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Contexto

LGBT e universidade: conheça a história, ações e pesquisas da UFU

Aproveite o 28 de junho, 'Dia do Orgulho LGBT', para se informar sobre o tema

Publicado em 28/06/2019 às 09:53 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56

 

Há 50 anos, na cidade de Greenwich Village, Estados Unidos, o marco zero do movimento LGBT contemporâneo se iniciava. A história começa nas primeiras horas da manhã do dia 28 de junho de 1969, quando gays, lésbicas, travestis e drag queens enfrentam policiais e iniciam uma rebelião que lançaria as bases para o movimento pelos direitos LGBT nos Estados Unidos e no mundo, em Stonewall Inn, um dos bares LGBTs mais frequentados naquela época. 

O episódio, conhecido como Stonewall Riot (Rebelião de Stonewall), teve duração de seis dias e foi uma resposta às ações arbitrárias da polícia que, rotineiramente, promovia batidas e revistas humilhantes em bares gays de Nova Iorque. Por isso, é comemorado mundialmente, em 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBT. Uma data para celebrar vitórias históricas, mas também para relembrar que ainda há um longo caminho a ser percorrido.

 

Movimento LGBT em terra de pau brasil 

 

O movimento LGBT começa a se desenvolver no Brasil a partir da década de 1970. Neste momento, o país estava imerso em uma ditadura civil-militar (1964-1985) e, como forma de luta, o movimento passa a produzir publicações alternativas LGBTs.  Entre elas, duas se destacam: os jornais Lampião da Esquina e ChanacomChana.

Fundado em 1978, o periódico Lampião da Esquina era abertamente homossexual, embora abordasse também outras questões sociais. O periódico frequentemente denunciava a violência contra os LGBTs. 

 

 

Em 1981, um grupo de lésbicas criou o ChanacomChana, que tinha como ponto de comércio Ferro’s Bar, frequentado por lésbicas. Os donos do local não aprovavam essa comercialização, o que acarretou a expulsão das mulheres que ali frequentavam em 1983. No dia 19 de agosto do mesmo ano, lésbicas, feministas e ativistas LGBTs se reuniram no Ferro’s, onde fizeram um ato político que resultou no fim da proibição da venda do jornal. Esse episódio ficou conhecido como o “Stonewall brasileiro” e, por causa dele, no dia 19 de agosto comemora-se o Dia do Orgulho Lésbico no estado de São Paulo.

Na década de 1980, a comunidade LGBT sofreu um grande golpe. No mundo todo, uma epidemia do vírus HIV matou muitas pessoas, entre elas LGBTs, e alterou significativamente as organizações políticas do movimento. A síndrome trouxe de novo um estigma para a comunidade, agora vista como portadora e transmissora de uma doença incurável, à época chamada de “câncer gay”. 

As consequências dessa crise são sentidas até hoje, pois, neste cenário, homossexuais ganharam um novo estigma, como vetores de uma doença mortífera, e a pauta da liberação sexual se esvaziou frente à nova crise de saúde pública. 

A crise serviu para aumentar a visibilidade dessa população. Verbas estatais e de agências de cooperação internacional para combate à Aids passaram a financiar grupos de homossexuais que, até hoje, atuam em suas comunidades como parte da resposta ao problema.

 

A sigla

 

Inicialmente, o movimento era conhecido apenas por GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes), porém, houve um grande crescimento e as pessoas começaram a questionar as diferentes ramificações e identidades, fazendo com que o movimento adquirisse outros tipos de orientações sexuais e identidades de gênero.

Aliás, o termo foi oficialmente alterado de GLS para LGBT em uma Conferência Nacional, realizada em Brasília, no ano de 2008. Dentro do movimento propriamente dito, as siglas podem variar (algumas organizações usam LGBT, outras LGBTT, outras LGBTQ…). Atualmente, a versão mais completa da sigla é LGBTPQIA+. Conheça a representação de cada letra: 

L: Lésbicas

G: Gays

B: Bissexuais

T: Travestis, Transexuais e transgêneros

P: Pansexuais

Q: Queer

I: Intersex

A: Assexuais

+: Sinal utilizado para incluir pessoas que não se sintam representadas por nenhuma das outras sete letras.

 

O movimento LGBT dentro da universidade

 

Se unir para ficar mais forte. É esse lema que coletivos de estudantes LGBT de diversas universidades adotaram para combater o preconceito. Alguns estudantes relatam casos de opressão, mas, em contrapartida, encontram melhor qualidade na vida acadêmica com o apoio de coletivos, que muitas vezes funcionam com suporte das universidades. Porém não é apenas em coletivos que o movimento está incluso, ele vem se tornado objeto de estudos e pesquisa para mostrar um pouco da trajetória histórica do movimento, conquistas, lutas, representatividade entre outros fatores. 

Marcada por lutas constantes, a população trans vem conquistando, no Brasil, ainda que tardiamente, direitos básicos já reclamados há muito. Dentre eles, um dos mais importantes é a adequação de nome e gênero nos registros civis, conquistado nacionalmente somente no ano de 2018. Na UFU, o nome social para pessoas trans foi aprovado em 2015.

Além da documentação adequada, é urgente também a preocupação com a saúde desta população, dado o tempo que ficaram à margem de todos os serviços, o que é agravado pelas especificidades deste público, principalmente no processo de transição, que deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar a fim de garantir a segurança dos processos.

 

Prédio da Reitoria da UFU (Foto: Arquivo da Proae/UFU)

 

Neste sentido, a UFU destaca-se com projetos que buscam atender à população de travestis e transexuais dentro das particularidades de suas demandas. Supervisionado pela professora Flavia Bonsucesso, no Hospital de Clínicas de Uberlândia (HCU/UFU), é realizado, desde 2006, o projeto “Em cima do salto - Saúde, educação e cidadania”, que conta com uma equipe multidisciplinar composta por assistentes sociais, psicólogos e profissionais da ginecologia, endocrinologia e enfermagem que atuam no acompanhamento do processo de transição e adequação destes corpos ao gênero com o qual se identificam.

A UFU destaca-se também como pioneira em pesquisas da saúde bucal de transgêneros. É através do Núcleo de Pesquisa e Atendimento Trans (NuPAT), o primeiro do Brasil na área da Odontologia, fruto da pesquisa de pós-doutorado de Sérgio Ferreira Júnior, sob a orientação do professor Adriano Loyola, que ocorrem as atividades de acompanhamento e atendimento especializados. Eles estão desenvolvendo uma pesquisa inédita sobre saúde de pessoas trans, que vai traçar o perfil epidemiológico geral e de saúde bucal desses pacientes.

Os estudos de gênero na universidade são feitos por diferentes áreas. Um dos destaques é oNúcleo de Estudos de Gênero (Neguem), criado em 1992, vinculado ao Instituto de História da UFU. Hoje o grupo tem 15 pesquisadores de diferentes áreas, com linhas de pesquisa que envolvem política, sexualidade, educação, trabalho, direito, saúde, violência, artes e cultura.

No Instituto de Letras e Linguística, pesquisadores liderados pelo professor Fábio Figueiredo Camargo analisam cenas homoeróticas na literatura brasileiraNo Repositório Institucional é possível acessar dissertações e teses de diferentes áreas do conhecimento sobre temas relacionados à população LGBT.

Em maio, por ocasião do “Dia Internacional do Combate à Homofobia e Transfobia” (17/05), a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Proae/UFU), promoveu uma série de atividades do “Mês da Diversidade UFU 2019”. Houve passeata com hasteamento da bandeira do Movimento LGBT+, sarau com talentos LGBTs de todos os campi, concurso de hinos, apresentação de artes circenses e oficina de confecção de cartazes.

 

Para se engajar mais

 

Após conhecer a história que originou o Dia Internacional do Orgulho LGBT, veja as dicas de filmes para continuar se informando sobre o movimento e a busca por direitos no Brasil e no mundo:

The Normal Heart (2014)

She’s beautiful when she’s angry (2014)

Paris is Burning (1991)

Tomboy (2011) 

Laerte-se (2017)

The Death and Life of Marsha P. Johnson (2017)

 

 

 

Palavras-chave: lgbt

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