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Ciência

Pesquisa sobre antifúngico para candidíase é premiada em feira de jovens cientistas

Noemi Chagas Conejo estuda na Escola Estadual Joaquim Saraiva e faz Iniciação Científica com a UFU

Publicado em 30/06/2022 às 09:42 - Atualizado em 05/09/2023 às 19:17

Os organismos do gênero Candida são fungos sexuais considerados oportunistas, encontrados nas mucosas, tubo digestivo e aparelhos genitais e urinários, que causam diversas doenças, dentre elas, a candidíase. O tratamento dessas infeccções pode melhorar graças à pesquisa de uma aluna do Ensino Médio de Uberlândia que foi premiada na Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC) neste mês.

Nos últimos anos, tem-se observado um aumento da candidíase em todo o mundo. Das mais de 100 espécies do fungo, 40 causam infecções humanas e, mesmo havendo medicamentos para o tratamento dessas infecções, a taxa de mortalidade ainda permanece alta, em torno de 40% a 60%. Além disso, há uma capacidade dessas leveduras de resistir aos principais antifúngicos disponíveis no mercado, o que dificulta o combate às infecções.

A planta Mallotus philippinensis, conhecida como kamala vermelha ou kumkum, é uma pequena árvore que cresce em encostas. Dessa planta, pode ser isolada a molécula denominada rottlerin, que vem demonstrando ampla gama de atividades farmacológicas, principalmente pela sua atividade no combate de vermes e bactérias.

Tendo isso em vista, Noemi Chagas Conejo, de 17 anos, pesquisou o potencial do uso do rottlerin no combate aos fungos do gênero Candida. Conejo é aluna do terceiro ano do Ensino Médio na Escola Estadual Joaquim Saraiva e, no segundo ano do seu Ensino Médio, foi contemplada com uma bolsa de Iniciação Científica pelo Programa Institucional de Iniciação Científica do Ensino Médio (Pibic-EM), por convênio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Noemi Chagas Conejo participa de pesquisas no Laboratório de Ensaios Antimicrobianos da UFU. (Foto: Arquivo pessoal)

O estudo desenvolvido pela estudante teve orientação do professor Carlos Henrique Gomes Martins, do Laboratório de Ensaios Antimicrobianos (LEA) e do Instituto de Ciências Biomédicas (Icbim/UFU), e co-orientação de Nagela Bernadelli, biomédica e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas; de Eloisa Ferro, professora do Icbim e diretora de Pós-Graduação da UFU; e de Samuel Teixeira, também professor do Icbim.

Primeiramente, os pesquisadores testaram a toxicidade do produto. Para isso, utilizaram um nematódeo, que é um um animal completo com sistema digestivo, reprodutivo, endócrino e neuromuscular, e que apresenta de 60% e 80% de semelhança genética com humanos.

Após constatarem que o produto não é tóxico, o grupo chegou ao resultado que o rottlerin possui atividade antifúngica, ou seja, dificulta o desenvolvimento dos fungos. Frente à falta de estudos com o produto, a levedura e o nematódeo utilizado, o trabalho dos pesquisadores torna-se totalmente original e constitui-se como um importante avanço no estudo do rottlerin, encorajando novas pesquisas acerca desse tema para que futuramente possa ser comercializada e disponibilizada no mercado como um medicamento.

Conejo participou da terceira edição da FBJC que teve sua Cerimônia de Premiação no dia 26 de junho. A pesquisadora ganhou, junto aos orientadores, o Prêmio de Protagonistas do Progresso Científico e ficou em terceiro lugar na categoria de Ciências Biológicas.

Pesquisadores ganharam credencial para a maior feira de ciência e tecnologia da América Latina. (Foto: Reprodução/FBCJ)

Esse é o segundo ano em que a feira acontece no formato virtual. Mais do que estimular a produção científica no país, o evento possibilita o desenvolvimento de uma rede de jovens cientistas brasileiros. O objetivo é divulgar eventos científicos para estudantes e os projetos para o público geral, conectando jovens cientistas e valorizando seus projetos científicos. Isso acontece por meio de palestras, workshops, atividades culturais e apresentação de projetos com premiações.

Conejo pretende seguir carreira acadêmica na área biológica e fala da importância em ganhar premiações como essa durante o Ensino Médio: “É uma oportunidade única, que vem me enriquecendo bastante intelectualmente e como pessoa também. Ganhar esses prêmios e desenvolver esse meu projeto me mostrou que não tem idade para começar a contribuir para a ciência e melhoria do mundo. E perceber isso me encorajou a desenvolver cada vez mais pesquisas que contribuem para o avanço do mundo”.

Ela é a segunda aluna orientada por Martins e Bernadelli a receber prêmios na FBJC. No ano passado, Maria Eduarda Ferreira ganhou o Prêmio de Excelência em Pesquisa e ficou em segundo lugar na categoria de Ciências Biológicas, além de representar a UFU em feira nos Estados Unidos.

Com o prêmio de Protagonista do Progresso Científico, Conejo e seus orientadores ganharam credencial para participar da Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), que acontece no Rio Grande do Sul e é a maior feira de ciências e tecnologia da América Latina.

Você pode conhecer mais sobre a pesquisa de Noemi através da sua apresentação na FBJC, disponível aqui.

 

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Palavras-chave: iniciação científica Dirpe Propp ensino médio pesquisa Antifúngico Candidíase

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