Publicado em 20/01/2017 às 14:31 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:15
Plantação do arroz biofortificado, localizada em campo experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). (Foto: arquivo pessoal)
No campus da UFU situado em Patos de Minas, a experiência de estágio de Bruna Juber, egressa do curso de Biotecnologia, levou a uma pesquisa sobre o arroz que vem gerando os primeiros resultados. Iniciado no fim de 2015, o estudo busca desenvolver um arroz biofortificado com zinco e é realizado no Campo Experimental de Sertãozinho, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
De modo natural, os vegetais absorvem os nutrientes do solo, mas, em alguns casos, ele pode estar deficiente de elementos nutricionais. A função do adubo, por exemplo, é suprir esse tipo de deficiência. A biofortificação, por sua vez, é uma alternativa para o problema, já que consiste no processo de enriquecer o teor de nutrientes do vegetal.
Nessa pesquisa, que envolve a UFU e Epamig, o objetivo é conseguir um arroz mais rico em zinco. Para isso, a biofortificação foi feita por meio de aplicação foliar, ou seja, o sulfato de zinco era pulverizado diretamente nas folhas das plantações de arroz. De acordo com Maurício Coelho, pesquisador da Epamig envolvido com o estudo, os grãos biofortificados já passaram por análise em laboratório. "Os resultados que nós temos, até agora, mostram que conseguimos aumentar o teor de zinco no arroz, comparado ao que ele tem normalmente, em até cinco vezes", explica.
Motivações para a pesquisa
Bruna Juber tem 22 anos e concluiu sua graduação na UFU no final de 2015, mas pretende continuar atuando na pesquisa. Ela conta que o estímulo para desenvolver esse estudo vem do fato de conseguir enriquecer um alimento muito consumido pela população, de modo geral, com um mineral importante para o funcionamento do organismo humano: o zinco. "O curso de Biotecnologia é exatamente isso: criar novas tecnologias. Dessa maneira, eu consegui não só fazer essas análises de pesquisa, mas também criar um arroz mais nutritivo. Eu me interessei bastante porque é algo acessível à comunidade, não é uma ideia que vai ficar só no papel", conta.
A nutricionista Erika Tassi, docente do curso de Nutrição da UFU, afirma que o zinco é um mineral importante para a dieta alimentar. “Ele é essencial na nutrição humana e para o funcionamento adequado do sistema imunológico. Várias funções bioquímicas dependem do zinco e ele é componente de inúmeras enzimas”, esclarece. Tassi afirma ainda que a deficiência do mineral pode causar prejuízos à saúde, como alterações do sistema imune e danos neuropsicológicos, por exemplo.
O arroz biofortificado passou por diferentes processos de beneficiamento, resultando nos tipos branco e integral. (Foto: arquivo pessoal)
Continuidade e expectativas
De acordo com Maurício Coelho, atualmente, a pesquisa está na etapa de novas avaliações laboratoriais. “[A intenção] é saber se não houve alteração no valor nutricional do arroz e se ele está realmente dentro dos padrões”, afirma. Juber explica que pretendem “ver qual o efeito dessa maior concentração dentro do grão, em termos de atividades de determinadas enzimas, para verificar se isso tem alguma relação com a qualidade do arroz”. Para auxiliar nessa nova etapa, outra aluna da graduação de Biotecnologia da UFU, do campus de Patos de Minas, iniciará o estágio na Epamig para trabalhar em parceria com Coelho e Juber no estudo.
Tendo em vista os resultados já alcançados e os planos de novos passos na pesquisa, Juber tem intenções que incluem, inclusive, a comercialização do arroz biofortificado com zinco. “Nossa expectativa é de que, no início do ano, já tenhamos resultados mais certos e algum artigo mais elaborado para encaminhar à publicação e, talvez, com esses resultados, fazer testes para lançar esse arroz fortificado no mercado”, acredita.
Palavras-chave: campus patos de minas biotecnologia biofortificação pesquisa arroz zinco
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