Publicado em 15/06/2023 às 14:01 - Atualizado em 22/08/2023 às 17:04
Novas máscaras de João do Rio. Foto: Editora O Sexo da Palavra
O livro “Novas máscaras de João do Rio" é fruto da parceria entre o professor Fábio Figueiredo Camargo do Instituto de Letras e Linguística da UFU (ILEEL) e Luiz Morando, Doutor em Literatura Comparada pela UFMG. Disponível para compra desde o dia 12 de junho no site da editora “O Sexo da Palavra”, a obra busca, através da investigação, agrupar 14 textos pouco conhecidos de autoria do jornalista teatrólogo, cronista e tradutor João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, conhecido dentre outros pseudônimos como “João do Rio”.
Por meio de extensa pesquisa na Hemeroteca da Biblioteca Nacional digital, os autores buscam trazer à tona textos de João do Rio presentes em jornais da época e com isso auxiliar na divulgação do cronista. O livro, embora pronto e disponível para venda on-line, ainda não contou com um evento de lançamento.
Ambos os autores já haviam trabalhado juntos, e iniciaram as conversas para elaboração de um livro sobre este tema após o evento "Colóquio sob o signo de João", realizado na UFU em 2021, data que marcava 140 anos de nascimento e um século da morte do jornalista.
Nascido no Rio de Janeiro em 5 de agosto de 1881, João do Rio teve seu primeiro trabalho da carreira publicado no jornal “O Tribunal” em 1899, e em 1903 já pelo jornal “Gazeta de Notícias” adotou o pseudônimo “João do Rio” que viria a ser o mais conhecido. Ele faleceu no dia 23 de junho de 1921, após sofrer um infarto fulminante.
Os trabalhos mais conhecidos de João do Rio têm como palco principal a cidade do Rio de Janeiro, como a série de reportagens “As religiões do Rio”, que abordava as religiões de matriz africana na cidade e posteriormente foram publicadas em forma de livro. Suas crônicas também mostravam as transformações que a metrópole passava na transição para o período republicano do país no início do século XX, e os efeitos disso nas diversas classes sociais da população carioca.
Fábio Figueiredo Camargo e Luiz Morando. Foto: Editora Sexo da Palavra
Dentre os temas que o livro aborda, estão a noite, o circular pelas ruas, um apreço pelo sombrio e por figuras fora do comum da literatura brasileira. Segundo Fábio “Há um interesse literário e também antropológico de conhecer como essas criaturas circulavam e de como o João do Rio dá conta dessas criaturas, desse mundo que não é regular e ordenado que a própria literatura buscou”.
Embora possua uma série de competências e trabalhos publicados dentre crônicas e reportagens, João do Rio sofreu intenso preconceito em vida, sendo impedido de fazer parte do Itamaraty por ser homossexual, mulato e gordo. Esse preconceito também fez com que fosse rejeitado pela Academia Brasileira de Letras duas vezes, sendo aceito somente em sua terceira tentativa. Sobre isso, Fábio ressalta que um dos objetivos de sua obra é pensar a importância do resgate de autores que foram deixados de lado devido sua raça, gênero e orientação sexual.
Luiz comenta que escritores, jornalistas e homens de letras da época, criticavam sua forma de vestir, de falar e de comportar em sociedade, “Sempre demarcavam a questão de raça, e colocavam nas entrelinhas ou de uma maneira muito clara a questão da orientação sexual. Mas ele vai reagindo de modo pouco comum na época, mostrando que é capaz de ascender socialmente, de construir uma trajetória”.
Para o futuro, Luiz e Fábio comentam que não possuem nenhum projeto juntos por enquanto, mas que a experiência foi boa, o que torna possível futuras parcerias.
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Palavras-chave: João do Rio livro
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