Egresso da UFU constrói carreira sólida nos EUA com fisiologia humana e bioenergia

Carreira internacional de Peixoto teve início em um intercâmbio realizado na Espanha no último ano de sua graduação pela UFU. (Fotos: arquivo pessoal)

Um dos formandos da 44ª turma do curso de bacharelado em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em 2000, e também obteve pela instituição a titulação de mestre em Bioquímica, em 2002, Pablo Marco Veras Peixoto tem uma trajetória acadêmica que ultrapassa fronteiras. Atualmente, ele integra o corpo docente do Departamento de Ciências Naturais da City University of New York (CUNY), lecionando Fisiologia Humana, além de realizar pesquisas de destaque na área da bioenergia.

As portas da carreira internacional do ex-acadêmico da UFU começaram a se abrir quando ele, então no último ano de graduação, concorreu a uma bolsa de intercâmbio para universidades da América Latina e da Espanha. “Foi durante esse intercâmbio que descobri minha fascinação pelas mitocôndrias, as minúsculas pilhas energéticas que existem em quase todas as células de plantas, animais e fungos. A partir daquele momento, as mitocôndrias passaram a ser o foco dos meus estudos durante o doutorado, realizado até 2006 na Universidad de Extremadura, na Espanha, e os dois pós-doutorados que cursei nos Estados Unidos (na New York University, de 2007 a 2011, e na Cornell University, de 2011 a 2013)”, relata.

Durante os anos que antecederam a sua contratação como professor na CUNY, Peixoto pesquisou sobre o papel das mitocôndrias no controle da sobrevivência e morte de células de origem humana. “Além de fornecer a energia necessária para o bom funcionamento das células, mitocôndrias também eliminam células com mau funcionamento, por meio da liberação de moléculas tóxicas. Esse papel permite, por exemplo, que nossa pele se regenere pela eliminação e reposição de células envelhecidas”, explica. E acrescenta: “um comprometimento dessas funções mitocondriais, porém, pode causar importantes enfermidades humanas, tais como câncer e neurodegeneração. O câncer acontece quando o programa de eliminação mitocondrial é interrompido; já a neurodegeneração quando aquele processo é exacerbado.”

Estudos atuais

Pablo Peixoto lidera uma pesquisa em colaboração com um grupo formado por alguns de seus alunos de graduação e de doutorado e também por outros docentes da CUNY e das universidades de Harvard (EUA) e Melbourne (Australia). A equipe está aprofundando o estudo sobre o envolvimento de mitocôndrias no processo de desenervação de músculos, um dos primeiros sintomas em doenças neuromusculares como a esclerose lateral amiotrófica (ALS, em Inglês).

“No ano passado, milhões de pessoas no Brasil e no mundo se familiarizaram com a doença, ao participar do ‘desafio do balde de gelo’ (Ice Bucket Challenge) e sentir por alguns minutos a sensação congelante de perder inervação nos músculos. Essa sensação é constante em pessoas atingidas por aquela doença, que pode ser genética ou adquirida em adultos com mais de 30 anos de idade, levando à paralise e morte em menos de dois anos pós-diagnóstico”, alerta o egresso da UFU.

Com apoio financeiro da Eugene Lang Foundation, o grupo acaba de gerar o primeiro modelo animal de estudo que, além de servir tanto para casos de ALS genética ou adquirida, também pode ser usado para rastreamento em larga escala com vistas à descoberta de compostos químicos com potencial terapêutico. Os resultados preliminares destas novas pesquisas estão sendo compilados a outros projetos em fase de revisão no National Institutes of Health (NIH) e na ALS Association (ALSA).

Pablo Peixoto concedeu recentemente uma entrevista à rádio da CUNY. O bate-papo sobre os trabalhos da pesquisa em bionergética é em Inglês e está disponível no YouTube. Os trabalhos do laboratório dirigido por ele são divulgados no endereço virtual www.peixotolab.org.

Na entrevista para a rádio da CUNY, o docente brasileiro ressaltou a importância da educação científica para a sociedade