Educação contábil no YouTube rende prêmio a pesquisa da UFU em evento internacional

Com o crescimento do ensino por plataformas digitais, os pesquisadores Bruno Souza e Gilberto Miranda, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), investigaram como os conceitos de contabilidade têm sido ensinados no YouTube. No estudo, foram analisados 108 vídeos em português e identificada a presença de misconceptions, concepções equivocadas ou incompletas que podem dificultar o aprendizado, em 35%. O artigo produzido a partir da pesquisa foi reconhecido como o melhor da área no 25º USP International Conference on Accounting, um dos principais eventos da área.

Ao perceber o grande volume de conteúdos disponíveis e uso frequente da plataforma por estudantes como complemento dos estudos, Bruno Souza, doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis da UFU (PPGCC/UFU), decidiu investigar o fenômeno. “A importância do tema está em compreender que, embora essas plataformas possam ampliar o acesso ao conhecimento, também existe o risco de transmitir informações equivocadas ou superficiais, que podem impactar a aprendizagem. É algo que precisa ser discutido e investigado, tanto para quem produz quanto para quem consome esse conteúdo”, afirma Souza.

A análise envolveu os sete conceitos fundamentais da contabilidade: ativo, passivo, patrimônio líquido, receita, despesa, regime de competência e regime de caixa. “São conceitos básicos que o estudante já tem contato logo no início do curso, por isso sua relevância. Encontramos misconceptions sobre todos eles”, explica o pesquisador. O estudo identificou que a maioria dos vídeos disponíveis eram produzidos por professores, porém, geralmente, não havia informações claras sobre formação, experiência ou área de atuação. 

Para lidar com a dinâmica do YouTube e evitar vieses na seleção, os pesquisadores desenvolveram estratégias específicas. “Colocamos a palavra contabilidade junto do conceito, por exemplo, “ativo contabilidade”, para garantir que os vídeos encontrados estivessem no contexto contábil. Como o YouTube tem rolagem infinita, definimos um limite de pegar os 30 primeiros vídeos para cada um dos sete termos pesquisados”, expõe Souza. Ao reunir os 210 vídeos iniciais, apenas os que explicavam um dos sete conceitos foi mantido, totalizando 108 vídeos. 

“Uma característica comum desses vídeos é a superficialidade do conteúdo ensinado, não há muito aprofundamento. Para os estudantes, uma dica é não se basear apenas em um único vídeo para aprender um conceito”, destaca o pesquisador. A pesquisa concluiu que, embora os vídeos sejam ferramentas úteis, eles precisam ser melhor trabalhados para proporcionar um estudo mais aprofundado, a fim de minimizar as misconceptions.

O artigo resultante da pesquisa, intitulado como "Misconceptions em vídeos que ensinam conceitos contábeis no YouTube”, foi premiado na categoria Melhor Artigo de Educação Contábil no 25º USP International Conference on Accounting, realizado nos dias 23, 24 e 25 de julho de 2025. “Isso mostra que fizemos uma contribuição muito importante para a área e para a sociedade, o que é algo de muito valor para pesquisadores que se empenham em avançar cada vez mais no conhecimento científico”, afirma o doutorando. 

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