Cursinho 'Tô Passada' divulga edital de vagas para pré-vestibulandos na turma de 2025

O cursinho pré-vestibular “Tô Passada”, ligado à Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Uberlândia (Proexc/UFU), está com vagas abertas para a sua turma de 2025, recebendo inscrições até o próximo dia 19 de fevereiro. As aulas são realizadas de segunda à sexta em período noturno, das 19h30 às 22h30, nas dependências da UFU - ou de forma remota, se necessário. Palestras, mesas-redondas e debates também são promovidos pela organização em alguns sábados, com convidados de diversas áreas. O edital do novo processo seletivo foi disponibilizado no perfil do projeto no Instagram, assim como o formulário de inscrições. 

Voltado para a preparação para o acesso ao ensino superior, principalmente por meio das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), o Tô Passada é destinado para a população LGBTQIA+ de Uberlândia e região, aceitando alunos com idade mínima de 16 anos. De acordo com um levantamento feito pela organização do projeto, foram 174 inscritos para a turma de 2023.

Fernanda Victor, a atual coordenadora, afirma que a finalidade desta iniciativa é possibilitar um ambiente seguro para as pessoas LGBTQIA+, especialmente as que são da comunidade trans. “É um sonho iniciado em 2019, que visa à mudança de vidas através da educação”, completa.

O sonho de entrar na universidade

Até esta terça-feira, dia 4 de fevereiro de 2025, o cursinho já contabiliza 30 alunos ingressantes no ensino superior: 28 conseguiram vagas na Universidade Federal de Uberlândia e os outros dois hoje são discentes na UniCesumar e na Faculdade Uniessa. Robson Gonçalves Júnior, da primeira turma do Tô Passada, foi aprovado via Sistema de Seleção Unificada (Sisu), em maio de 2021, para o curso de Arquitetura e Urbanismo na UFU.

Ele conta que sua mãe viu a divulgação do projeto na televisão e o incentivou a fazer a inscrição. Gonçalves foi cursista do projeto em 2020 e durante alguns meses de 2021, até obter a aprovação no Sisu. Ele frisa que o cursinho não rendeu apenas a sua vaga no ensino superior, mas também amizades que perduram até os dias atuais.

Por fim, o estudante também aponta que o Tô Passada é um espaço de acolhimento e oportunidades. Segundo ele, a dedicação dos professores, junto com esse acolhimento, faz com que os alunos se sintam motivados a aprender e a lutar por um lugar na universidade.

“Foi incrível. Todo mundo nos acolheu com uma afetividade imensa. As aulas eram super interessantes; a atenção dos professores com cada um dos alunos era surreal. Eu me sentia em família. Sempre guardo comigo esse tratamento com a gente. O acolhimento e a dedicação nas aulas sempre foi muito explícito”, finaliza.

Sobre o Tô Passada

“O percurso do ‘Cursinho Tô Passada pré-Enem’ é marcado por uma trajetória que vai além do preparo acadêmico. À medida que avançamos, não apenas transformamos a vida dos estudantes, mas também influenciamos suas famílias, a sociedade e, de forma notável, a própria configuração da universidade pública”, conta o documento oficial da história do projeto. E a cada experiência vivenciada nele, o relato é de que essa transformação se mantém.

O cursinho surgiu em 2019, no curso de História da UFU, com a missão de ampliar o acesso ao ensino superior para a comunidade LGBTQIA+ de baixa renda de Uberlândia. Thiago Destro, docente de História e um dos participantes na fundação do Tô Passada, conta que foi coordenador do projeto por dois anos, mas teve que se afastar por demandas pessoais de estudo e trabalho. Agora, está retornando para ser professor.

“O Tô Passada é um projeto que me trouxe muita satisfação como professor. É um espaço de livre discussão de ideias, um local onde acompanhamos o crescimento e o sucesso de pessoas que, muitas vezes, não consideravam a UFU - e o ensino superior, no geral - como um espaço possível e acessível”, destaca.

Destro também reafirma que o projeto é um espaço de acolhimento e pertencimento para a comunidade LGBTQIA+ da cidade. “Um projeto como esse busca incentivar a retomada e a continuidade dos estudos dessas pessoas, em especial das pessoas trans, que são um dos grupos mais marginalizados. No cursinho, a maior parte da equipe também é composta por pessoas LGBTQIA+; então, os participantes se identificam e se sentem mais confortáveis em estudar num ambiente que os entende e no qual eles podem se expressar livremente”, aponta.

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