Publicado em 07/06/2024 às 13:21 - Atualizado em 21/06/2024 às 08:47
O Observatório Vera C. Rubin, construído no Cerro Pachón, Chile, iniciará sua operação em 2026 com o projeto Legacy Survey of Space and Time (LSST). O objetivo é produzir o maior e mais completo mapa do Universo, com 37 bilhões de estrelas e galáxias, ao longo de dez anos. De acordo com o Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA), para que isso aconteça, serão capturadas imagens em alta resolução sobre uma grande área do céu. Em paralelo, será produzido o equivalente a um filme do cosmo, captando explosões e variabilidades de brilho e posições dos objetos.
Cientistas de 28 países colaboram com o projeto LSST. Entre os escolhidos para representar o Brasil, participam da iniciativa pouco mais de 100 pesquisadores, sendo um deles Altair Ramos Gomes Júnior, docente do Instituto de Física da Universidade Federal de Uberlândia (Infis/UFU).
O telescópio montado no observatório Vera C. Rubin conta com a maior câmera digital do mundo, com resolução de 3,2 gigapixels e lente de 1,57 metro de diâmetro. Recém-instalada, a peça é considerada a maior câmera digital projetada para fins astronômicos e promete captar visitantes interestelares que transitam pelo Sistema Solar. A escolha do Atacama para abrigar a estrutura foi pensada para favorecer a observação. O docente da UFU explica que lá o céu é chamado de céu fotométrico, pois possuem poucas nuvens ao longo do ano.
“Todo objeto que ele conseguir observar que se mova de uma imagem para outra, ou de uma noite para outra, vai gerar alertas. E esses alertas vão ser utilizados pelos pesquisadores para correr atrás de novas observações e ver se esse objeto é de interesse para outros estudos”, detalha Gomes Junior.
O pesquisador comenta que a previsão é que a varredura seja feita pelos próximos dez anos, acumulando cerca de 20 petabytes de dados. Tendo em vista que petabyte (PB) é uma das maiores unidades de medição de dados digitais, os resultados serão analisados ainda por vários anos. Dessa forma, a exploração do sistema solar pelos cientistas visa estudar a estrutura da galáxia, sondar a formação e a evolução de estruturas no Universo em função do tempo cósmico e entender a natureza da matéria e energia escura.
“Um resultado que se espera com o LSST é que ele vai aumentar o número de asteroides conhecidos cerca de dez vezes. Hoje, conhecemos na ordem de 1 milhão e, no final desses dez anos, espera-se ter 10 milhões de asteroides conhecidos”, exemplifica o pesquisador. A identificação de asteroides que podem colidir com a terra é um dos interesses dos pesquisadores, visto que isso viabiliza o alerta acerca de um perigo.
Desde 2015, o LIneA tem viabilizado a participação do Brasil nesse projeto, e atualmente trabalha na implantação de um centro de dados, o Independent Data Access Center (IDAC – Brasil), para que dados e imagens fornecidos pelo LSST sejam armazenados. Além disso, irá operar na distribuição do acesso às ferramentas de análise, fornecendo treinamento da comunidade brasileira e colaboração na geração de produtos científicos avançados.
O pesquisador conta com alguns alunos nesse projeto. Para Gomes Júnior, a participação deles viabiliza o trabalho em equipe para analisar as características dos objetos sob alerta. É o caso, por exemplo, de observar se são mais rochosos, ou ferrosos, dentre outras observações.
O telescópio do Vera C. Rubin Observatory ainda não está em pleno funcionamento. Com a recém-chegada da câmera, a previsão é que a partir do final de 2024 ele inicie as atividades. O LSST prevê ainda que sejam elaborados projetos de divulgação científica e materiais didáticos direcionados para crianças e adolescentes, como o ciência cidadã, e algo voltado para a caça de asteroides.
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Palavras-chave: Mapeamento do céu Vera C. Rubin Observatory Astronomia Legacy Survey of Space and Time
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