Grupo de Pesquisa da Fisioterapia Atua na Saúde da Mulher Gestante
Ciência
Grupo de pesquisa da Fisioterapia atua na saúde da mulher gestante
Desde 2013, Nufism realiza também projetos de extensão
Por: Ygor Rodrigues (Estagiário de Graduação)
Publicado em 01/02/2018 às 17:27 - Atualizado em
22/08/2023 às
16:56
Compartilhar:
Nufism tem trabalhado na área fisioterápica que envolve o assoalho pélvico (Foto: Milton Santos)
Há quatro anos, as professoras Ana Paula Rezende e Vanessa Baldon, do curso de Fisioterapia da UNiversidade Federal de Uberlândia (UFU), criaram o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Fisioterapia da Mulher (Nufism). Hoje as duas coordenam o grupo, que reúne 18 pessoas, entre alunos de graduação e pós-graduação, que pesquisam e estudam sobre a fisioterapia na saúde da mulher, mais precisamente, na área obstetrícia (ramo da medicina relacionado à reprodução feminina).
O grupo, desde 2013, passou por um aprimoramento na sua linha de estudos, que hoje engloba temas referentes a gestantes, principalmente sobre o assoalho pélvico, que é o períneo feminino, envolvendo a vagina, a uretra e o ânus.
O assoalho pélvico
Segundo Rezende, o parto normal geralmente é melhor, tanto para mãe quanto para o bebê, por se tratar de um procedimento natural, e as gestantes têm noção disso. Mas existe um temor em relação às consequências desse tipo de parto para o períneo feminino, principalmente no que se refere à deformação da vagina. “Têm estudos novos, bem recentes, mostrando que não é bem assim. O assoalho pélvico, como qualquer músculo esquelético, é passível de fortalecimento. Você vai na academia e fica forte. Se você fizer um alongamento, você fica flexível. Isso também vale pro assoalho. Ele pode ser forte, ele pode ser flexível”, explica a docente.
O Nufism tem trabalhado na área fisioterápica que envolve o assoalho pélvico, anterior e posteriormente ao parto. Rezende fica responsável pela reabilitação, quando se tem problemas no períneo. Já Baldon, a outra coordenadora, trabalha na prevenção. “Este é um trabalho pioneiro em Uberlândia de preparação de períneo pro parto, que visa mostrar para as mulheres, auxiliá-las a preparar este períneo de uma maneira natural, para que não tenha lesão”, completa Rezende.
Para realização da prevenção e reabilitação, o grupo recebe gestantes de várias partes de Uberlândia. Elas são encaminhadas do ambulatório de ginecologia do Hospital de Clínicas de Uberlândia (HCU/UFU), e também por meio de divulgações através de mídias sociais, como Facebook e Instagram. O grupo coleta dados dessas pacientes para as pesquisas científicas.
Resultados
"Avaliamos por meio de questionários, comparando a função sexual entre com mulheres gestante e não-gestantes. Observou-se que a mulher gestante tem a função sexual diminuída, algo que todo mundo já sabia, mas não tinha nada comprovado”, afirmou Rezende.
Foram 154 mulheres participantes da pesquisa. O grupo de mulheres com função sexual diminuída foi composto por 46 gestantes (62,1%) e 28 não gestantes (37,9%). Já o grupo de mulheres sem disfunção foi formado por 30 gestantes (37,5%) e 50 nuligestas, ou seja, que nunca engravidaram (62,5%).
O grupo publicou um estudo sobre o assoalho pélvico em diferentes trimestres da gestação, no qual se percebeu que, no final da gestação, a força muscular do períneo é mais fraca do que no ínicio. Segundo Rezende, o estudo foi importante para mostrar que a mulher precisa de atendimento nesta área e ter consciência de que o músculo precisa se fortalecer para que não haja complicações futuras.
Extensão
O grupo, além de pesquisa, atua também na extensão. São dois outros projetos que envolvem mulheres com incontinência urinária de esforço, que é a perda de urina quando tosse, espirra ou faz algum tipo de força. “Isso pro sexo masculino é muito distante, mas pras mulheres é uma realidade muito comum. Embora não seja normal, é comum”, ressalta Rezende.
Alunos de graduação do curso de Fisioterapia, como forma de estágio, atendem mulheres que querem fazer pilates para o fortalecimento do assoalho pélvico e exercícios que envolvem esta região e também o abdômen. “Alguns dados são usados para pesquisa. A mulher é bem-vinda em participar do projeto, mesmo não fazendo parte dos nossos critérios. Se ela concordar, se ela permitir, a gente usa os dados”, diz Rezende.
Serviço
O Nufism oferece gratuitamente exercícios perineais associados ao pilates nos aparelhos e exercícios hipopressivos. Para se inscrever é preciso ser do sexo feminino; caso tenha pressão alta ou diabetes, elas precisam estar sob controle; não apresentar doenças neurológicas ou degenerativas.