Publicado em 10/10/2022 às 14:29 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:39
Aula inaugural do curso de formação continuada promovido pelo Cintesp.Br/UFU. (Foto: Divulgação/Cintesp)
O Centro Brasileiro de Referência em Inovações Tecnológicas para Esportes Paralímpicos (Cintesp.Br), vinculado à Universidade Federal de Uberlândia (UFU), deu início, nesta semana, ao primeiro Curso de Formação Continuada Educação, Pesquisa e Tecnologia em Libras.
Com menos de 24 horas de inscrições on-line, as vagas esgotaram e foi gerada uma lista de espera com quase 200 interessados em aprender a Língua Brasileira de Sinais, segunda língua oficial brasileira. “Nós ficamos muito surpresos com a busca da população pelo conhecimento de aprender Libras, isso mostra que estamos no caminho certo e que a sociedade também busca ferramentas de inclusão e de maior acessibilidade e vamos buscar formas de atender ainda mais”, comenta Cleudmar Araújo, coordenador-geral do Cintesp.Br/UFU, a respeito da procura pelo curso.
O curso, gratuito, é uma iniciativa do Cintesp.Br/UFU na área de “Educação Inclusiva”. Ele está associado às ações de inovação em tecnologia assistiva que propõem, nesta fase, o ensino de conhecimentos teórico-práticos introdutórios em Libras voltado à comunidade externa e aos pesquisadores e profissionais. É um projeto com apoio institucional da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc/UFU) e do Ministério Público do Trabalho (MPT/Uberlândia).
As aulas acontecerão na Faculdade de Educação Física da UFU. O curso propõe a formação de 33 participantes que terão aulas até dezembro para cumprirem a carga de 80 horas, todas presenciais. As provas são realizadas considerando atividades práticas em Libras, textos complementares, participação ativa no grupo de estudo e pesquisas, atividades on-line, realização de vídeos em Libras e de práticas com o uso de tecnologias concomitante à realização de provas presenciais.
"Para nós [da Proexc], é importante ter essa sala cheia, é a extensão da universidade por meio desse Curso de Formação Continuada. Que esse momento de interação e troca de conhecimento possa sempre acontecer e acrescentar mais conhecimento para todos nós”, destaca Marlei José de Souza Dias, professora da Divisão de Formação (Escola de Extensão da UFU) e representante do pró-reitor de Extensão e Cultura, professor Hélder Silveira.
O curso de Educação, Pesquisa e Tecnologia em Libras envolverá conhecimentos teórico-práticos com aspectos introdutórios em Libras com interface aos diversos campos do conhecimento e o fortalecimento no processo inclusivo de ensino-aprendizagem que propõe superar a fragmentação do saber e as barreiras comunicacionais, reiterando a importância de considerar a cultura e história da pessoa com surdez.
Com foco na inclusão e acessibilidade, também farão parte da base do curso, a fonologia, a morfologia e a sintaxe, bem como noções de escrita de sinais. “Não podemos tratar do aprendizado em Libras sem considerar o ser humano e o valor dele para esse processo de aquisição da Língua de Sinais, a história da educação e as organizações e marcos históricos no Brasil, leis e acessibilidade e o que mais venho aprendendo é o que desejamos oferecer aqui, me refiro ao potencial humano para uma comunicação sem barreiras”, completa Ana Sara Tomé, pesquisadora do Cintesp.Br/UFU.
O Cintesp.Br/UFU trabalha em formato de rede colaborativa com a sociedade e tem por excelência a pesquisa multidisciplinar envolvendo diversos laboratórios da UFU. Uma das pesquisadoras que fazem parte da área de educação inclusiva é a professora Eliane Maria de Carvalho, da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia (Faefi). Ela tem doutorado em Ciências em Fisiopatologia Experimental e participa da coordenação do curso de Libras.
Aula inaugural do curso de formação continuada promovido pelo Cintesp.Br/UFU (foto: divulgação/Cintesp)
O formato do curso associa o conhecimento científico e o conteúdo que se forma no entorno da pessoa com surdez. Desta forma, é um projeto que envolve a academia e a sociedade. Estendendo até a criação de um Grupo de Estudos e Pesquisas com possibilidade de propor novas diretrizes para promover cada vez mais a difusão do ensino às pessoas com deficiência com o desenvolvimento de produções científicas.
“Eu mee emociono com o caminhar das ações propostas pela educação inclusiva, oferecer oportunidades para a ampliação do conhecimento do ser humano e suas necessidades para a promoção da inclusão seja em qual setor for, da educação, da saúde, do lazer, da qualidade de vida e no setor produtivo. Foi surpreendente ver que a procura pelo curso foi de profissionais do comércio, da educação e prestação de serviços em geral, isso se trata de necessidade de ferramentas de inclusão acessíveis, a sociedade deseja inclusão”, completa a professora Eliane de Carvalho.
Uma das professoras do curso “Educação Inclusiva” será a intérprete de Libras e coordenadora do Pólen, Núcleo de Adequação, Acessibilidade e Pesquisa para a Diferença Humana do Centro Universitário do Triângulo (Unitri), Alessandra da Silva, coautora do livro “Língua de Sinais Brasileira no Contexto do Ensino Superior”, uma publicação que reúne termos técnico-científicos publicado em 2005.
O livro é uma das referências para alunos do ensino superior com surdez e baixa audição. Uma das raras publicações para o auxílio voltado para inclusão, em sala de aula, na formação de profissionais. “Hoje promovemos acessibilidade a todas as doenças, temos muitos profissionais com surdez em diversas áreas que se formaram com a gente. Neste curso, não temos a pretensão de formar intérpretes, o importante agora é promovermos ferramentas em acessibilidade para formarmos interlocutores e com respeito às diferenças”, acrescenta Alessandra Silva.
Também faz parte do time de professores do curso, Elaine Cristina Barbosa de Paula Bragança, pesquisadora do Cintesp.Br/UFU, na área da educação inclusiva. Surda desde um ano e meio de idade, por consequência de complicações de meningite, ela atua na área de pesquisa e já ocupou o cargo de supervisora de conteúdo do MEC/Seesp no Programa Educação Inclusiva Direito à Diversidade, na área da surdez.“O surdo não pensa diferente do ouvinte, ele tem uma língua diferente, nós seres humanos, temos limites e nisso somos iguais. Cada pessoa tem seu jeito, o que se busca com a pesquisa e educação inclusiva é respeitar as necessidades e assim ultrapassar barreiras, o que é um sonho constante, bem como este que está sendo realizado por meio desse curso que vamos oferecer até dezembro”, completa Elaine Bragança.
O Cintesp.Br/UFU desenvolve inovações em Tecnologia Assistiva com apoio financeiro do MCTI e MPT/Uberlândia, em formato de redes colaborativas, e parcerias com a Prefeitura de Uberlândia/Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel), Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Praia Clube Uberlândia, Sesi/Gravatás-Fiemg, Associação dos Paraplégicos de Uberlândia (Aparu), Clube Desportivo para Deficientes de Uberlândia (CDDU), Associação dos Deficientes Visuais de Uberlândia (Adeviudi), além de Parcerias com Laboratórios da UFU que atuam com projetos em Tecnologia Assistiva, como: Laboratório de Modelos e Protótipos (Lamop) e Laboratório de Usabilidade e Design Ergonômico (Lude), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design; Laboratório de Projetos Mecânicos (LPM) e Femec Maker, da Faculdade de Engenharia Mecânica.
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Palavras-chave: inclusão Língua tecnologia assistiva Cintesp curso Libras extensão
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