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Ciência

Grupo de pesquisa promove mostra sobre Lélia Gonzalez na UFU

Ativista brasileira fez parte do Movimento Negro Unificado

Publicado em 05/05/2023 às 16:29 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:38

Os pôsteres estão expostos na Reitoria, no Campus Santa Mônica. (Fotos: Marco Cavalcanti)

O Grupo de Pesquisa Direito e Realidade Brasileira, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), realiza, até 11 de junho, uma exposição sobre Lélia Gonzalez. Localizada no saguão da Reitoria, no Campus Santa Mônica da UFU, a mostra conta com uma breve biografia da filósofa e antropóloga, bem como suas contribuições para os estudos da Cultura Negra no Brasil. O projeto é feito em parceria com o Núcleo de Estudos Afro Brasileiros (Neab) e com a Diretoria de Estudos e Pesquisas Afrorraciais (Diepafro/UFU).

Segundo Humberto Bersani, professor e coordenador do grupo de pesquisa, a mostra de Lélia se inicia na Reitoria, mas a previsão é de que se estenda para outros locais, inclusive os demais campi da UFU. Posteriormente, os pesquisadores têm intenção de levar a exposição para fora do ambiente universitário e atingir, inclusive, escolas de Ensino Médio e Fundamental.

A ideia do projeto e a sua expansão, para o grupo, configuram uma conquista. “Levar aquilo que a gente tem pesquisado para a sociedade é fantástico, porque na universidade nós ficamos encastelados. É sair da bolha, e foi nesse sentido que iniciei o projeto”, explica Bersani. Mais que isso, significa expor ao público estudos tão importantes quanto são os de Lélia Gonzalez, que fez parte de forma expressiva do Movimento Negro Unificado.

 

A teoria versus a realidade

No Direito, pesquisar sobre a ativista permite colocar em prática, de fato, o que está escrito nas leis. Para Bernardo Dias, estudante de mestrado em Direito e membro do grupo de pesquisa, essa oportunidade “traz esse olhar mais voltado para a realidade, não só aquilo que a gente vê num pedaço de papel; ela traz a realidade como ela é”.

Além disso, a exposição é o exercício, segundo o professor Bersani, da implementação da lei que determina a obrigatoriedade do ensino da história da cultura africana e afro-brasileira no país, a qual não tem amplamente, ainda, o espaço que lhe cabe nas escolas.

 

O grão de areia e o fio de esperança

Ao trazer para os olhos do público uma pesquisadora que sofre com o apagamento dentro de sua própria área, a mostra contribui também para quebrar o paradoxo que se forma a partir disso: o de uma mulher negra que combate o racismo e o machismo e, justamente por conta destes preconceitos, se vê sem o seu devido reconhecimento. 

Bersani avalia que isso acontece devido a uma lógica colonial que ainda está muito presente na produção acadêmica universitária. “As estruturas, inclusive dentro da universidade, nos levam a ignorar autores que partem de outros lugares, que problematizam, que trazem tensões e provocações”, reitera ele.

A solução para isso, portanto, é encontrada em ações como a própria exposição realizada pelo Grupo Direito e Realidade Brasileira. Conforme Dias, “o objetivo da exposição não é uma grande revolução, mas ela é importante, porque a Lélia combate questões que se voltam contra ela; então, o caminho é a gente mostrá-la onde conseguirmos”. E ele completa que esse é o início, é um “grão de areia” na praia do combate, sobretudo, ao racismo.

 

O grupo de pesquisa

O Grupo de Pesquisa Direito e Realidade Brasileira foi formado no final de 2020 e está, desde 2022, se debruçando sobre os estudos de Lélia Gonzalez para idealizar a exposição. Ele tem vínculo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e, atualmente, aceita inscrições para novos membros. A manifestação de interesse deve ser enviada para o e-mail leliadireitoerealidade@gmail.com.

 

Exposição é organizada pelo Grupo Direito e Realidade Brasileira

 

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Palavras-chave: Lélia Gonzalez movimento negro Exposição

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