Publicado em 31/07/2023 às 14:21 - Atualizado em 22/08/2023 às 17:04
Eduardo Macedo tem 48 anos de profissão, sendo 10 na Diretoria de Comunicação Social da UFU. (Foto: Milton Santos)
Ao entrar na sala, a imagem é a que a equipe da Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) vê há cerca de 10 anos e 2 meses: no canto da sala, com um fone nos ouvidos, o professor Eduardo Macedo de Oliveira olha fixo para o computador. A equipe permanece o chamando de “professor”, mesmo ele não atuando mais na profissão.
Nascido em Uberlândia (MG) em 1961, Eduardo Macedo é reconhecido na cidade como um importante atleta de natação. Porém, sua história com o esporte começa no futebol, em 1969, como o de muitos meninos brasileiros. Logo em seguida, começou a nadar pelo Praia Clube e também pelo Uberlândia Tênis Clube (UTC).
Nessa parte da história, Macedo lembra a relação entre o esporte e a sociedade. “O Uberlândia Tênis Clube cumpriu uma função muito importante de inclusão. Porque, naquela época, clube era coisa rara. Mas o UTC, por ser público, tinha esse mérito”, destaca.
Em entrevista para o UFUCast, o professor ressaltou que as praças de esporte cumpriam uma função social importante de inclusão, já que era a partir delas que a população podia acessar o esporte. Dessa forma, esse local era uma extensão da vida comunitária.
Como um bom professor, ele afirma que a atividade física também tem uma função educativa: “O esporte é um processo educativo por excelência”. Macedo conta que, apesar de ficar afastado da prática entre os 13 e 17 anos, quando retornou às piscinas, alcançou bons resultados.
Foram eles que o fizeram ser indicado para dar aulas no UTC. Mesmo não tendo formação, quando Alberto Martins da Costa passou no concurso da UFU, Macedo foi escolhido para ensinar. “Eu fui um autodidata. Tinha experiência como atleta, mas eu comecei a comprar livros por conta própria de treinamento e de fisiologia esportiva”, acrescenta.
Após cinco anos ensinando o esporte e estudando sozinho, o professor começou seu caminho na academia ao ingressar no curso de Educação Física da UFU em 1986. Macedo afirma que não ficou “preso ao curso”, então aproveitou que precisava de recursos financeiros para fazer todos os estágios possíveis.
Entre eles, foi monitor da disciplina “Prática Esportiva”, obrigatória pelo regime civil-militar para todos os alunos da universidade. Assim, teve a oportunidade de conhecer pessoas de vários cursos, o que o auxiliou na expansão do seu conhecimento.
“Na UFU, eu sempre tive uma abrangência maior, não era só ficar ali no curso. Eu era UFU como um todo. Eu estava como conselheiro, fazia parte do conselho editorial, entrei no sindicato, cheguei até a ser presidente em um determinado período no sindicato. Eu fui representante da Adufu [Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Uberlândia] no Conselho Universitário durante um tempo. O debate era amplo, não ficava restrito [ao curso]”, relata.
Para Macedo, a universidade tem que ser plural. Ao mesmo tempo, os alunos e servidores não podem perder a oportunidade de se integrar nesse ecossistema e participar das vivências como um todo. Após a formatura, fez uma especialização para trabalhar com pessoas com deficiência. Tanto a universidade quanto a cidade de Uberlândia passaram a ser uma referência na inclusão no esporte.
Em 1990, Macedo se torna professor por direito ao passar no concurso da Prefeitura de Uberlândia. Depois, é contratado temporariamente pela UFU e retorna às salas de aula da universidade para ensinar Biomecânica, uma das matérias que mais gostou na época como aluno. Foram três anos nesse cargo.
Durante esse momento, os formandos de Educação Física de julho de 1998 escolheram como nome da turma “Prof. Eduardo Macedo de Oliveira”.
Eduardo Macedo foi professor homenageado e nome de turma na Educação Física. (Foto: Naiara Ashaia)
Como um novo passo na carreira como professor, chegou na Escola de Educação Básica (Eseba) para dar aulas de Educação Física. Ali, também foi vice-diretor. Em 2005, passa a ser chefe de gabinete da Secretaria de Educação, junto ao então secretário Afrânio Freitas.
Nesse período, Macedo colocou em prática sua pesquisa de mestrado em Educação sobre política educacional: “Eu fiquei na docência até 2004. A partir de 2005, embora não atuasse como professor, eu estava numa Secretaria Municipal de Educação falando sobre política”.
Na época, era representante discente e também buscava aulas em outros cursos para aumentar seu leque de informações. “Eu não era aluno do curso de Educação Física, eu era aluno da Universidade [Federal de Uberlândia]”, reconhece.
Entre 2009 e 2012, foi convidado a trabalhar na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura. “Ensino, pesquisa e extensão. Eles fizeram parte da minha trajetória”, constata.
A virada para a comunicação
A comunicação fazia parte de sua rotina desde o começo do século XXI. “Começou de forma interessante. Eu era diretor da Adufu, a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Uberlândia. E teve uma das maiores greves no Brasil em 2001, a que durou mais, que teve mais participação. E aí surgiu a ideia na época: de madrugada, eu já entrava nos principais jornais e pegava tudo de informação da greve e fazia um boletim de forma que, de manhãzinha, todos recebiam”, conta.
Nessa época, surgiu a marca “UFU Link”, um clipping informativo que chegava no e-mail dos colaboradores da universidade. Com isso, foi convidado a integrar a equipe da Dirco em 2013 – à época, dirigida pela professora Maria Clara Tomaz Machado – pelos jornalistas Fabiano Goulart e Renata Neiva. Ela relata que viu em Macedo a oportunidade de ter um “falcão” na equipe. "A pessoa responsável por mapear o que era dito sobre a universidade e proporcionar que a Dirco produzisse matérias únicas", explica Neiva, que é diretora de Comunicação Social da UFU há sete anos. Desde então, todos os dias, o professor reunia as matérias em que a instituição era citada.
Apesar de não estar mais na docência, Macedo considera que esse momento que trabalhou na Diretoria de Comunicação Social também se relacionou com o ensino. Afinal, a cada matéria que encontrou, a informação foi transmitida, e a cada novo edital, mais professores e alunos tiveram a possibilidade de aprender.
Além disso, o contato com os estagiários também possibilitou uma troca entre as gerações. “Para mim, era uma relação de docência mesmo. Eu falo assim: docente, às vezes, aprende mais do que ensina. Aqui, no caso, tinha vários estagiários, cada um se expressava [de forma] diferente; então, você tem vários ensinamentos”, relembra.
O livro 'Nadar é mais!'
Publicado em 2022, o livro “Nadar é mais!” relata a trajetória esportiva e profissional de Eduardo Macedo de Oliveira. O professor aproveitou o isolamento durante a pandemia de covid-19 para escrever sua história junto com um levantamento histórico do esporte uberlandense.
Livro foi o primeiro publicado por Macedo. (Foto: Milton Santos)
Para ele, a forma de escrever é importante. “Saber a forma como escrever, para mim, é como se fosse uma música. Ela tem que ter uma melodia, um ritmo, um equilíbrio”, ressalta.
Sobre o título, na entrevista para os jornalistas Jussara Coelho e Matheus Maia no UFUCast, o professor contou que, além de organizar a Atlética da Educação Física, criou vários projetos: “Eu fiz o projeto do curso [de natação para colaboradores da empresa Martins] e coloquei o nome de ‘Nadar é Mais’. Embora o nome seja ‘Nadar é Mais!’, o livro trata da minha trajetória esportiva e profissional, porque eu trabalhei em outros esportes e fui atleta em outros esportes, como futebol, judô, triatlo”.
Para ele, o livro tem três objetivos: um agradecimento às pessoas que auxiliaram, orientaram e compartilharam informações durante sua carreira; um registro da memória do esporte entre o final da década de 1960 e início da década de 1980; e impulsionar a produção de livros. “Estimular outras pessoas que têm tantas histórias. [Para que] Eles tenham a motivação de escrever sobre a experiência deles”, completa.
Próximos passos
A partir de 1º de agosto de 2023, o professor Eduardo Macedo deixará a sala do bloco 1S, no Campus Santa Mônica, e passará a compor uma nova lista: a dos servidores aposentados. Após 48 anos trabalhando, ele relata que ainda não tinha pensado no que faria quando esse dia chegasse. “A partir do dia primeiro, eu confesso que não sei como é que eu vou me comportar. Eu vou dar um tempo em relação a isso e ver como eu vou me comportar”, planeja.
Relembrando o passado, Macedo pensa em escrever novos livros. A proposta é reunir os textos escritos no "Diário de Uberlândia" na coluna “Ponto de Vista” e lançar uma coletânea. Junto a esses artigos, o professor pretende incluir poesias que já escreveu.
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Palavras-chave: Servidores UFU perfil livro Eduardo Macedo
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