Publicado em 19/12/2019 às 15:19 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:56
O estudo permite identificar a alta mortalidade nos países analisados e informar padrões de progresso de desigualdade geográfica (Foto: Pixabay)
Já imaginou poder saber a raiz de um problema para, dessa forma, resolvê-lo? É isso que faz a pesquisa relatada no artigo Mapeando 123 milhões de mortes neonatais, de bebês e crianças entre 2000 e 2017 (tradução livre para “Mapping 123 million neonatal, infant and child deaths between 2000 and 2017”), fruto da pesquisa de Leonardo Roever, doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), juntamente com o grupo de pesquisa Global Burden Disease, que estuda a carga de doenças no mundo. O trabalho foi publicado na revista britânica Nature, uma das mais conceituadas revistas científicas, e traz um mapeamento da mortalidade infantil em países do mundo entre 2000 e 2017.
O estudo permite identificar a alta mortalidade nos países analisados e informar padrões de progresso de desigualdade geográfica, além de mostrar pontos com necessidade de investimento e implementação apropriados, trazendo informações que podem ajudar na melhoria da saúde dessas populações. Para Roever, essa é foi a principal motivação para dar início à pesquisa: estimular os órgãos administrativos a criarem políticas que possam reduzir a mortalidade infantil, diz o pesquisador.
Roever iniciou a pesquisa em 2017, quando começou a trabalhar no Global Burden Disease do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME), fazendo um mapeamento de 2000 a 2017 da mortalidade de neonatos, de bebês e de crianças de até cinco anos. Os cientistas estimaram que 32% das crianças menores de 5 anos vivem em distrito onde a taxa de mortalidade atingiu 2,5% da população de cada 1000 nascidos vivos em 2017, isto é, a cada mil nascidos com vida naquele lugar, 25 morriam, explica Roever.
O pesquisador Leonardo Roever (Foto:arquivo pessoal do pesquisador)
Com dados como esse, as autoridades locais conseguem identificar possíveis raízes desses problemas e, dessa forma, intervir para obter melhorias. “A pesquisa mostra esses mapas [com os índices de mortalidade] e [por meio disso] o governo de cada Estado desse, ou, por exemplo, a Organização das Nações Unidas (ONU) pode agir para tentar diminuir a morte de neonatos, de bebês de 9 meses até um ano e de crianças até 5 anos, como mostra o mapeamento da mortalidade”, completa o pesquisador. Roever ainda irá publicar outra pesquisa na revista Nature, desta vez, dois mapeamentos, um sobre o nível educacional de alguns países e um sobre crianças que não têm desenvolvimento de estatura (grownth failure).
O modelo usado
O modelo usado na pesquisa é chamado Geostatistical Survival Model e é responsável por toda a análise da mortalidade em cada lugar, examinando esse problema em regiões, apontando padrões de progresso de desigualdade geográfica.
Dessa forma, por meio dos mapeamentos eficientes do método geoestatístico, estima-se que sejam feitas políticas públicas de melhoramento de saúde, serviço sanitário e outros fatores com deficiência em países de baixa e média renda, melhorando a qualidade de vida da população que habita essas regiões. A pesquisa foi financiada pela Fundação Bill e Melinda Gates, instituição filantrópica que subsidia pesquisas com soluções inovadoras na área da saúde e desenvolvimento e que é fonte principal de financiamento do Global Burden Disease.
Palavras-chave: mortalidade infantil desigualdade geográfica pesquisa
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