamado PETG, que é bem similar ao PET (politereftalato de etileno) usado na fabricação de  garrafas de refrigerantes.

Cardoso afirma, no entanto, que a impressão também é compatível com o chamado PLA (poliácido láctico), polímero biodegradável do milho, e também pode ser adaptado ao ABS (acrilonitrila butadieno estireno), polímero de petróleo.

Material para confecção dos protetores foi arrecado por meio de doações. (Foto: arquivo de Rafael Melo Cardoso)

Processo de confecção 

Felice Neto explica como são fabricados os protetores: “As partes rígidas são feitas em impressão 3D e são fixadas a uma folha de acetato, que funciona como barreira mecânica que vai à frente da máscara e dos óculos do médico, impedindo que partículas voem no rosto ou nas regiões da frente da face e do pescoço dos médicos", relata o engenheiro.

Para a parte transparente da proteção facial, o acetato usado possui 0,5mm de espessura, segundo uma recomendação temporária da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A equipe está conseguindo esse material com empresários colaboradores, como conta Rafael Melo Cardoso. Por último, são usadas fitas elásticas para fixação da proteção facial. 

Tudo tem sido feito como uma grande força-tarefa por parte dos pesquisadores envolvidos e também por voluntários que disponibilizaram suas máquinas. As impressões são realizadas nas casas dos envolvidos na ação e uma drogaria na Praça Tubal Vilela funciona como ponto de coleta dos equipamentos de proteção doados. Uma vez por dia, os pesquisadores buscam os materiais, montam os protetores e entregam para a Secretaria Municipal de Saúde para serem distribuídos nos hospitais.

O time contava com aproximadamente 300 telas de acetato até o fechamento dessa reportagem, mas, com o aumento da demanda e mediante a divulgação, os pesquisadores estão deixando as máquinas de impressão funcionando 24 horas por dia para que consigam suprir a produção de cerca de 800 protetores, como explicou Cardoso. 

Confecção está acontecendo na UFU e nas casas dos voluntários. (Foto: arquivo de Rafael Melo Cardoso)

 

Eficácia 

A Anvisa liberou a produção e a distribuição, contanto que o produto seja analisado por uma equipe médica. Os confeccionadores de Uberlândia levaram as peças produzidas por eles em dois hospitais para que profissionais da área pudessem validar o equipamento. Com a validação deles, os pesquisadores continuaram a produção. 

Modelo de protetor confeccionado por impressora 3D. (Foto: arquivo de Rafael Melo Cardoso)

Cardoso, que tem como projeto de doutorado a impressão 3D na instrumentação em química analítica e eletroanalítica, relata que o grupo está recebendo doações para continuar com o trabalho: “Quem tiver interesse em ajudar, seja financeiramente, com corte de acetatos ou até mesmo com as fitas elásticas, aí está o link com todos os passos para manufatura deste equipamento”, completa.

Rafael Melo Cardoso demonstra como funciona o uso dos protetores. (Foto: arquivo do pesquisador)

O link pode ser acessado aqui para mais informações sobre como se produzem os protetores (em inglês). As doações para o projeto são recolhidas pela comunidade de voluntários Juntos por Uberlândia e as contribuições podem ser feitas via site.

 

Palavras-chave: UFUContraOCorona Ciência pesquisa engenharia coronavírus

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