Publicado em 28/01/2020 às 14:24 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:52
O professor Eduardo Mathias Richter (ao fundo) coordena o grupo de pesquisadores, como o doutorando Weberson Pereira (à frente), no laboratório do Nupe/UFU (Foto: Marco Cavalcanti)
Entre as pesquisas científicas mais famosas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) está a que deu origem ao dispositivo portátil capaz de detectar contaminantes em diversas substâncias. Já falamos, há dois anos, aqui no Comunica UFU, dessa célula criada por pesquisadores do Instituto de Química, e o tema também já foi abordado pela mídia nacional, em reportagem do programa Como Será?, da TV Globo.
A novidade é que, após um processo burocrático iniciado em 2015, a UFU passou a receber, em 2019, os royalties pela exportação desse conhecimento, a partir da assinatura do contrato de transferência de tecnologia para a empresa espanhola Metrohm/DropSens, que fabrica um tipo de sensor utilizado junto com a célula.
A criação
Detectar combustíveis adulterados, bebidas com sedativos (“boa noite cinderela”), alimentos naturais com adulterantes químicos sintéticos, medicamentos falsificados, vestígios de explosivos e drogas: é para isso que serve a célula Biaspe, desenvolvida no Núcleo de Pesquisas em Eletroanalítica (Nupe) da UFU.
A célula é formada por uma base, onde é colocado o sensor, e um suporte para encaixe da pipeta eletrônica. A substância analisada sai da pipeta e cai no sensor, que é um eletrodo que permite a leitura da substância pelo computador e a interpretação dos dados pelos pesquisadores.
As vantagens do dispositivo desenvolvido na UFU em relação a outros são a portabilidade, o que permite que os testes sejam feitos fora de um laboratório; a rapidez, pois a análise de uma substância é feita em cerca de cinco minutos; e a produtividade, uma vez que possibilita realizar até 200 análises com um único sensor acoplado à célula.
O Nupe/UFU é coordenado pelos professores Eduardo Mathias Richter e Rodrigo Alejandro Abarza Muñoz, que fazem as pesquisas sobre o dispositivo BIASPE. A Polícia Federal é parceira do laboratório e, desde 2017, faz testes em Uberlândia utilizando a tecnologia e a mão de obra especializada dos alunos de mestrado e doutorado da UFU.
Os royalties
A administradora Rita de Cássia Lima, servidora da Agência Intelecto, atuou no caso (Foto: Diélen Borges)
Enquanto os cientistas trabalhavam no laboratório, servidores técnicos da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp/UFU) atuavam na busca pelo registro de transferência de tecnologia, que possibilitaria à universidade o recebimento de royalties. O setor responsável por isso é a Diretoria de Inovação e Transferência de Tecnologia, conhecida como Agência Intelecto. Foi preciso traduzir o contrato para a língua inglesa, adequar as cláusulas espanholas à legislação brasileira e convencer os espanhóis sobre a necessidade dessas adequações.
“As tecnologias, às vezes, não chegam a dar patente porque não caracterizam uma novidade, porém, geram um conhecimento que pode ser agregado a alguma empresa em que falta algum item para que ela alavanque o produto dela. Foi o caso do professor Richter”, explica a administradora Rita de Cássia Lima, servidora da Agência Intelecto que atuou no caso.
A UFU e a empresa espanhola Metrohm/DropSens assinaram um contrato para exploração comercial de resultados de pesquisa. Os espanhóis vêm comercializando o sistema BIASPE desde 2015 e, como os efeitos do contrato são retroativos, a UFU recebeu, em 2019, os royalties no valor de 5% das vendas dos anos anteriores.
Nos primeiros quatro anos foram gerados royalties no valor de € 1.068,77 (euros), equivalentes, hoje, a R$ 4.959,09. Em 2019, foram € 431,34 (euros), equivalentes a R$ 2.001,41, em royalties. Esse valor será pago no início deste ano. Os royalties que chegam à instituição são divididos: um terço para o grupo de pesquisa, um terço para a unidade acadêmica e um terço para a Agência Intelecto.
Palavras-chave: Ciência Química BIASPE Espanha análises
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