Engenharia de Agrimensura e Cartográfica como aliada para mitigar riscos em pontes e viadutos

O recente desabamento de uma ponte sobre o Rio Tocantins, no Maranhão, que deixou 11 mortos e seis desaparecidos, e a queda de uma ponte na divisa entre as cidades de Belmiro Braga e Simão Pereira, em Minas Gerais, evidenciam a necessidade urgente de um monitoramento mais eficaz das infraestruturas críticas no Brasil. Nesse contexto, a Engenharia de Agrimensura e Cartográfica (EAC) surge como uma aliada crucial na prevenção de desastres, utilizando tecnologias avançadas para detectar deslocamentos em estruturas antes que colapsem.

O grupo de pesquisa ICGEO - Inteligência Computacional e Controle de Qualidade em Geodésia, sob minha liderança, vem desenvolvendo um software inovador para análise de deslocamentos de pontos geodésicos instalados em estruturas como pontes e viadutos. Baseado no método SeC-UP-Free – Sequential and Combinatorial Geometry-Free Unstable Point Identification, descrito em um recente trabalho acadêmico, o software identifica pontos instáveis por meio de testes estatísticos robustos, que combinam abordagens sequenciais e combinatórias para superar limitações de métodos tradicionais. Essa ferramenta simplifica sua aplicação em diferentes tipos de estruturas.

Tecnologias como monitoramento geodésico de alta precisão, modelagem 3D, e o uso de drones equipados com sensores avançados complementam as inovações no monitoramento estrutural. A análise contínua dos deslocamentos e o uso de métodos como o SeC-UP-Free permitem identificar alterações na geometria de pontes e viadutos, fornecendo informações críticas para ações preventivas.

As tragédias recentes reforçam a importância de integrar soluções tecnológicas à gestão de infraestrutura. O desenvolvimento de ferramentas como o software do ICGEO é um passo essencial para transformar o monitoramento estrutural, tornando-o mais preciso e acessível. Investir em tecnologias como essa não é apenas uma questão técnica, mas uma necessidade para garantir a segurança da população e preservar vidas.

Com um sistema robusto de monitoramento, é possível não apenas mitigar riscos, mas também implementar ações preventivas em áreas vulneráveis. A Engenharia de Agrimensura e Cartográfica tem o potencial de liderar essa transformação, colocando a ciência e a tecnologia a serviço da sociedade.

*Vinicius Francisco Rofatto é docente no Instituto de Geografia, Geociências e Saúde Coletiva.

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