Publicado em 06/01/2020 às 13:42 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:52
Carolina Mendonça Duarte comemora com o avô, José da Silva Santos, o início e a conclusão do curso de Design (Foto: arquivo da pesquisadora)
Vestir uma camiseta sem levantar os braços pode representar muito para alguém com limitações físicas ou neurológicas. Mas como seria uma peça de roupa que pudesse ser colocada assim? O design assistivo pode indicar.
Há quatro anos, o avô de Carolina Mendonça Duarte foi diagnosticado com Doença de Alzheimer. Enquanto ela cursava a graduação em Design na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi acompanhando de perto as dificuldades do avô em realizar atividades cotidianas e pensando em formas de ajudar.
A Doença de Alzheimer, segundo o Ministério da Saúde, é um transtorno neurodegenerativo progressivo que se instala “quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado”. A doença se manifesta “pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais” (leia mais em www.saude.gov.br/saude-de-a-z/alzheimer).
Para compreender as necessidades do avô e de outras pessoas com Alzheimer, Duarte fez observações e entrevistas com cuidadores, enfermeiros, fisioterapeutas e familiares. Depois, utilizou o design para construir peças de vestuário mais confortáveis e fáceis de serem colocadas do que as roupas comuns, o que possibilita tanto a inclusão social quanto a inclusão visual para aqueles que possuem algum tipo de deficiência.
Calça masculina (Foto: arquivo da pesquisadora)
A calça masculina com fechamento de velcro, desenvolvida com o tecido plush (80% algodão e 20% poliéster), é fácil de vestir, oferece conforto ao andar e dormir e, consequentemente, proporciona uma melhor relação do cuidador com o idoso.
Camiseta masculina (Foto: arquivo da pesquisadora)
A camiseta masculina, feita com tecido 100% algodão, também tem fechamento de velcro e não gera incômodo ao idoso para vestir. Durante os testes feitos pela designer, não se notou o fato de ser uma roupa adaptada.
Camiseta feminina (Foto: arquivo da pesquisadora)
Para as mulheres, foi desenvolvida a camiseta com botões cujo fechamento auxilia na coordenação motora, com casas feitas com o próprio material restante da peça e tamanho maior que as casinhas fixas de camisas sociais. É fácil de vestir e semelhante a uma vestimenta comum. O tecido usado nesta peça foi a malha fria (33% poliéster e 67% viscose).
O relato do desenvolvimento das peças foi defendido e aprovado como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em 2018 e está disponível no Repositório Institucional da UFU. No arquivo há, inclusive, os moldes para confecção das peças. “Esses resultados podem chegar até os familiares através de fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos e cuidadores. A necessidade de uma exposição mais ampla é de extrema urgência, pois muitos não possuem os conhecimentos necessários para lidar com os obstáculos que essa doença traz, não apenas para o paciente, mas para todos que o envolve”, afirma Duarte.
Duarte (ao centro) foi orientada pela professora Aline Teixeira de Souza (segunda da esquerda para a direita) e defendeu o TCC em 2018 (Foto: arquivo da pesquisadora)
Palavras-chave: Design Alzheimer inclusão
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