Publicado em 14/11/2023 às 09:35 - Atualizado em 21/11/2023 às 12:52
Prazos, entregas, metas e cobranças. Os ares modernos afetam não só o nosso tempo, mas nossa saúde. Quer um exemplo? Sabe aquele aperto no maxilar em situações estressantes? Ou aquele ranger de dentes ao despertar? Isso se chama bruxismo e é tema de um material informativo resultado da pesquisa de iniciação científica de Lorena dos Santos Costa, realizada em 2019 e orientada pela professora Marila Rezende Azevedo, da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (FOUFU), em integração com a coordenação do professor Alcimar Barbosa Soares, da Faculdade de Engenharia Biomédica (Feelt/UFU).
Segundo Douglas Teixeira da Silva, mestrando na FOUFU e integrante da equipe de elaboração do material informativo, a pesquisa teve como foco os professores da universidade a fim de investigar a presença do transtorno nesses profissionais. A princípio, um questionário sobre a autopercepção do transtorno foi encaminhado para cerca de 1.000 endereços de e-mails de docentes. As estimativas disponíveis no material finalizado correspondem a 86 respostas.
O bruxismo é a atividade rítmica e involuntária dos músculos mastigatórios, o famoso deslizar, ranger ou apertar os dentes, com ou sem toque. O transtorno, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), atinge de 8% a 31% da população. Mesmo recorrente, não há algo que determine o seu aparecimento. No geral, ele pode estar relacionado com o sistema nervoso central ou ligado a fatores hereditários.
Outra razão associada ao seu aparecimento é o estilo de vida e a rotina da pessoa. Estresse, pressão, qualidade do sono, ansiedade ou fatores psicológicos podem ocasionar na manifestação do bruxismo. No Brasil, a pesquisa da OMS indica que até 40% da população é acometida pelo transtorno.
A presença do bruxismo pode ser manifestada de duas maneiras: a síndrome noturna e a de vigília. A forma noturna, mais conhecida e percebida, apresenta sinais como língua marcada nas laterais, dentes fraturados, ranger de dentes, dificuldade na movimentação mandibular e é caracterizada por ocorrer no período de repouso. Já na síndrome de vigília, os sinais são percebidos enquanto a pessoa está acordada e são semelhantes ao noturno, e mostram desgaste nos dentes, tensão, dores ou rigidez nos músculos da cabeça e do pescoço.
Fomentado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o material informativo funciona como cartilha de autopercepção para o bruxismo. Apesar do ponto inicial ser o perfil do docente universitário, o material explora o passo a passo do transtorno, com linguagem acessível a toda a comunidade interna e externa à UFU e está disponível gratuitamente. Elaborado pela professora Marila Rezende Azevedo, como parte de sua pesquisa de doutorado, "Bruxismo do sono/Bruxismo de Vigília" também teve a colaboração dos estudantes Leuma Leão Netta, Bruno Calil e da cirurgiã dentista e egressa UFU, Luana Atayde.
Tratamento
Pode não parecer, mas o bruxismo impacta bastante o cotidiano de seus portadores, e interfere na produtividade e rendimento durante o dia. Cansaço, irritabilidade, dores musculares, cefaleia tensional, insônia e até dificuldade de abrir a boca são indícios recorrentes na maior parte dos casos. Sempre desconfie do toque de dentes sem finalidade.
O tratamento é realizado por meio de diagnóstico profissional odontológico em que podem ser indicados protetores oclusais, aparelhos que modulam a postura da mandíbula, fármacos, terapias comportamentais, higiene do sono e fisioterapia.
De acordo com Silva, a investigação dos sintomas é primordial. “É necessário que se descubra a raiz do problema, seja ela um refluxo ou um fator psicológico. Primeiro, trata-se dos sintomas, para, depois, tratarmos os reflexos do bruxismo no paciente.”
A introdução de hábitos saudáveis e atividades físicas também são precauções que podem ser tomadas durante e após o tratamento. O pesquisador recomenda criar o hábito de evitar o uso de eletrônicos até 30 minutos antes de dormir, ler um livro e fazer atividades relaxantes. A autopercepção é importante para a busca e início de tratamento adequado.
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Palavras-chave: #Ciência Odontologia iniciação científica
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