Publicado em 28/03/2023 às 12:31 - Atualizado em 22/08/2023 às 17:04
Foto: Arquivo pessoal
Quando completou 14 semanas de gestação, Izamara Alves descobriu, durante um exame de ecocardiografia realizado no pré-natal, que precisaria acompanhar o desenvolvimento do bebê em consultas mais frequentes. O coração do pequeno Josafá, que ainda estava na barriga da mãe, apresentava uma alteração que reduzia o fluxo adequado de sangue entre o coração e os pulmões. A partir daí, Izamara passou a ouvir o coração do filho duas vezes por semana durante as consultas realizadas com a equipe de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
O diagnóstico foi feito ainda no pré-natal: Josafá tinha uma estenose pulmonar (estreitamento do vaso que leva sangue do coração para os pulmões) e a gestação foi levada até a 32ª semana. Josafá nasceu prematuro e foi direto para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Depois de muitos exames, realizados pela equipe de cardiologia pediátrica do HC-UFU, com apenas dez dias de vida e pesando 1,2 Kg, Josafá passou por um procedimento cirúrgico raro e minimamente invasivo (por vídeo e sem cortes) que permitiu que a circulação sanguínea fosse normalizada.
Imagens: Divulgação / HC-UFU
O procedimento foi realizado pela equipe do Serviço de Hemodinâmica do HC-UFU, sob o comando do médico cardiologista e responsável técnico, Vilmar José Pereira. Ele explicou que, normalmente, nas cirurgias cardíacas realizadas por vídeo, utilizam-se as veias mais calibrosas (das pernas, por exemplo) para levar os cateteres até o coração. Como Josafá nasceu prematuro, a equipe utilizou a via umbilical e o acesso ao coraçãozinho foi feito por uma veia no umbigo.
“Foi inserido um cateter da veia umbilical até o coração. Esse cateter tem um balãozinho vazio na ponta. Quando chegou lá na válvula do coração que precisava ser tratada, o balãozinho foi insuflado até aumentar de tamanho e abrir o espaço que precisava para o sangue fluir normalmente”, explicou o cardiologista.
O médico Vilmar José Pereira, responsável pelo procedimento, com Josafá. (Montagem com fotos de arquivo pessoal)
Do medo à esperança
Izamara e Anderson, pais do Josafá, são casados há dez anos e há três planejaram aumentar a família. Quando ela engravidou e descobriu que a gestação era de risco a alegria deu lugar à angústia, mas a situação não afetou a esperança da família. “Nós queríamos muito ser pais e nos apegamos à nossa fé. Sabemos que tudo na vida tem um propósito e não desanimamos. Nosso sofrimento era apenas quando pensávamos que ele estava sofrendo e que podia sentir dor”, contou a mãe.
Izamara deu à luz em um domingo, mas só conseguiu conhecer o filho na terça-feira. “Eu estava muito fraca depois da cirurgia e, como ele tinha sido levado para a UTI, só consegui conhecê-lo 48 horas depois do parto. No início foi muito difícil. Só tranquilizei depois que ele operou e ficou estável. Agora somos inseparáveis. Fico aqui o dia todo aqui junto com as enfermeiras cuidando dele”.
Os pais, que contam com o apoio da família e dos amigos, se revezam nos cuidados e aguardam ansiosos pela alta. “Sabemos que ele ainda não tem previsão de alta, mas estamos muito felizes em vê-lo crescendo e ganhando peso. Queremos levá-lo para casa. O quartinho dele já está pronto desde quando eu estava com 27 semanas”, revelou a mãe.
Neste último domingo (26), Josafá completou 1 mês de vida e ganhou roupinha nova. Pai e mãe se reuniram na UTI Neonatal, vestiram o bebê com um conjunto azul e fizeram fotos de família para comemorar o primeiro “mêsversário” (comemoração mensal de aniversário). Veja as fotos abaixo.
Primeiro 'mesversário' de Josafá. (Montagem com fotos de acervo da família)
Evolução
Desde o nascimento, Josafá permanece sob cuidados intensivos na UTI Neonatal recebendo o carinho dos pais. O procedimento cirúrgico no coração foi bem-sucedido e o desenvolvimento do bebê é acompanhado pela equipe multiprofissional composta por fisioterapeutas, nutricionistas, médicos, técnicos em enfermagem, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais.
A equipe médica que acompanha o Josafá é composta, além do cardiologista Vilmar, pela cardiologista pediátrica Lourdes de Fátima Gomes, responsável pelo serviço de cardiopatia congênita do HC-UFU. “A técnica foi um sucesso. Após exames iniciais para avaliar a válvula, pudemos confirmar o êxito do procedimento. É muito gratificante para toda a equipe saber que em uma unidade do Sistema Único de Saúde podemos contribuir com a qualidade de vida de muitos pacientes. Quando se trata de casos raros a responsabilidade e a importância do serviço é ainda maior”, destacou Vilmar.
Sobre a Rede Ebserh
Desde maio de 2018, o HC-UFU faz parte da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao Ministério da Educação (MEC). A Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Essas unidades hospitalares, que pertencem a universidades federais, têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde das regiões em que os hospitais estão inseridos, mas se destacam pela excelência e vocação nos procedimentos de média e alta complexidades.
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Palavras-chave: Hospital de Clínicas HC UFU EBSERH cirurgia cardíaca inovação neonatal saúde bebê
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