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Roedores

Biotério da UFU é credenciado para oferecer novos serviços

Unidade já pode desenvolver atividades de controle de qualidade de produtos de uso veterinário, de natureza biológica e farmacêutica

Publicado em 05/11/2020 às 17:32 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:52

Taísa Carrijo, responsável pela área de criação de animais da Rebir e Rafael Rosa, responsável pelos laboratórios da rede (foto: Rebir/Divulgação)

 

Neste mês de novembro, o Biotério Central da Rede de Biotérios de Roedores da Universidade Federal de Uberlândia (Rebir/UFU) foi credenciado junto ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) para desenvolver atividades de controle de qualidade de produtos de uso veterinário, de natureza biológica e farmacêutica. Uma dessas atividades é a testagem de vacinas para a indústria farmacêutica veterinária.

Conforme explica o coordenador da rede, docente e médico veterinário Murilo Vieira da Silva o biotério teve que se adequar a uma série de exigências, como o planejamento de manutenções periódicas de equipamentos e condições de bem-estar animal. Confira a entrevista:

 

Os testes de vacinas já podem ser feitos ou a UFU terá que aguardar alguns trâmites burocráticos?

As atividades já podem ser realizadas. Estamos inicialmente na fase de formalização de parcerias e captação de demandas advindas de órgãos públicos e privados, como a indústria farmacêutica veterinária. É importante ressaltar que este credenciamento certifica o Biotério Central para desenvolver atividades de controle de qualidade de produtos de uso veterinário, de natureza biológica e farmacêutica, dentre eles a testagem de vacinas, mas não exclusivamente teste de vacinas.

 

Qual foi a estrutura exigida que a UFU conseguiu atender?

Uma vez que todas as atividades serão desenvolvidas pelo corpo técnico da Rebir, o primeiro fator a ser considerado é a necessidade de pessoas capacitadas. Isso é uma realidade nos biotérios de nossa instituição. Temos um corpo técnico de bioteristas altamente capacitados: especialistas, mestres e doutores. Além disso, a segurança dos pesquisadores envolvidos, e que os animais a serem utilizados nos testes tenham qualidade genética, sanitária e bem-estar são premissas.

 

Murilo Vieira da Silva coordena a Rede de Biotérios de Roedores da UFU (foto: Rebir/divulgação)

 

Para que todos estes fatores sejam alcançados, o constante investimento em infraestrutura e capacitação profissional são indispensáveis. Deste modo, interpretamos este credenciamento como uma avaliação do Biotério Central da UFU, realizada por órgão de controle (Mapa) de forma criteriosa. Como parte deste processo de credenciamento, o Biotério Central recebeu fiscalização do Mapa, a qual avaliou condições estruturais do bloco 4U [do Campus Umuarama] em relação à conservação, saídas de emergência e medidas de prevenção contra incêndio, tipo de iluminação e barreiras sanitárias.

Além disso foram verificados critérios de biossegurança, procedimentos operacionais, planejamento de manutenções periódicas de equipamentos e condições de bem-estar animal. Como resultado, obtivemos o credenciamento, reflexo de todos os esforços da administração superior da UFU e do empenho do corpo técnico da Rebir que trabalha constantemente para contribuir com o desenvolvimento da ciência.

 

Como é o processo de testagem de vacinas em animais?

O desenvolvimento de fármacos, sejam eles destinados ao tratamento (ex. medicamentos) ou profilaxia (ex. vacinas) de doenças humanas e animais passa por vários processos de certificação da sua eficácia e segurança. Todo este processo leva anos, muitas vezes mais que 10 anos de um intenso e constante trabalho. De forma geral, temos a divisão em fase pré-clínica e fase clínica. Na fase pré-clínica, os modelos animais como camundongos são fundamentais para os testes. Fase esta a qual o Biotério Central da Rebir foi credenciado pelo Mapa para realizar testes de produtos farmacológicos destinados ao uso em animais.

Resumidamente, o processo de desenvolvimento de fármacos apresenta os seguintes passos: (1) antes de se iniciarem os testes em animais, uma série de componentes/moléculas com potencial efeito são estudados em laboratórios através de testes computacionais e ensaios em cultura de células (testes in vitro); (2) na sequência, os compostos que apresentam eficácia nos testes in vitro são selecionados para a testagem em animais (testes in vivo), fase esta, em que o Biotério Central está credenciado para realizar para indústrias farmacêuticas.

O modelo experimental, no caso animais, são escolhidos de acordo com suas características e sua capacidade de replicar minimamente as características da doença alvo. Com o êxito dos testes em animais se tem a fase de testes na espécie alvo, no caso dos produtos veterinários e ou início dos testes de fase clínica em humanos (produtos para uso em humanos).

 

Qual é a demanda de testes de vacinas e medicamentos para uso em animais no Brasil?

É importante ressaltar que os animais contribuem sobremaneira para o desenvolvimento de fármacos para uso em humanos (eles como modelos experimentais), mas que os mesmos também possuem doenças que demandam atenção e tratamento.

Com o constante desenvolvimento da sociedade, os animais (pets e até mesmo silvestres) sofrem impactos em seu habitat, desencadeando muitas patologias, as quais devem ser tratadas ou prevenidas. Além disso, é muito importante ressaltar a importância das zoonoses, doenças dos animais que podem ser contraídas por humanos, os quais possuem vínculos de convivência cada vez mais estreitos com seus pets “comuns” e “exóticos”.

Ainda, se deve considerar o potencial pecuário do Brasil, com rebanhos (bovinos, caprinos, ovinos, etc.) cada vez maiores. As tecnologias de produção de carne, como os confinamentos que favorecem o aparecimento de patologias, as doenças de controle oficial e que são alvo de estudo constante com o objetivo de desenvolvimento de medicamentos e/ou vacinas para tratamento, controle e erradicação, evitando assim, perdas gigantescas na economia. Assim, a demanda para o desenvolvimento de fármacos de uso veterinário é crescente.

 

Que números podemos citar para as pessoas conhecerem as dimensões da Rebir?

A Rede de Biotérios de Roedores é formada pelo Biotério Central, localizado no bloco 4U e dois Biotérios Setoriais localizados no bloco 2B, todos no campus Umuarama. Também faz parte da rede um Biotério de Experimentação no campus Patos de Minas e um no campus Ituiutaba. A Rebir produz anualmente cerca de 14.000 animais. Atualmente atende cerca de 49 grupos de pesquisa em caráter multiusuário e ininterruptos, possibilitando a produção de cerca de 109 artigos científicos, além da geração de 45 novas patentes nos anos de 2018 e 2019.

 

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Palavras-chave: biotérios Credenciamento ministério rede roedores UFU

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