A evolução inicial da Covid-19 na microrregião de Uberlândia

Estudo avaliou as características epidemiológicas da Covid-19, em 18 municípios, de 25 de fevereiro a 29 de junho de 2020 (Arte: Viviane Aiko)

Com o intuito de mostrar a evolução inicial do coronavírus na microrregião de Uberlândia, que abrange 18 municípios, pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (Famev/UFU) desenvolveram artigo em colaboração com a Superintendência Regional de Saúde de Uberlândia.

A PESQUISA contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e foi publicada na revista científica MDPI. A proposta do estudo foi avaliar as características epidemiológicas da Covid-19 na região a partir da análise das semanas 9 a 26, correspondentes ao período de 25 de fevereiro a 29 de junho de 2020.

Roberta Melo é professora de Medicina Veterinária na UFU e fez parte do grupo de pesquisadores que publicaram o artigo. Melo explica que a pesquisa buscou encontrar fatores de risco associados à ocorrência e letalidade da Covid-19: “analisamos o envolvimento significativo da idade, da presença de comorbidades, de questões políticas, sociais e o transporte na ocorrência de casos em nossa região”.

Pesquisadoras que desenvolveram o estudo: Deborah Policarpo, Roberta Melo e Eduarda Lourenzatto (acima), e Daise Rossi e Talita Costa (abaixo). Fotos: Arquivo pessoal

Resultados

Durante o período da análise, houve 34.046 notificações, 88,81% delas sendo casos suspeitos não hospitalizados e 3,62% hospitalizados. Para esses 1234 casos suspeitos hospitalizados, 51,62% deles foram homens e 48,38% mulheres, com uma média de idade de 59 anos. No total, 4935 pessoas foram diagnosticadas com Covid-19, sendo que 40 delas morreram.

Os dados mostraram que gênero não foi um fator determinante, já que apresentou porcentagens semelhantes para homens e mulheres nos números analisados. Porém, a idade média de casos confirmados de coronavírus foi de 38 anos e, nos casos de morte, a média foi de 68 anos.

“Nosso estudo mostrou que jovens entre 20 e 49 anos foram os mais acometidos com a doença e os idosos, maiores de 60 anos, os mais acometidos com as formas graves e letais”, esclarece Melo. As principais comorbidades associadas foram cardiopatia, diabetes e obesidade, que representaram um aumento de 33,5 vezes o risco de morte.

Em relação à rota de disseminação do vírus, os resultados mostraram que ocorreu em sentido centrífugo tanto intra quanto intermunicipal, ou seja, do centro para as periferias ou de municípios de grande porte para os de pequeno porte. “A flexibilização precoce implementada pelos decretos municipais ligada às oscilações no comportamento social a respeito do uso de máscara e adoção de medidas de distanciamento favoreceram no aumento das taxas de incidência iniciais”, completa a professora.

Esse estudo epidemiológico específico da microrregião de Uberlândia pode auxiliar na implementação de estratégias mais eficazes para diminuir os casos de coronavírus. Roberta Melo enfatiza a importância da atuação dos médicos veterinários na saúde pública, pois são profissionais que trabalham nas três esferas da saúde única: saúde humana, animal e ambiental.

“As evidências disponíveis até o momento mostram que a Covid-19 é uma doença de origem zoonótica. O patógeno (SARS-CoV-2) sofreu processos de evolução em animais silvestres que o tornaram apto a infectar células humanas, o que deixa claro o papel desse profissional na vigilância de patógenos em animais com potencial epidêmico/pandêmico em humanos”, relata.

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