Publicado em 27/10/2023 às 14:55 - Atualizado em 03/11/2023 às 14:51
A Febre Maculosa Brasileira é uma doença infecciosa transmitida pelo carrapato-estrela ou micuim, da espécie Amblyomma sculptum. Apenas pela picada de um carrapato contaminado é que a bactéria Rickettsia rickettsii pode ser propagada aos seres humanos e aos animais. Ou seja, não é passada diretamente de pessoa para pessoa nem pelo contato com animais infectados.
A doença é gerenciada com o uso de antibióticos específicos. No entanto, em humanos, quando não tratada, a patologia consegue ter mais de 80% de letalidade. Na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), essa temática tem sido destaque na área acadêmica e científica; isso porque a aluna Lorena Costa Moreira Santos, do décimo período do curso de Medicina Veterinária da instituição, foi contemplada, em primeiro lugar, com o prêmio "Jovem Pesquisador - Adauto Nunes”, na categoria estudante, pelo melhor resumo científico apresentado.
Intitulado como "Canídeos, carrapatos e riquétsias em um agroecossistema do Brasil Central: Uma perspectiva em saúde única", o projeto foi apresentado pela discente no “XXXI Encontro e XXV Congresso da ABRAVAS”, em Brasília (DF), que ocorreu entre os dias 3 e 6 de outubro deste ano. O evento, de caráter internacional, reuniu grandes nomes para discutirem sobre medicina de animais selvagens.
O trabalho premiado foi desenvolvido na UFU e teve parte produzida durante a pesquisa de iniciação científica voluntária da aluna, em 2020, no Laboratório de Ixodologia da Faculdade de Medicina Veterinária (Famev), sob coordenação do professor Matias Pablo Juan Szabó e da professora Vanessa do Nascimento Ramos.
De acordo com Santos, o objetivo da pesquisa é levantar evidências do fluxo de riquétsias e carrapatos em quatro canídeos: lobo-guará, raposinha-do-campo, cachorro-do-mato e cão doméstico. Sendo estes, animais presentes na interface de um agroecossistema no Sudeste de Goiás, mais precisamente no bioma Cerrado.
Análises e resultados
Santos explica que a importância deste estudo fundamenta-se em “compreender se há circulação de bactérias conhecidas como riquétsias, que causam uma doença letal – a febre maculosa –, em seres humanos, canídeos selvagens e domésticos, em um sistema em que há cada vez mais a aproximação entre seres humanos e animais domésticos com a vida selvagem e vice-versa”.
Assim, foi investigado se os canídeos citados já tiveram contato com a bactéria causadora da doença anteriormente, examinando se os mesmos possuíam anticorpos de memória, por meio do exame de sorologia. Os pesquisadores coletaram os carrapatos presentes nestes animais e identificaram a espécie de acarídeo. Após esta etapa, foi feito um exame que classificou se havia, no carrapato, a presença da bactéria causadora da enfermidade, mediante ao exame de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR).
O principal resultado obtido da pesquisa parte da compreensão de que há uma conexão entre canídeos silvestres, domésticos, carrapatos e riquétsias no agroecossistema estudado. À vista disso, Santos aponta que os seres humanos têm potencial para participar dessa cadeia epidemiológica, por meio das picadas do carrapato-estrela, por exemplo.
Na perspectiva de saúde única, a estudante considera que a “segurança” dos ecossistemas depende da saúde de animais domésticos, silvestres e seres humanos, e o bem-estar de um componente favorece os demais. "Neste contexto, compreender as interações entre esses elementos, como demonstrado neste estudo, é útil na antecipação e controle de cenários de desequilíbrio, como em casos da emergência de doenças zoonóticas de interesse à saúde humana”, alerta a aluna.
Este trabalho, por completo, está sendo realizado desde 2013, como informado por Santos. A pesquisa trabalhou com animais monitorados por rádio-transmissor, concedidos pelo Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado, e contou com a supervisão do coordenador do programa e biólogo, Frederico Gemesio Lemos, e pela bióloga Fernanda Cavalcanti. "Eles fazem um magnífico trabalho de conservação destas espécies”, declara a aluna. Houve, ainda, a assistência dos médicos veterinários do projeto, Caio Motta e Isis Zanini. Em colaboração para o desenvolvimento deste material coletado, fazem parte dos estudos: Vanessa do Nascimento Ramos, Laís Miguel Rezende, Lorena Costa Moreira Santos e Matias Pablo Juan Szabó.
O resumo ainda não está publicado para livre acesso; porém, a estudante conta que pretende divulgá-lo em breve. “Este trabalho sairá nos anais do evento em que foi apresentado e, além disso, futuramente, pode ser que se desdobre em um artigo científico”, comenta.
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Palavras-chave: Febre Maculosa Brasileira Ciência resumo científico Prêmio Jovem Pesquisador - Adauto Nunes XXXI Encontro e XXV Congresso da ABRAVAS Brasília
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