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Genética e Bioquímica

Pequi sem espinho

Experimento da UFU com espécie do Xingu produz primeiros frutos

Publicado em 21/01/2015 às 14:51 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:13

Os goianos que nos perdoem, mas o pequi da UFU é especial: sem espinho e com muito mais polpa. As mudas plantadas pelo professor Warwick Estevam Kerr na estação experimental da fazenda Água Limpa em 2005 cresceram e, das dez árvores, quatro começaram a dar frutos.

A espécie foi descoberta no Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso. Em 2004, o então prefeito de São José do Xingu, Helio do Carmo da Conceição, contou ao professor Kerr e ao técnico de laboratório Francisco Raimundo da Silva, do Instituto de Genética e Bioquímica (Igeb/UFU), sobre a iguaria de lá.

Kerr e Francisco visitaram o Xingu, com auxílio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e conheceram o pequi sem espinho por intermédio do fruticultor Bdijai Tchucarramae, da aldeia indígena Tchucarramae. Dos 300 pequizeiros (Caryocaraceae) que havia na localidade, um produzia os frutos diferentes.

“Na primeira vez que fomos lá, nós trouxemos sementes, galhos e começamos a fazer a propagação aqui. Plantamos sementes e também descobrimos uma forma de fazer enxertia”, relembra Francisco, saudoso da convivência com o professor Kerr, que hoje está com 93 anos e aposentado. A enxertia é feita na muda de um pequizeiro convencional, chamado de cavalo, quando o seu caule atinge o diâmetro de um lápis, aproximadamente.

“O pequi sem espinho produz em menos tempo e tem uma quantidade enorme de polpa: 35 vezes mais que o pequi convencional. É mais macia, mais adocicada e dá para comer crua”, explica o técnico. A expectativa é de que os estudos iniciados pelo professor Kerr, que já foram tema de tese de doutorado na UFU e publicados na Revista Brasileira de Fruticultura, sejam continuados por outros pesquisadores.

Com o desenvolvimento dos experimentos e a produção de mais mudas, a espécie chegará à comunidade e o pequi sem espinho estará nos pratos da culinária do cerrado. Para alegria dos goianos e dos mineiros.

Pequi sem espinho tem 35 vezes mais polpa que o convencional

No centro do fruto, a castanha sem espinhos

O técnico Francisco Raimundo da Silva cuida dos experimentos

Das dez árvores, quatro estão produzindo

A casca do pequi é aproveitada na alimentação do gado

À esquerda, o caroço do pequi convencional; à direita, o sem espinho

À esquerda, muda do pequi sem espinho; à direita, muda do pequi convencional

Fotos: Milton Santos

Palavras-chave: Pequi sem espinho

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