Pular para o conteúdo principal
Cultura

Jornalistas formados na UFU lançam livro sobre a religiosidade afro-brasileira

Livro 'Epifanias Contra o Desencanto: Candomblé em Crônicas' é o oitavo projeto do coletivo 'A Cabaça'; acesso à versão e-book é gratuito

Publicado em 18/12/2020 às 11:18 - Atualizado em 22/08/2023 às 20:29

Desde 2017, o grupo idealizado por Nasser Pena e Isley Borges, que possui 14 integrantes, atua no desenvolvimento de projetos que contemplam os âmbitos sociais e religiosos. (Foto: Divulgação)

O coletivo “A Cabaça” é um grupo, composto por jornalistas e pesquisadores da cultura afro-brasileira, que desenvolve projetos voltados para o combate ao racismo e à intolerância religiosa. O oitavo projeto do grupo é o livro "Epifanias Contra o Desencanto: Candomblé em Crônicas", que surgiu da vontade dos autores e jornalistas Isley Borges e Nasser Pena, formados na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), de compartilhar e discutir questões referentes à ancestralidade e religiosidade afro-brasileira.

A obra, que une candomblé, literatura e imagem, conta com 13 crônicas e um ensaio teórico escrito por Cristina Ifatoki, que também é responsável por uma das ilustrações do livro. O projeto recebeu financiamento do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) da Prefeitura Municipal de Uberlândia (PMU). É possível acessar no SITE do coletivo todos os projetos e produtos gratuitamente, inclusive o livro recém-lançado, que está disponível no formato E-BOOK. A versão impressa, também disponível, pode ser adquirida nos valores de R$20 e R$35.

Ambos os autores creditam grande parte do processo de pesquisa e desenvolvimento das obras à formação superior que tiveram na UFU. Segundo Pena, ela foi fundamental para o entendimento de quais gênero textual, tema e forma seriam trabalhados em cada projeto. Já Borges afirma que deve à universidade toda a formação intelectual. “Aprendi sobre educomunicação, Estudos Culturais, Teorias da Comunicação, fotografia, audiovisual e literatura, conhecimentos que sustentam o meu exercício cidadão e profissional”, explica.

 

Religião

As religiões afro-brasileiras são aquelas originadas da cultura do continente africano e perpetuadas durante o período de escravidão no Brasil (1550-1888). O candomblé existe há mais de 5 mil anos e se baseia na crença em um ser supremo e nas forças divinas de diferentes orixás. Juntamente com a umbanda, representa 0,3% da população brasileira, conforme levantamento do Censo Demográfico do Brasil de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Borges avalia que é complexo falar sobre cultura afro-brasileira no Brasil, um país hegemonicamente católico. "Lamentavelmente, não há muita brecha para a pluralidade religiosa e notamos muito preconceito e associações negativas. Este desconhecimento sobre os discursos e práticas da cultura e da religiosidade afro-brasileira contribui para a propagação de ideias conservadoras e ignorantes sobre uma cultura ancestral, que forjou o Brasil que conhecemos. Portanto, é importante falar dessa cultura para que as pessoas entendam a sua contribuição para a formação da identidade e do desenvolvimento nacional”, advoga.

Pena destaca que a recepção do público para com os projetos tem sido positiva. Ele acredita que um dos fatores para isso é a vontade das pessoas em conhecer mais sobre a cultura afro-brasileira. “O candomblé e a tradição africana não têm o costume de compartimentalizar as coisas; portanto, a ligação entre a religião, a literatura e a estética são muito naturais”, informa.

Galinha d’Angola é o animal que figura na capa do livro, pelo fato de fazer parte dos rituais da religião. (Arte: Divulgação)

 

Livro

Na produção, a religiosidade afro-brasileira é apresentada como uma possibilidade de reencanto de um mundo repleto de violências, intolerância e individualismo. O título do livro teve como fonte de inspiração os textos “Batalha contra o desencanto: a encrusa como chegada” e “Axé contra o desencanto”. “São os pequenos fragmentos do dia, as situações inusitadas que acendem uma centelha de esperança na coletividade, por meio das práticas religiosas afro-brasileiras”, comenta Pena.

O formato textual escolhido para a obra foi a crônica, um texto curto, que, segundo Pena, permite pensar as grandes questões da existência de forma mais direta. O público-alvo, como nos demais projetos, são todas as pessoas interessadas em conhecer e compreender a cultura afro-brasileira. Borges conclui: “A expectativa é a de que as pessoas possam desconstruir as barreiras geradas pelo racismo, pelo colonialismo e pelos preconceitos e possam conhecer a vasta experiência oferecida pelo conhecimento africano.”

 

Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.

 

>>> Leia também:

Estudantes da UFU lançam livro sobre folhas e religiosidade afro-brasileira

Pesquisa da UFU avaliará impactos sociais do coronavírus em comunidades religiosas

Ainda vivemos em Quilombos?

Palavras-chave: Epifanias Contra o Desencanto: Candomblé em Crônicas Coletivo A Cabaça religiosidade afro-brasileira Crônicas Jornalismo UFU

A11y