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Literatura

Docente do Instituto de Física lança romance com parte da ambientação na ditadura militar

Formado na Universidade de São Paulo e professor da UFU desde 2014, Marcel Novaes assina o livro ‘Os Automóveis Ardem em Chamas'

Publicado em 13/12/2022 às 17:26 - Atualizado em 22/08/2023 às 20:20

Imagem: Reprodução/Twitter Marcel Novaes

Lançado no último dia 28 de novembro, “Os Automóveis Ardem em Chamas” é o novo livro de Marcel Novaes, professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Uberlândia (Infis/UFU). O romance ficcional conta a história de Paulo, um jovem que vai em busca de conhecer mais sobre seu pai, preso e morto 50 anos antes, no período da ditadura militar. A obra foi publicada pela Editora Penalux e pode ser adquirida no site dela ou na loja da Amazon.

Além de livros sobre Física, área pela qual leciona, Novaes também possui outras obras de caráter histórico não-ficcionais, como “Do Czarismo ao Comunismo” e “O Grande Experimento”, mas o último lançamento é o primeiro romance escrito por ele. O docente comenta que, para além da Física, possui interesse em Literatura e História e que este gosto o motivou a acrescentar essa outra dimensão diferente da área em que atua. Como inspiração, cita o escritor tcheco naturalizado francês Milan Kundera, que também escreve romances com embasamento histórico e é autor do livro “A insustentável leveza do ser”.

O interesse por História é algo que Novaes também carrega consigo em suas aulas, buscando trazê-la por trás da Física. “Eu sempre achei a História fascinante. Mesmo no curso de Física, dou aula de História da Física e não me canso de enfatizar a importância da História, do interesse pela História. Não tem como a gente entender o mundo sem entender a História. Sempre encorajo os estudantes a ir atrás dela, porque acho fundamental”, declara o docente da UFU.

A escolha de revisitar a temática da ditadura veio, segundo ele, por este ser um período mal compreendido tanto pela direita quanto pela esquerda no país. O autor avalia que, há algum tempo, a ditadura parecia estar bem entendida pelos brasileiros e que havia apenas um exagero, por parte do grupo de esquerda, na romantização de certas figuras que lutaram contra ela. "Nem todos eles foram heróis ou idealistas", opina. No entanto, o professor conta que não esperava que iria surgir uma negação da realidade por parte da direita, na qual muitos indivíduos simplesmente não acreditam que houve ditadura militar. 

Novaes ainda citou o presidente da República, Jair Bolsonaro, e seus atos enaltecendo o período ditatorial, como a fala dele no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. "Naquela ocasião, enquanto deputado federal, Bolsonaro exaltou Carlos Alberto Brilhante Ustra, um ex-coronel reconhecidamente torturador", aponta, ressaltando a importância de se trazer a ditadura mesmo em um romance ficcional, devido ao atual momento do país: “Esse tema ainda não se esgotou. É preciso revisitá-lo, ainda mais agora, com esse movimento inacreditável de pessoas que querem a volta do regime militar, que acham que as Forças Armadas devem tomar o poder para consertar o país. É uma ideia completamente desprovida de lastro na realidade, totalmente alucinada.”

 

Referências

Dentre materiais que o ajudaram na contextualização do período, Novaes lista livros jornalísticos que relatam sobre a ditadura, tais como: “1968, o ano que não terminou”, de Zeunir Ventura; a coleção de livros da ditadura de Elio Gaspari; “O que é isso, companheiro”, de Fernando Gabeira; e “Em nome dos pais”, de Matheus Leitão.

"Os Automóveis Ardem em Chamas" marca o primeiro trabalho de Novaes em parceria com a Editora Penalux. O autor conta que o processo de criação é diferente para cada obra e que cada publicação possui uma “casa”, conforme a demanda de sua produção. “O processo é um tanto imponderável; depende muito de contingências, das pessoas que cruzam o seu mundo. Então, é meio imprevisível. Os outros livros são de História; este é um livro de ficção; então, foi um processo bem diferente”, compara.

Por fim, o docente da UFU revela que ainda é cedo para pensar em um próximo lançamento, mas já possui algumas ideias. O que já está definido é que o foco principal permanecerá na carreira acadêmica: "A ideia é continuar como professor na Física e encontrar tempo para desenvolver novos livros."

 

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Palavras-chave: lançamento livro romance Infis UFU docente Marcel Novaes

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