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CRÔNICA

Entre um gole e outro, a ciência

Um aperitivo das noites de Pint of Science

Publicado em 24/05/2019 às 14:28 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56

 

Durante três dias, me senti completamente conectado com moradores de mais de 50 cidades brasileiras, onde nós pudemos conversar com pesquisadores de diferentes áreas sobre suas pesquisas e o impacto da ciência na sociedade de uma forma descontraída, leve, embriagada - talvez - e intensa. Nesses dias - 20 a 22 de maio - tivemos nossos corpos e almas alimentadas de saber, um belo copo de cerveja e talvez algumas fritas. O festival Pint of Science aconteceu simultaneamente em 24 países - na cidade de Uberlândia, pela segunda vez.

Consegui enxergar o poder da ciência e como ela é volátil e capaz de se fazer presente e pura em todos os espaços. Exemplos? Ela estava presente na minha mesa, no processo de fermentação da minha 3311, uma cerveja Pilsen que escolhi tomar na primeira noite de brinde à ciência. Estava presente nos agasalhos que usávamos para nos aquecer. É, a ciência estava tomando conta dos bares. Queria ter ido a todos, mas ainda não tenho meu próprio vira-tempo.

Se me perguntarem “o que você aprendeu com o Pint of Science?”, claramente direi que tive a certeza de que a ciência pode ser levada à população de forma clara, leve e descontraída. E como bem dito em seu manifesto, “se em fevereiro tem Carnaval, em maio temos o maior festival de ciência”. É isto, hoje não temos Pint, mas temos sempre que fazer um brinde à ciência e nos lembrarmos de levá-la para todos os espaços, assim como fizemos nestas três lindas, frias e gostosas noites de evento.

 

Professora Valeska Soares aborda a integração de premissas de gamificação e de jogos, no intuito de propiciar engajamento de alunos durante as aulas (Foto: Marco Cavalcanti)

 

Na primeira noite, estive acompanhado de minha Pilsen, que, para quem não sabe, são cervejas douradas, translúcidas, leves, espuma cremosa e duradoura, com um toque  especial amargo pronunciado. Creio que uma ótima pedida para degustar uma dose de como a ciência aparece em nossas vidas, e naquele momento entendi o real contexto social em que existo.

Fugindo da zona de conforto, pude aprender um bocado de como algumas plantas são tóxicas para ruminantes e o arsenal de compostos bioativos presentes em óleos essenciais, diferentes, porém, atraentes. Por fim, já acompanhado de minhas fritas, entendi como a tecnologia tem avançado e tornado tudo cada vez mais prático e acessível. Foi realmente uma loucura. Mas saí de lá com o desejo de mais, não apenas de mais uma cerveja, mas também de mais ciência.

Na segunda noite de eventos, a escolha de acompanhamento é uma Ipa, uma bebida mais neutra, extremamente leve, de cor estupidamente clara e com quase nada de amargor. Essa foi minha parceira para conhecer o trabalho que nos trouxe relatos sobre o vínculo entre adultos e crianças a partir de linguagens artísticas, abrindo assim nossos olhos para uma nova dimensão do que é a paternidade. Aprendemos um pouco sobre como propiciar engajamento de alunos durante as aulas de maneira eficiente sem gerar situações de desconforto. E, ao final, os pesquisadores explicaram os conceitos e processos em torno da modelagem e simulação da natureza.

 

Pint of Science Uberlândia ocorreu nos bares Alienada e Cervejaria e Água Doce Cachaçaria (Foto: Marco Cavalcanti)

 

E, no último dia, nada mais natural do que casa cheia e um bom copo de cerveja e muita ciência. Recordo-me que esta foi a noite menos fria das três. Penso que seja o coração se enchendo de ciência e isso nos aquecendo. Como acompanhante da noite escolhi novamente  uma Pilsen, e creio que foi uma ótima pedida para me acompanhar em uma dose sobre comunicação não violenta com a professora Renata Scarabucci Janones. O professor Rodrigo Alejandro Abarza Muñoz apresentou como a química e toxicologia auxiliam a compreender e investigar crimes variados. E, por fim, a professora Sany Karla Machado discutiu em que medida as restrições de consumo alteram a relação do homem com os bens.

O que posso dizer, portanto, é que o Pint of Science é um verdadeiro brinde à ciência e que, de forma simples, leve e gostosa, tem o poder de aquecer nosso coração e nos dar aquele ar de que “ainda há esperança”!

 

*Matheus Maia é estudante do quinto período de Jornalismo na UFU, estagiário da Divisão de Divulgação Científica da Diretoria de Comunicação da UFU e apreciador de cerveja e ciência

Palavras-chave: Crônica Pint of Science UFU Ciência Divulgação

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