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INOVAÇÃO

Nova forma de transmissão de dados sem fio propõe conexão estável com baixo consumo de energia

O estudo, liderado pela UFU, desenvolveu uma modulação capaz de alcançar melhor desempenho entre as técnicas de comunicação binárias conhecidas

Publicado em 17/09/2025 às 16:09 - Atualizado em 22/09/2025 às 17:54

Ao viabilizar equipamentos econômicos e simples, a OODN pode estimular a inclusão digital em áreas isoladas. (Foto: arquivo pessoal - André dos Anjos)

 

Pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) desenvolveram uma nova maneira de transmitir dados sem fio utilizando ruído digital e ausência de sinal para reduzir o consumo de energia e simplificar o receptor de sinal. A técnica aplicada, a On-Off Digital Noise (OODN), permite que a comunicação seja mais acessível em condições extremamente adversas, como em regiões remotas.

A OODN permite utilizar o ruído como um recurso útil e eficiente para comunicação. “A grande vantagem é que, enquanto nas técnicas convencionais o excesso de ruído na recepção inviabiliza a detecção da informação, na OODN o ruído faz parte do próprio sinal transmitido”, afirma o coordenador do departamento de Telecomunicações da UFU Patos de Minas, André dos Anjos. 

No modelo proposto, o bit 1 é representado por ruído digital sintético, enquanto o bit 0 corresponde ao silêncio absoluto, ou seja, ausência de sinal. “Na prática, a OODN coloca a simplicidade em primeiro lugar”, destaca Anjos. Essa lógica simplifica o funcionamento do receptor, que não precisa recuperar sincronismo de fase ou frequência, como acontece em técnicas tradicionais. 

A nova modulação reduz barreiras de acesso e permite ampliar a conectividade de longa distância. O estudo, realizado em colaboração com o docente da Universidade de Brasília (UNB) Hugerles Silva, foi publicado na revista IEEE Wireless - Communications Letters, e teve sua patente solicitada ao Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (Inpi). 

 

Inovação em tecnologia acessível

A possibilidade de uma conectividade confiável e duradoura é um dos diferenciais da OODN. “Ela permite ajustar a comunicação de forma intuitiva para economizar energia quando as condições estão favoráveis e para ganhar segurança quando o sinal recebido está mais fraco, sem complicar o aparelho”, explica Anjos, que também é docente no curso de Engenharia Eletrônica e de Telecomunicações da UFU. A tecnologia desenvolvida permite que os equipamentos receptores tenham menor custo de fabricação e manutenção.

 

Diagrama OODN
De acordo com André dos Anjos, a OODN permite a mensagem original ser reconstruída com um equipamento simples, baseado apenas em medir a variação do sinal recebido. (Imagem: André dos Anjos)

 

Apesar da alta velocidade não ser a prioridade da OODN, a técnica pode ser empregada em diferentes cenários na aplicação em sensores remotos, dispositivos de internet e sistemas que tenham limitações de sinal. “Embora não tenha sido criada para competir em velocidade com as tecnologias de internet, ela pode ajudar a levar conectividade básica e estável a áreas rurais e remotas, complementando outras soluções e contribuindo para reduzir desigualdades no acesso”, ressalta o professor.

O novo modelo carrega a capacidade de expandir os caminhos de pesquisa e desenvolvimento no campo das telecomunicações. “Ao reduzir barreiras de preço e de consumo de energia, a OODN amplia o acesso à conectividade de longa distância com baixa taxa de dados e, em vez de perseguir recordes de velocidade, entrega o que importa no mundo real: alcance, confiabilidade e autonomia”, descreve o professor da UFU. Ao oferecer uma alternativa em conexões a longa distância, o trabalho avança na inclusão digital.

Além dos docentes envolvidos, a tecnologia desenvolvida contou com a participação de alunos de graduação e pós-graduação da UFU do campus Patos de Minas. “Mais do que um artigo, a OODN cria uma vitrine de inovação aplicada que conecta pesquisa, ensino e desenvolvimento regional. O estudo posiciona a unidade como referência e amplia oportunidades para alunos em iniciação científica, TCC, mestrado, doutorado e projetos de laboratório”, afirma Anjos. A pesquisa foi parcialmente financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) no âmbito do projeto Rede de Pesquisa Mineira em 5G e 6G.

 

 

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Palavras-chave: telecomunicações OODN Engenharia Eletrônica e de Telecomunicações

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