Publicado em 21/06/2017 às 12:44 - Atualizado em 09/06/2025 às 22:15
Para um ator interpretar o vilão ou o mocinho da história, são necessários muitos ensaios e alguns outros procedimentos que os espectadores, muitas vezes, não sabem que acontecem. “As pessoas acreditam que o fazer teatro é você decorar um texto e interpretar. Mas por trás disso tudo há um grande trabalho [...] que abarca um universo de possibilidades”. Quem disse isso foi o ator Rodrigo Müller, que abordou o treinamento corporal dos atores em sua pesquisa de iniciação científica realizada durante sua graduação em Teatro pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
A trajetória dele sempre foi buscando um caminho que usasse como linguagem o estudo e as poeticidades do corpo relacionado à cena. Müller decidiu trabalhar com a biomecânica sob a ótica do teatrólogo Vsevolod Emilevich Meyerhold. “Ele foi o precursor desta técnica, que é um treinamento corporal do ator empregada à cena e à performance. Eu recorto três itens que são os princípios das ações físicas do performer, voltados mais à inicialização para preparar o ator para determinadas situações (drama, comédia, realismo, ficcionismo etc)”, esclarece. Segundo ele, o trabalho foi orientado por duas professoras, uma no começo que foi a Yaska Antunes e a Mara Leal, que ajudou mais na parte de finalização.
Os treinamentos corporais mesclavam jogos diferenciados, sempre sob a luz da biomecânica. (Foto: arquivo pessoal)
Ele escolheu a companhia teatral Acazô para desenvolver esse treinamento antes de começar a dramaturgia e a criação dos personagens de uma peça. Foi recortado um trabalho específico com o objetivo de preparar a voz e o corpo, por meio de exercícios físicos e jogos de trabalhos em grupo que dialogavam com o processo de criação das cenas do espetáculo. “A gente começou do zero. Só existia um corpo nu que era o texto”, conta Müller. Ele explica que o diretor do grupo também participava do treinamento, “já que ele integra a cena e cumpre os papéis de diretor e ator”. Com esse olhar mais de espectador, era possível perceber algumas situações que não estavam dando certo, onde os atores tinham mais dificuldade e se havia unicidade na cena.
Além disso, como os ensaios eram a céu aberto, a concentração dos atores ficava mais difícil. “Então o treinamento era focado nisso, para estar inteiramente na cena e em diálogo com o espaço”, explica. Depois de alguns meses, Müller começou a ver resultados. “O grupo começou a se integrar mais uns aos outros. A própria ação corporal da biomecânica proporciona isso, de trazer o personagem mais rápido para a cena e com mais propriedade e qualidade”.
O trabalho desenvolvido com o grupo teatral durou oito meses e resultou no espetáculo “Clarissa”. (Foto: arquivo pessoal)
O resultado final desse trabalho com o grupo foi o espetáculo teatral “Clarissa”, que teve sua estreia na UFU e passou por toda a cidade de Uberlândia. “Foi maravilhoso, rico, cheio de coisas boas e tinha um tema religioso com base no Candomblé e outras religiões, dentro da esfera teatral do espetáculo de rua voltado para o público infanto-juvenil”, relata o ator. Ele também conta que o feedback dos participantes foi satisfatório, porque eles diziam que o trabalho inicial refletia na apresentação do espetáculo. “Nas entrevistas que eu colhi com os participantes do trabalho, todos diziam que conseguiam entrar em cena com mais facilidade e um nível maior de concentração”, afirma.
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Palavras-chave: Série Melhores Iniciações Científicas pesquisa Ciência Divulgação Científica teatro Artes
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