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Extensão

Produções sobre religiões de matriz afro em Uberlândia são lançadas no Campus Santa Mônica

Documentário, livro e exposição discutem papel das mulheres nos terreiros de Umbanda e Candomblé

Publicado em 30/04/2018 às 15:22 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56

Maioria dos terreiros em Uberlândia é liderada por mulheres (Foto: Reprodução Agô Minha Mãe)

Celebrando a diversidade religiosa afro-brasileira no município de Uberlândia, serão lançados, na próxima quinta-feira (03/05), o documentário “Agô minha mãe”, a coletânea de textos “Mulheres de Fé: Urdiduras no Candomblé e na Umbanda” e a exposição fotográfica “Mulheres na Religiosidade”. Os produtos foram desenvolvidos pelo projeto de extensão “Mulheres de fé e de festa”.
 
O projeto, dos professores Cairo Mohamad, da Faculdade de Educação (Faced/UFU), e Maria Clara Thomaz Machado e Vera Lúcia Puga, do Instituto de História (Inhis/UFU), concorreu a um financiamento no edital do Programa de Extensão Universitária do Ministério da Educação (ProExt-MEC) e ficou entre os cinco mais bem posicionados na área de ações afirmativas, entre todas as universidades brasileiras. O recurso obtido foi disponibilizado em 2016.
 
Os terreiros de Umbanda e Candomblé de Uberlândia começaram a ser mapeados pela equipe. No entanto, um dos coordenadores do projeto, o professor Cairo Mohamad, da Faculdade de Educação (Faced/UFU), relata que foi difícil realizar essa parte do trabalho, por não haver um órgão que faça esse levantamento dentro da cidade. Com a falta de dados, a pesquisa partiu da Tenda Coração de Jesus, o centro de Umbanda mais antigo que se tem registro no município. Em 70 anos de existência, diversos outros centros foram formados a partir dos médiuns da Tenda Coração de Jesus e, assim, estabeleceu-se uma rede de contatos. 
 
Mohamad conta que, em Uberlândia, a maioria dos terreiros é liderada por mulheres. Por isso, a ideia principal do documentário e da coletânea de textos partiu desse lugar da mulher no sagrado. O documentário tem como narrativa a divisão da vida dessas mulheres entre a religião e o cotidiano fora dela. 
 
O vídeo foi produzido pela TV Universitária de Uberlândia. As fotos que serão expostas, e que também ilustram o livro, foram feitas pelo fotógrafo Milton Santos, da Diretoria de Comunicação da UFU. Já os textos foram escritos por diversos pesquisadores. 
 
Preconceito
 
As religiões de matriz africana são cultuadas hoje, segundo o IBGE, por cerca de 3% da população brasileira e sofrem constantes ataques de intolerância religiosa. Alguns casos são extremamente violentos, como os que aconteceram no Rio de Janeiro, em 2017, em que muitos pais e mães de santo foram obrigados a destruir as imagens dos orixás cultuados, entre outras figuras sagradas dos próprios terreiros. 
 
Diante do preconceito e da falta de informação, Mohamad acredita que é importante tornar esses cultos e práticas objetos de estudo dentro das universidades. “Aqui é um espaço de diálogo e esses movimentos populares e religiosos têm que estar dentro da universidade para mostrar qual é a importância e o sentido dessas práticas para respeitar as escolhas das pessoas religiosas e culturais.” 
 
O projeto, que além das produções também teve espaços de formação para professores e estudantes em 2016, é uma alternativa às disciplinas que tratem especificamente das relações étnico-raciais e do ensino de cultura e história afro-brasileiras, que são previstas pela Lei 10639/2003 . 
 
Serviço
 
O material será apresentado no dia 3 de maio, no Auditório do Bloco 5S, a partir das 18h. Após o lançamento, o livro será publicado em pdf e o documentário ficará disponível no site do laboratório DocPop.

Palavras-chave: religiões Divulgação Científica

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