Publicado em 02/12/2025 às 09:08 - Atualizado em 02/12/2025 às 11:56
A Tucano Aerodesign, projeto de extensão do curso de Engenharia Aeronáutica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), participou da 27ª Society of Automotive Engineers (SAE) Brasil Aerodesign. A competição ocorreu de 30 de outubro a 2 de novembro em São José dos Campos, São Paulo, e foi disputada por equipes universitárias de todo o país para montagem de aeronaves cargueiras. Em 2025, os uberlandenses conquistaram o 3º lugar na categoria micro e 8º lugar na categoria regular.
A 27ª SAE incluiu três categorias de disputa entre universidades nacionais e estrangeiras: advanced, regular e micro. Das três, a Tucano participou das duas últimas. Na modalidade regular foram 56 equipes inscritas, enquanto na micro foram 20. A competição se divide em duas etapas, a primeira é de relatórios de projeto, que inclui análises de apresentações orais e relatórios técnicos. Nesse sentido, a Tucano ficou em 10º lugar na classe regular e 8º na micro.
O destaque maior dos uberlandenses foi na segunda etapa, a de vôos. Com o destaque nessa parte da competição, a equipe conquistou o bronze na categoria de menor porte, depois de anos sem disputar com esse modelo, e a 8º posição na outra modalidade. Além disso, a Tucano recebeu a menção honrosa de maior número de vôos da 27ª SAE Brasil Aerodesign.
Todos os vôos pedidos para cada categoria foram realizados sem problemas. Como explica o professor orientador do projeto, Higor Silva: “Retornamos com as aeronaves íntegras, sem quedas ou danos estruturais. Esse desempenho demonstra a maturidade, robustez e confiabilidade do projeto”. A equipe também já foi destaque nesta mesma competição em outros anos.
Em 2014 e 2015 foram vice-campeões da categoria micro. O 3º lugar desse ano também não é o inédito, a Tucano já havia conquistado a mesma posição em 2011. Na modalidade regular, foram dois vice-campeonatos (2005 e 2006) e um grito de campeão em 2010. Já na competição internacional SAE East, que reúne equipes de todo o ocidente, os uberlandenses já foram ouro da carga paga (2006) e ficaram em 2º lugar (2006) e em 3º lugar (2011) no regular.
Montagem e dificuldades
Durante a montagem das aeronaves para a competição deste ano, os membros da Tucano se dividiram em áreas diversas que se uniam para formar os aviões. Estudante de Engenharia Aeronáutica e capitão da equipe, Mateus Braun, destacou o processo de montagem: “Podemos ver a confecção de uma aeronave, desde a sua idealização, construção dos componentes de forma separada (como asa, fuselagem, trem de pouso, entre outros), até sua integração e produto final”.
Os produtos finais também passaram por fases não tão finais. Durante o ano todo, a equipe produziu vários protótipos de teste para verificar o funcionamento das partes da aeronave. Braun relatou que a importância deste movimento para completar o maior número de vôos da 27ª SAE. “Isso nos permitiu corrigir erros de projeto, melhorando cada detalhe em busca de uma aeronave otimizada e competitiva. O resultado foi uma aeronave que não apenas voava, mas que voava com constância, segurança, e fidedigna aos nossos cálculos”.
Outro ponto importante para a equipe foi a volta à classe micro depois de alguns anos sem participação. O motivo do retorno foi para poder capacitar novos membros com a fabricação de uma aeronave de menor porte. Para Braun, a relevância desses pontos também trouxe dificuldades que a equipe precisou enfrentar: “O maior desafio, contudo, foi o gerenciamento de tempo. A solução foi o consenso coletivo, organizamos os horários de forma rigorosa e, muitas vezes, recorremos a madrugadas e amanheceres na oficina. Foi um sacrifício consciente da equipe”.
Para o professor responsável, Silva, outro problema foi mais relevante: “O principal desafio foi atender simultaneamente aos requisitos do regulamento, às restrições geométricas e ao limite de potência do motor. Equilibrar desempenho, segurança e custo é sempre um desafio enorme”. O orçamento para a produção dos aviões e demais necessidades financeiras afeta o projeto ininterruptamente.
A forma que a Tucano consegue manter seu funcionamento é com patrocinadores, ações e investimento pessoal dos membros, vendas de produtos e apoio da Faculdade de Engenharia Mecânica (Femec) da UFU. Mesmo assim, o desempenho ainda é afetado pela dificuldade, o que não impede o projeto de alcançar posições de destaque nacionalmente. “A competição exige transportar o maior peso possível com uma aeronave estruturalmente muito leve. Isso demanda materiais leves e resistentes, mas o orçamento limitado frequentemente nos força a optar por alternativas mais pesadas devido ao custo, o que reduz nossa competitividade”, conta Silva.
Apesar das dificuldades, toda a equipe Tucano continua angariando fundos para manter o projeto com a maior qualidade possível, é o que conta Braun: “Nossos recursos sempre foram escassos, mas a vontade de desenvolver um bom projeto era abundante então, não faltaram esforços da equipe em busca de recursos”. E Silva concorda, “por isso, buscamos ampliar o apoio institucional da UFU e estabelecer novas parcerias com empresas”.
Futuro
A equipe projeta anos com desempenhos ainda melhores para a sequência do projeto. A Tucano está com o processo seletivo em andamento neste momento. As vagas, quando abertas, não são apenas para estudantes que participam diretamente da montagem do avião. O último processo, por exemplo, aceitava estudantes de todas as áreas.
O destaque continua sendo a montagem das aeronaves nas suas diversas funções que vão da estrutura à softwares. Para Braun, a experiência prática é essencial: “A Tucano é a única parte da universidade onde nós podemos colocar em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula”. O professor Silva dá maior destaque para a Engenharia Aeronáutica, mas o pensamento é o mesmo: “Eu sempre digo que o aerodesign é a melhor atividade de extensão na formação de um aluno de engenharia aeronáutica”.
Para o próximo ano, a gestão está em processo de renovação e também se prepara para receber e auxiliar os novos membros. O principal objetivo durante a passagem de bastão é garantir que o conhecimento gerado com os membros veteranos siga retido pela equipe.
Além disso, Silva mantém o olhar com grandes perspectivas para evoluir a equipe em todos os setores possíveis: “Buscamos aprimorar nossos processos internos: gestão do conhecimento, otimização de recursos, qualidade das análises de engenharia, padronização de ensaios e documentação. Cada ciclo bem-sucedido fortalece a base para projetos ainda melhores”.
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Palavras-chave: Aeronave Equipe Tucano Femec SAE Brasil
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