Publicado em 02/12/2022 às 13:49 - Atualizado em 22/08/2023 às 20:20
As primeiras editoras universitárias no Brasil foram criadas na década de 1960, com projetos editoriais voltados para atender às funções básicas de ensino, pesquisa e extensão. Nesse sentido, foram incluídos os projetos voltados à tradução.
Entre as editoras universitárias públicas e privadas, mais de 100 são filiadas atualmente à Associação Brasileiras das Editoras Universitárias (Abeu). Criada há 35 anos, a associação atua no desenvolvimento da cultura editorial universitária, com o intuito de promover a cultura e socializar o conhecimento, por meio da produção e difusão do livro universitário.
O principal produto desenvolvido pelos membros da Abeu são os livros acadêmico-científicos, resultados de pesquisas em âmbito nacional e internacional que, muitas vezes, se tornam inacessíveis ao grande público. E, para reconhecer as melhores edições universitárias de cada ano, foi criado em 2015 o Prêmio Abeu, com categorias que abrangem tanto o conhecimento científico e acadêmico quanto o projeto gráfico.
A solenidade da oitava edição da premiação foi realizada no último dia 18 de novembro, no teatro da Unibes Cultural, em São Paulo (SP). O evento celebrou a diversidade da produção acadêmica e científica nacional, ressaltando a importância e qualidade das pesquisas e produtos editoriais feitos em todo o Brasil.
Oitava edição do Prêmio da Associação Brasileira das Editoras Universitárias. (Imagem: Divulgação)
A Editora da Universidade Federal de Uberlândia (Edufu) conquistou o primeiro lugar na categoria "Tradução", com o trabalho “Ensaios sobre língua e linguagem”, do conceituado linguista alemão Wilhelm von Humboldt. O material, publicado em 2021, faz parte da série “Tradução de Estudos da Linguagem”, coordenada pela professora Fernanda Mussalim, do Instituto de Letras e Linguística (Ileel/UFU).
O processo de tradução de uma obra acontece em algumas etapas. No Brasil, para realizar a tradução de um livro, é preciso, primeiramente, negociar os direitos da publicação com o seu detentor, que pode estar sob posse do autor, da editora ou de alguma fundação. Na sequência, são avaliados o potencial do livro a ser publicado e a aptidão do tradutor para concluir o trabalho.
A coleção “Tradução de Estudos da Linguagem” é voltada para a publicação de traduções de clássicos da linguística que ainda não foram publicados no Brasil, textos mais contemporâneos do campo da linguística que possuem relevância teórica analítica para os estudos da linguagem. Assim como clássicos de outras áreas que afetaram e afetam as teorizações sobre a linguagem, produzidos no interior do campo da linguística, e também textos contemporâneos produzidos em outros campos do saber que tenham relevância para a linguística.
O conselho editorial da série é composto por nomes relevantes da linguística de várias regiões do Brasil e exterior, como: Carlos Magno - Universidade de Brasília (UnB); Beth Brait - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); Norma Discini - Universidade de São Paulo (USP); Jean Jacques Courtine - Université de Lyon (França); Dominique Maingueneau - Université Paris - Sorbonne, Paris IV (França); e Joaquim Dolz - Universidade de Genebra (Suíça).
Para a docente Fernanda Mussalim, “as traduções possibilitam a circulação de uma obra no país, de forma mais abrangente, sendo uma ação de política acadêmica, com grande relevância nos distintos campos que ela impacta diretamente". Ela acrescenta que este tipo de trabalho possibilita que as ideias e o quadro teórico de um autor sejam conhecidos pelo grande público.
As editoras universitárias incentivam a realização de traduções e atuam na sua difusão, sobretudo de grandes clássicos, sendo, em geral, os livros mais procurados do seu catálogo. “As traduções publicadas por uma editora universitária são muito bem cuidadas. Além disso, embora não haja uma grande venda em seu lançamento, as traduções de textos clássicos são continuamente procuradas ao longo do tempo”, afirma Alexandre Guimarães, diretor da Edufu.
Novo lançamento
Com o intuito de ampliar o acesso ao conhecimento, as editoras universitárias publicam títulos que não têm apelo comercial imediato, mas cujo potencial formador e educativo é considerável. A partir do contínuo esforço de composição do acervo de traduções das obras clássicas, como também pelo aporte de recursos que possibilitam a redução do custo do livro, um texto inacessível pela língua e pelo custo da sua tradução se torna acessível. Busca-se, assim, facilitar o acesso e ampliar o seu público, promovendo a disseminação e a popularização do conhecimento.
Neste sentido, surge a tradução da obra “As leis”, do renomado filósofo, escritor e político romano Marco Túlio Cícero. Lançado pela Edufu, em coedição com a Editora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o trabalho integra a coleção do estudo acadêmico coordenada por Marcos César Seneda, professor associado do Instituto de Filosofia (Ifilo/UFU).
Dentre os principais objetivos da coleção, estão publicar textos da área de filosofia, formar um acervo de clássicos em Língua Portuguesa e incentivar, ao constituir um público cultivado, o trabalho rigoroso de tradutores de larga experiência e capacitação.
Em breve, o livro 'As leis” será lançado e estará disponível na livraria da Edufu.
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