Publicado em 21/11/2017 às 13:09 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:15
Beirão: "Ao invés de investir na produção de conhecimento no nosso país, o governo brasileiro gasta muito com a importação da tecnologia produzida em outros países." (Foto: Milton Santos)
"Conforme dados de 2014, mais da metade dos produtos que o Brasil exporta são commodities e menos de 7%, produtos de alta tecnologia - basicamente, aviões da Embraer. Um levantamento divulgado em 2010 pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) revelou que, para pagar os custos com a importação de uma tonelada de circuitos integrados, o nosso país precisa exportar cerca de 21,5 mil toneladas de minério de ferro ou mais de 1,7 mil toneladas de soja."
Esses foram alguns dos argumentos apresentados pelo diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), professor Paulo Beirão, na conferência "A agenda da pesquisa, desenvolvimento e inovação em Minas Gerais". A palestra, realizada na manhã desta terça-feira (21/11), marcou o início do VII Simpósio de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico da UFU. O evento prossegue até sexta-feira, dia 24 - confira a programação. Beirão avalia que o grande desafio para os pesquisadores brasileiros é no sentido de conseguir sensibilizar o governo da necessidade de enxergar as áreas de ciência, tecnologia e inovação como eixos estruturantes para o desenvolvimento social.
Pronunciamentos
A conferência de abertura do simpósio foi precedida por uma apresentação cultural da Orquestra Popular do Cerrado (OPC) e pelas falas dos representantes da administração da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), do Instituto Alair Martins (Iamar) e do Núcleo de Empresas Juniores (NEJ/UFU). Em comum entre todas elas, o reconhecimento da importância de eventos como este e da possibilidade de crescimento pessoal, acadêmico e profissional que eles proporcionam aos seus participantes.
"Atualmente, as parcerias com a Fapemig e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) estão nos permitindo a distribuição de aproximadamente 960 bolsas de Iniciação Científica. Estes alunos vão apresentar seus trabalhos nesta semana e selecionaremos entre eles os nossos representantes que irão concorrer ao prêmio de IC do CNPq", informou o diretor de Pesquisa, professor Kleber Del Claro. Ele ministra a palestra “A Iniciação Científica no Ensino Médio” nesta quarta-feira, 22, a partir das 16h, no auditório do Bloco 3Q.
Presidente do NEJ, o acadêmico Guilherme Gomes destacou que o simpósio contribui para a quebra de um antigo paradigma: "Para ser empreendedor não é preciso ter um negócio, e sim querer fazer, saber fazer e efetivamente fazer."
Próxima a discursar, Linda-Mar Peixoto de Souza é de opinião que o momento é o ideal para a discussão sobre os impactos dos desenvolvimentos tecnológicos no mundo do trabalho. "As mudanças são contínuas e os jovens precisam estar preparados para saber ter uma atitude empreendedora neste cenário. A este propósito, deixo o convite para a palestra de João Martins Borges, co-fundador e VP da Dreamshaper. Ele irá apresentar a trajetória daquela empresa na Europa e no Brasil. Será nesta quarta-feira, a partir das 9h, aqui mesmo no auditório do Bloco 5S", recomendou a diretora-presidente do Iamar.
Já o pró-reitor de Graduação, Armindo Quillici Neto, sublinhou a importância dos painéis de IC no despertar do interesse para a pesquisa e na ampliação dos horizontes, fortalecendo as percepções de conhecimentos científicos, culturais e acadêmicos dos jovens estudantes.
Atual titular da Pró-reitoria de Extensão e Cultura, Hélder Eterno da Silveira, optou por passar uma mensagem a respeito do viés político que, a seu ver, as discussões científicas que transcorrerão ao longo desta semana na UFU precisam assumir: "Precisamos debater o país que queremos, pois estamos na iminência do anúncio pelo governo federal de mais cortes para a pesquisa, o que geraria um enorme retrocesso não apenas para quem trabalha com ciência, mas para toda a sociedade. Este evento precisa borbulhar em discussões e gerar provocações aos órgãos de fomento para que sigamos avançando", argumentou.
Ao usar seu tempo ao microfone, o diretor da Agência Intelecto, Thiago Paluma seguiu a mesma linha de Hélder Silveira na crítica aos cortes dos recursos para pesquisas. Ele utilizou uma lição pessoal recebida na época de mestrando para comprovar que a consciência da necessidade de se olhar com carinho para esta área já era comum aos governantes dos países desenvolvidos desde o início do Século XX. "Ao receber o Prêmio Nobel de Química de 1908, Ernest Rutherford disse que a ciência está destinada a desempenhar um papel cada vez mais preponderante na produção industrial e que as nações que deixarem de entender essa lição serão relegadas à posição de nações escravas: cortadoras de lenha e carregadoras de água para os povos mais esclarecidos”, comentou o representante do pró-reitor de pesquisa, Carlos Henrique de Carvalho.
Último a se pronunciar - e, no ato, representando o reitor Valder Steffen -, o pró-reitor de Gestão de Pessoas, Márcio Magno Costa, definiu como "de extrema importância" as temáticas do simpósio: "A Iniciação Científica é fundamental na formação dos acadêmicos, tendo em vista que ajuda a desenvolver neles uma capacidade crítica e reflexiva que é fundamental no mundo atual. Além disso, as críticas que os trabalhos deles receberão aqui serão muito úteis para o crescimento e o amadurecimento como pesquisadores. Já a inovação é imprescindível tanto para as empresas como para toda a sociedade."
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Matéria da TV Universitária sobre o VII Simpósio de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico da UFU
Palavras-chave: inovação tecnologia Agência Intelecto Propp UFU simpósio Fapemig
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