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Meio Ambiente

Economia circular: do cotidiano à inovação

Entre fazendas, oficinas e laboratórios, a economia circular conecta saberes tradicionais e inovação para repensar nossa forma de produzir e consumir.

Publicado em 08/09/2025 às 11:15 - Atualizado em 13/09/2025 às 15:15

Imagem: Arquivo Pessoal

Sabia que você pratica economia circular sem perceber? Quando compra no mercadinho da esquina e valoriza a economia local, leva o sapato ao sapateiro ou pede para a costureira do bairro confeccionar uma roupa sob medida, está ajudando a prolongar a vida útil de produtos e fortalecendo pequenas economias locais. Economia circular vai além da reciclagem: envolve planejamento para reaproveitar matérias-primas, reparar objetos, dar novos usos a móveis e valorizar práticas que reduzem o desperdício.

Essa percepção foi vivida de perto pelo economista Lourenço Galvão, egresso do mestrado em Economia da UFU. Ele conta que, ao explicar para o pai o conceito de reutilizar e reaproveitar, recebeu uma resposta que o marcou: “Isso não é novo, é o que a gente já fazia na fazenda. Só íamos à cidade para comprar sal. O resto era consertado ou reaproveitado”. Para Lourenço, a economia circular é, na verdade, uma forma mais eficiente de organizar nossas atividades humanas, em oposição ao modelo linear de extrair, produzir, consumir e descartar.

 

Imagem do professor palestrando em evento
Do campo às cidades, a economia circular resgata práticas antigas para os desafios de hoje. Foto: Arquivo Pessoal

A trajetória dele mostra como esse conceito ganha novas dimensões em diferentes contextos. Após deparar com o cenário de não ter investimento e pensamento ativo em adotar essa prática no Brasil, ele se aprofundou no tema na Dinamarca, onde políticas públicas já incentivavam o modelo circular. Mais tarde, no Quênia, presenciou como a escassez de recursos tornava o reaproveitamento uma necessidade vital. “Foi ali que aprendi o verdadeiro valor da eficiência no uso dos materiais”, afirma.

Essa reflexão também dialoga com os estudos da professora Viviane dos Guimarães, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design da UFU (FAUED-UFU). Ela pesquisa design estratégico aliado à sustentabilidade e destaca que o design é peça-chave no processo de repensar o consumo. “Quando falamos em design, não se trata apenas de estética, mas de todo o processo de concepção. O olhar sistêmico é essencial para pensar como cada etapa pode ser mais sustentável”, explica.

 

Imagem dos estudantes e professoras
Design não é só estética: é pensar sustentabilidade em cada etapa do processo. Foto: arquivo pessoal

Um exemplo disso é o projeto que está ainda em fase inicial de desenvolvimento em parceria com o Ibama, em que vai consistir em  transformar os resíduos do resto de madeira em brinquedos pedagógicos para escolas públicas, e serão produzidos por detentos em processo de ressocialização. Para Viviane, essa experiência evidencia que a economia circular pode unir impacto ambiental positivo e transformação social.

No entanto, a professora alerta para os desafios da implementação em larga escala: “Tudo precisa funcionar como um relógio. Se uma etapa falha, compromete-se o sistema inteiro. Já vimos iniciativas que não se sustentaram por dificuldades de articulação entre empresas, cooperativas e instituições”.

 

Alunos durante atitividades no Galpão
Economia circular no design significa fechar ciclos e prolongar a vida dos produtos. Foto: arquivo pessoal

Apesar dos obstáculos, tanto Lourenço quanto Viviane defendem que a economia circular precisa ser compreendida como algo maior que a reciclagem. A prioridade deve estar no reparo, no reuso e na extensão da vida útil dos produtos. “Móveis modulares, que podem se adaptar a diferentes espaços, são um bom exemplo de como o design pode reduzir desperdícios e ampliar a durabilidade”, acrescenta Viviane.

No fim, a economia circular é também um resgate cultural. Como lembra Lourenço, trata-se de práticas antigas, adaptadas a novas necessidades: “No fundo, não é algo novo. O desafio é reaprender a aplicar esse princípio em escala global e de forma articulada”.

 

 

 

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Palavras-chave: economia circular

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