Publicado em 26/02/2016 às 00:56 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:14
Como ocorre no início de todo semestre letivo, o combate ao trote é uma preocupação da comunidade acadêmica da UFU. A prática é proibida na instituição desde 1993, quando o Conselho Universitário aprovou a resolução 15/93. A punição para quem infringir a norma é de suspensão. A resolução prevê ainda o desligamento do aluno infrator caso haja reincidência.
No entanto, como observa a pró-reitora de Graduação da UFU, Marisa Lomônaco, já não são realizados trotes no interior da universidade. "Mas nós entendemos, e queremos que eles e a população entendam, que o limite para nós não termina com os muros. Termina na área de abrangência da instituição. Nossos estudantes na rua, com o nome da instituição, estão também nos nossos limites. A nossa preocupação é expandir essa compreensão de limite para a cidade", revela. A intenção é convencer a Câmara Municipal a aprovar uma lei que proíba os trotes na cidade.
A psicóloga Leiliane Gebrim, da Divisão de Assistência ao Estudante da UFU (Diase), afirma que, apesar de a universidade cumprir seu papel para com o desenvolvimento social, ainda carrega uma dívida histórica tanto no que se refere à problematização quanto à prevenção dos trotes violentos.
"É importante que todos nós, enquanto educadores, assumamos mais essa responsabilidade, que é discutir esse assunto com os estudantes, ajudando a desenvolver uma conscientização sobre esses atos, tidos como brincadeiras por muitos, mas que escondem violações aos direitos humanos", argumenta Gebrim.
A pró-reitora de Graduação da UFU, Marisa Lomônaco, afirma que o estudante ingressante pode negar-se a participar de qualquer tipo trote. "Ele tem todo direito, como cidadão e como estudante da instituição, de não se submeter a nenhuma ação constrangedora". Como informa Lomônaco, o aluno pode relatar este tipo de situação para a Ouvidoria da UFU, para a coordenação do seu respectivo curso ou até mesmo para a Pró-reitoria de Graduação.
"Mas o que resta a um jovem, muitas vezes sozinho na cidade, longe da família, desejoso de se integrar no grupo e temeroso de receber retaliações desse grupo? O que resta a eles se não o assujeitamento?", questiona a psicóloga da Diase.
A abordagem do assunto pelos profissionais de educação junto aos estudantes veteranos e aos ingressantes é apontado, pela psicóloga, como uma maneira "para que esta prática cultural não continue a se perpetuar sem uma reflexão crítica".
Todo início de semestre letivo a UFU realiza a recepção oficial aos novos alunos em todos os campi da instituição. O objetivo do acolhimento é iniciar o processo de integração do estudante ao ambiente universitário.
Ações solidárias
Trotes ditos solidários, como campanhas de doação de sangue ou de alimentos, são vistos como salutar. Principalmente quando envolvem toda a comunidade acadêmica.
Neste ano, alunos do curso de Jornalismo estão promovendo uma campanha de arrecadação de água sanitária e ração para cães abrigados na Associação Protetora de Animais de Uberlândia (APA). A ideia surgiu da aluna Samantha Verhaeg, do 3º período, que já conhecia a difícil realidade de associações como a APA, que dependem de doações. "Sou contra o trote obrigatório ou violento ou que desrespeita qualquer um", declara Verhaeg.
Quem quiser e puder participar do trote solidário deve fazer as doações, no Campus Santa Mônica, no dia 1º de maio, das 9h às 10h, no Centro Acadêmico do curso de Jornalismo (segundo andar do Bloco 5S). No Campus Umuarama o PET da Veterinária receberá as doações no bloco 2D, sala 1, de segunda a quinta-feira, das 12h às 14h e das 17h às 18h e na sexta-feira, das 12h às 14h apenas. Para saber o tipo de ração ideal ou outras informações entre em contato com a APA pelos telefones: (34) 99678-0358 ou 99196-1078.
Palavras-chave: ingressantes volta às aulas trote
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