Publicado em 08/11/2019 às 10:32 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56
Pesquisador da UFU aponta que há uma condição multicausal que afasta os homens das ações de prevenção à saúde. (Foto: Milton Santos)
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimou, para 2018 e 2019, no Brasil, a ocorrência de 604 mil novos caso de câncer. Dentre os tipos mais frequentes, o de próstata aparece com previsão de mais de 68 mil novos casos por ano, sendo o câncer que mais acomete os homens brasileiros. Por isso, a campanha Novembro Azul surge para mobilizar a sociedade visando à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de próstata.
Arte: Anna Cauhy
Além disso, o movimento também propõe a reflexão sobre a saúde do homem. Tabus como os de que “homem não fica doente”, “adoecer é fraqueza” e “homem é forte” precisam ser quebrados (conforme alerta o Inca em um dos seus vídeos).
Para compreender quais os fatores que levam o homem a não procurar por serviços de cuidados preventivos em saúde, o enfermeiro Marcelo Firmino, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HCU/UFU), desenvolveu uma pesquisa sobre a promoção à saúde do homem, no Programa de Pós-Graduação em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, do Instituto de Geografia (PPGat/IG) da UFU .
O estudo, orientado pela professora Gerusa Gonçalves Moura, ocorreu no bairro Morada Nova, em Uberlândia/MG, e no Quilombo Kalunga Mimoso, sediado no território de Arraias, no estado de Tocantins. Em Uberlândia, foram entrevistados 100 homens, enquanto que, no Quilombo, participaram 29.
Firmino aponta que há uma condição multicausal que afasta os homens das ações de prevenção à saúde. Dentre elas, ele destaca a cultura do negligenciamento da saúde pelo homem, o sentimento de invulnerabilidade, a busca por serviços de saúde apenas para alívio de sintomas já instalados e horários não acessíveis para serviços de promoção à saúde.
No estudo, foi constatado que apenas 20% dos entrevistados tinham conhecimento sobre a existência de alguma atividade direcionada aos homens em Uberlândia e, quando indagados se participariam de alguma dessas atividades, 84% responderam que não poderiam.
Em 2009, foi instituída no Brasil, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (Pnaish), que tem como diretriz principal a integralidade da atenção à saúde da população masculina. Assim, as unidades de saúde têm buscado promover atividades voltadas para esse público.
No entanto, o pesquisador diz que é necessário ir além e criar uma cultura de educação em saúde com essa população. Como sugestão, ele cita que os profissionais de saúde podem ir aos locais que o homem já frequenta, como feiras de carro, eventos nos bairros, quadras de esportes e aproveitar esses ambientes para promover ações em saúde.
Palavras-chave: Ciência novembro azul câncer de próstata saúde do homem
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