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Parceria

Depois de 28 anos de espera, assentados recebem o título de propriedade

Grupo da Universidade Federal de Uberlândia foi responsável pelo trabalho de georreferenciamento da área, localizada no Assentamento Rio das Pedras

Por: Eliane Moreira
Publicado em 14/04/2025 às 11:21 - Atualizado em 25/04/2025 às 08:35

Evento de entrega dos 'termos de posse' ocorreu no dia 12 de abril. (Fotos: Milton Santos)

 

“Uma imagem vale mais que palavras”. Depois de 28 anos de espera, seu Benedito Dantas de Oliveira, de 82 anos, e dona Zélia Abadia da Silva Oliveira, 79, receberam o tão sonhado Título de Domínio Propriedade, ao lado de outras 63 famílias. “É uma vitória; há muito tempo esperando”, comemorou a senhora, com o documento na mão. Eles estão entre os primeiros moradores daquela área, tendo ali chegado em 14 de abril de 1997. A solenidade de entrega dos títulos aconteceu na sede da Associação de Moradores do Assentamento Rio das Pedras, na manhã do último sábado, dia 12 de abril.

 

Homem de chapéu e mulher com cabelo grisalho exibem documento
Casal exibe o documento

 

Com o título em mãos, os moradores poderão, agora, ir em busca de investimento, custeio e crédito para suas propriedades, que já são referência na agricultura familiar, sobretudo na produção de tomate, hortaliças, peixe, queijaria e pecuária na região. Presidente da Associação dos Produtores e Familiares do Rio das Pedras, Gilvani Vinhais, resume: "Receber este título é tudo, fico até emocionado. Muitas pessoas eram para estar aqui com a gente, mas, infelizmente, não tiveram como esperar e já foram embora”. De acordo com Vinhais, o apoio da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) foi fundamental para a obtenção dos títulos das propriedades da área.

 

Homem de boné e camisa azul, com expressão sorridente
Gilvani Vinhais, presidente da Associação dos Produtores e Familiares do Rio das Pedras

 

Superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Minas Gerais, Neila Maria Afonso se diz muito alegre com o evento: “É um momento muito esperado pelos assentados e, para nós, do Incra, é uma espécie quase de coroamento do trabalho, realizado ao longo de mais de duas décadas. A reforma agrária aqui deu certo e nós estamos entregando as propriedades para os assentados.”

 

Mulher em pé, segurando um microfone com as duas mãos e falando
Superintendente do Incra em Minas Gerais, Neila Maria Afonso

 

Seu Lourival Soares da Silva tem 77 anos e declara que, quando chegou ao assentamento “era tudo arrasado, sem ninguém tomando conta" e que "hoje, ter certeza de que 89 famílias vivem daqui, é muita felicidade; não tem palavras”. O agricultor explica que produz "de tudo um pouquinho: mandioca, milho, arroz, fava, feijão; não compro carne, não compro ovo, tudo é do meu lote; eu vivo de um lote". Orgulhoso da sua trajetória, diz: "Nunca trabalhei para ninguém e nunca coloquei um empregado. É a prova de que a terra, se for livre, compartilhada para todo mundo, vai ter uma mudança total!”

O título de domínio, depois de registrado em cartório, se torna a escritura definitiva para a família que o recebe. Cada uma recebeu cerca de 16 hectares de terra, de uma área total de 1.916 hectares.

 

Homem idoso, usando boné vermelho com o nome do presidente Lula, discursa
Lourival Soares da Silva, assentado

 

Trabalho da UFU em conjunto com o Incra

A universidade desenvolveu um trabalho fundamental no assentamento. De acordo com Claudionor Ribeiro da Silva, que é docente do Instituto de Geografia, Geociências e Saúde Coletiva (Igesc/UFU), o georreferenciamento foi um projeto realizado pela empresa júnior do curso de Geografia, a Terra Consultoria.

Participaram do projeto 10 estudantes do curso de Geografia. “Eu estava como tutor da empresa. Algo muito importante para a universidade, a extensão, onde os alunos participam, se envolvem com o projeto e o produto que foi entregue. [Este trabalho] permitiu esta festividade de hoje aqui, onde todos receberam a titulação e as posses de suas terras”, reforça o professor. 

Ainda de acordo com ele, o georreferenciamento é a medição das terras, permitindo que não ocorra mais sobreposição das áreas envolvidas. Isso é exigido nos cartórios: “A liberação de títulos e posses necessita desse trabalho que foi executado pelo grupo da UFU, durante quase três anos. Sem contingente, o Incra firmou parceria com a nossa universidade."

  

Homem de camisa azul, em pé, falando ao microfone
Professor Claudionor Ribeiro da Silva

 

Finalizando, a superintendente do Incra ressalta que a cooperação das instituições de ensino superior, sobretudo as públicas, é muito importante para o órgão tanto em Uberlândia, quanto em Minas Gerais e no Brasil inteiro. As ações vão desde a orientação ao assentado e o suporte no sentido da organização para produção, cooperativas e georreferenciamento.

“A Universidade Federal de Uberlândia realiza um trabalho muito grande com o apoio que ela nos dá, por meio das feiras, orientações e capacitações. Esta parceria é fundamental para viabilizar a política pública da reforma agrária”, destaca Neila Maria Afonso.

Confira, abaixo, mais fotos do evento:

 

 

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Palavras-chave: georreferenciamento termo de posse assentamento Rio das Pedras Igesc

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