Publicado em 19/08/2021 às 14:07 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:51
Estagiários da UFU foram incluídos na vacinação das pessoas que trabalham na área de educação. (Foto: Milton Santos)
A vacinação representa um caminho importante para o enfrentamento da pandemia e é essencial que haja uma grande adesão da população. Muito se fala sobre a vacinação de grupos prioritários, como idosos e pessoas com comorbidades, mas e os jovens? Em muitos lugares do mundo e do Brasil, a hora de vacinar os mais novos já chegou. O que esse grupo pensa sobre as vacinas?
Para entender melhor as opiniões dos jovens em relação à vacinação contra a covid-19, o projeto Youth Vaccine Trust desenvolveu uma pesquisa para avaliar quais fatores e motivos contribuem para a decisão sobre se vacinar ou não contra o coronavírus.
A iniciativa é do Movimento #MoreViralthantheVirus e da HILA Alliance, ligado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Uma das coordenadoras do relatório é Beatrice Bonami, formada em Artes Visuais pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
“Doenças trazem dúvidas e incertezas e é normal que apresentemos insegurança ao tratar da covid-19. Contudo, muito tem sido dito sobre a recém-desenvolvida vacina e boa parte dessas informações não tem como base a ciência, mas opiniões pessoais e informações não comprovadas ou até falsificadas”, comenta Bonami.
Pedro de Paula, estagiário da UFU, se vacinou na Arena Sabiazinho, em Uberlândia. (Foto: Alexandre Costa)
Youth Vaccine Trust
Entre novembro de 2020 e janeiro de 2021, foi aplicado um questionário para jovens de vários países do mundo, incluindo o Brasil. A pergunta central da pesquisa foi “O que leva uma pessoa a tomar a decisão de se vacinar?” e contou com uma análise de mais de 9 mil respostas de participantes entre 18 e 30 anos, de 78 países.
O relatório tem como objetivo identificar e explicar tendências globais e regionais na confiança em vacinas para jovens e incluem ações recomendadas para lidar com a hesitação e a desconfiança desse grupo.
No estudo, 75% dos jovens responderam que acreditam na vacina. Em países da América, o número chegou a 92%, com 85% dos participantes afirmando que provavelmente tomariam a vacina.
A pesquisa mostrou que os jovens querem se vacinar tanto pela proteção individual e coletiva quanto pela norma social, já que pessoas próximas também estão se vacinando.
Túlio Daniel e Laura Justino, estagiários da UFU, têm 21 anos e já tomaram a primeira dose da vacina. (Foto: Milton Santos)
Aqueles que não querem se vacinar afirmam que falta transparência de dados sobre a vacina. Os possíveis efeitos colaterais e falta de confiança nas indústrias farmacêuticas e no governo também são motivos de resistência. Bonami explica que, de acordo com esses dados, seria interessante que as campanhas focassem no público jovem.
“Elas devem endereçar estes fatores na hora de suas comunicações, deixando claro que é natural ter dúvidas sobre este processo e que a vacinação não é uma cura e sim um tratamento que não exclui outras medidas protetivas como usar máscaras, lavar bem as mãos e manter distância física de outras pessoas”.
Imunidade populacional
No Brasil, a primeira vacina contra o coronavírus foi aplicada no dia 17 de janeiro de 2021 e, desde então, de acordo com Our World Data, mais de 160 milhões de doses já foram distribuídas. Cerca de 58% da população brasileira já foi vacinada com a primeira dose e 24% está imunizada, número que representa mais de 50 milhões de pessoas.
Como uma das formas de combater o coronavírus, vacinar-se é mais do que uma proteção individual. O professor de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas (Icbim) da UFU, Tiago Mineo, afirma que é possível obter a chamada imunidade populacional, ou seja, a proteção coletiva, somente com vacinação.
De acordo com o professor, a cobertura vacinal ideal seria acima de 70% ou 80%. Porém, existem fatores complicadores desta estratégia, como novas variantes do vírus e a eficácia dos imunizantes utilizados.
Em Uberlândia, a vacinação teve início em janeiro. (Foto: Milton Santos)
“A eficácia dos diferentes imunizantes poderá sofrer redução, dependendo das variantes que surgirem. Por isso, a tendência é que a imunização para covid-19 se torne periódica e cada reforço será ministrado com vacinas atualizadas, mais eficientes para as variantes circulantes”, explica Mineo.
A vacinação dos jovens
Leonardo Jardim é estudante do curso de Jornalismo da UFU e mora em Botucatu, São Paulo. A cidade participou de uma pesquisa do Ministério da Saúde para avaliar a eficácia da vacina Oxford-Astrazeneca.
A proposta foi vacinar os moradores de Botucatu com as duas doses da vacina. Com a primeira dose em maio e a segunda em agosto, Jardim tem 21 anos e já está imunizado.
“O esquema foi igual de votação, cada cidadão ia no seu local de voto com os documentos em mãos e se vacinava”, explica o estudante. De acordo com o Vacinômetro, mais de 107 mil pessoas já tomaram as duas doses da vacina, o que representa cerca de 72% da população.
“Eu decidi me vacinar pelo fato de que a ciência é a salvação e a resposta para a maioria das doenças existentes no mundo. O fato de estar imunizado me tranquilizou muito para seguir com a minha rotina”, comenta Jardim.
Leonardo Jardim tomou a segunda dose da vacina no dia 8 de agosto. (Foto: Arquivo pessoal)
Palavras-chave: vacina vacinação COVID-19 coronavírus Jovens pesquisa
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