Publicado em 04/04/2018 às 10:08 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:16
Ser aprovado para um curso em uma universidade pública é aspiração de muitas pessoas no Brasil. Após a aprovação, um novo universo de possibilidades se abre. É possível mergulhar no mundo da pesquisa, estabelecer relações com a comunidade por meio da extensão universitária, participar de grupos de estudos, atléticas, projetos culturais, coletivos políticos etc. No entanto, a caminhada pela vida acadêmica tem seus altos e baixos. É na busca de compreender mais profundamente o cenário em que se encontram os estudantes de graduação da universidades federais brasileiras e das unidades do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) e do Rio de Janeiro (Cefet-RJ) que está em andamento a quinta edição da Pesquisa Nacional do Perfil do Graduando.
A pesquisa é gerenciada por uma equipe da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e coordenada pelos professores Leonardo Barbosa e Patrícia Vieira Trópia, vinculados ao Instituto de Ciências Sociais (Incis). “A pesquisa é muito importante porque a universidade só pode responder às reais demandas dos estudantes se ela os conhecer profundamente. Mais do que apenas sexo e idade, tem um conjunto de informações que a universidade precisa”, afirma Trópia.
A fase de coleta dos dados vai até junho de 2018 e nela se busca reunir informações sobre os estudantes que vão desde dados socioeconômicos até questões mais sensíveis, como a saúde mental e emocional. Ainda, cabe destacar que os dados disponibilizados pelos alunos têm seu uso restrito à pesquisa. “Embora ele vá digitar o CPF dele lá, ele não vai ser identificado. A pesquisa é completamente anônima”, completa Trópia. O questionário é simples e para responder todas as questões leva-se, em média, cinco a seis minutos.
Os estudantes levam, em média, de cinco a seis minutos para responderem à pesquisa. (Foto: Milton Santos)
Essa é a maior pesquisa já realizada no Brasil sobre o perfil dos graduandos das universidades federais. Os dados coletados serão tratados e apresentados por meio de um relatório com cinco cadernos temáticos. Além disso, se as universidades tiverem uma participação efetiva, poderão ter o resultado da pesquisa em nível institucional. “Se tivermos uma participação pequena da UFU, a nossa universidade não poderá ser analisada isoladamente do todo”, afirma Trópia. Entre todas as instituições participantes, a UFU está na 13ª posição em relação à porcentagem de alunos respondentes. Esse ranking pode ser acompanhado em tempo real na plataforma on-line da pesquisa.
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Por que participar?
Uma pesquisa como esta, de dimensão nacional, pode parecer algo distante do cotidiano dos estudantes. No entanto, os seus resultados podem ser utilizados para desenvolver projetos e ações pontuais e que afetam diretamente a vida dos graduandos. Desde questões básicas, como implementação e ampliação de moradias estudantis e restaurantes universitários, até construção de complexos esportivos, espaços e equipamentos culturais, creches e muitos outros. Para participar, basta acessar o site da pesquisa e responder ao questionário. É rápido, fácil e pode ajudar a construir uma universidade mais plural, acessível e inclusiva.
Aplicações da pesquisa
Muito além da permanência, a pesquisa é uma rica fonte de dados que podem ter uso prático e científico. É em posse desses dados que a estudante de Ciências Sociais da UFU, Natália Dreossi, desenvolve seu trabalho de conclusão de curso (TCC). “Na pesquisa que faço para o TCC, os dados da pesquisa de perfil são essenciais. Uso eles para testar minhas hipóteses. Fiz um referencial teórico que discute as políticas de ampliação do ensino superior e uso os dados da pesquisa do perfil para ver a efetividade destas políticas. Certamente, o conteúdo da pesquisa do perfil dos graduandos é uma ferramenta importante e poderosa. Muitas vezes discutimos políticas com base em ‘achismos’, e os dados da pesquisa são uma ferramenta legítima para o conhecimento científico, acessível a gestores, pesquisadores, movimento estudantil e comunidade no geral”, afirma Dreossi.
Permanência
No contexto atual, com a consolidação de políticas públicas como as cotas sociais e raciais, a cara da universidade pública mudou rapidamente. Mais estudantes de baixa renda sentam nos bancos destas instituições, e as informações coletadas na pesquisa assumem importância acadêmica, prática e, até mesmo, política. “Se as cotas trouxeram para a universidade estudantes de baixa renda, é preciso pensar em uma política de permanência. A pesquisa nacional de 2014 mostrou que tem pelo menos um terço dos estudantes que vivem com até um salário mínimo per capita. Portanto, se eles tivessem que pagar a universidade, não estariam aqui”, afirma Trópia.
Nesse cenário, a pesquisa é importante para pensar políticas e ações de assistência estudantil e também para fortalecer e ampliar as que já existem, como o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), que tem como finalidade ampliar as condições de permanência dos jovens na educação superior pública federal.
Palavras-chave: perfil do graduando permanência assistência estudantil
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