Publicado em 11/01/2023 às 11:50 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:39
Hepatites virais podem levar a altas taxas de mortalidade, se não forem tratadas e nem diagnosticadas precocemente. (Arte: Ludimila de Castro).
As hepatites virais são infecções que acometem o fígado e podem ser identificadas a partir de sinais e sintomas, como: dor abdominal, episódios de náuseas e vômitos e pele mais amarelada, que podem levar a altas taxas de mortalidade se não forem tratadas e nem diagnosticadas precocemente. Durante nossa pesquisa, buscamos dados do Ministério da Saúde que nos revelaram a ocorrência de muitos casos e óbitos de hepatites virais nos municípios de Minas Gerais desde o ano 2000.
Dentro desse contexto, nosso estudo teve o objetivo de compreender o cenário das hepatites virais em Juiz de Fora, a partir de dados coletados no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). Posteriormente, para analisar os dados coletados, calculamos a incidência do número de casos confirmados das hepatites provocadas pelos vírus A, B e C, considerando também o sexo [ao nascimento], a faixa etária, o modo de transmissão e outros.
Os resultados desta pesquisa foram publicados como artigo original na SANARE: Revista de Políticas Públicas em 29/12/2022, intitulado "Epidemiologia e possíveis intervenções para as hepatites virais em Juiz de Fora, Minas Gerais".
Em nosso estudo, detectamos que, em Juiz de Fora, as maiores frequências de casos foram de 65,71%, 59,31% e 53,98%, respectivamente, nas hepatites virais do tipo A, B e C, e ocorreram em pessoas do sexo masculino, o que pode estar relacionado à menor procurar de serviços de saúde por esses indivíduos e a realização de modo ineficiente de medidas de prevenção e autocuidado em comparação aos indivíduos do sexo feminino.
Além disso, as frequências de casos das hepatites A e B foram, nesta ordem, 51,43% e 40,00% em indivíduos na faixa etária entre 20 a 39 anos, enquanto 58,2% dos casos acometeram pessoas da idade entre 40 a 59 anos. A predominância das hepatites em indivíduos dessas faixas etárias pode reduzir a quantidade de pessoas em idade ativa, ou seja, capazes de realizar atividades profissionais, devido aos prejuízos provocados por essas infecções.
Em relação aos meios de transmissão dessas infecções, evidenciamos que 74,29% dos casos de hepatite A foram transmitidos por meio da ingestão de água e alimentos. Ademais, detectamos que, 21,38% e 20,75% dos casos de hepatite B e C, respectivamente, foram transmitidos pelas vias sexual e transfusional.
Posteriormente à análise dos dados, realizamos uma revisão integrativa da literatura, na qual obtivemos sete artigos que apresentavam ações de intervenção, que poderiam ser realizadas para reduzir a transmissão e a gravidade das hepatites virais. A partir desses estudos, realizamos a construção de propostas de intervenções possíveis de serem aplicadas no município de Juiz de Fora, como a realização de vacinação, de testes sorológicos para avaliar a ação das células de defesas humanas contra os vírus das hepatites A, B e C, de distribuição de preservativos sexuais e de capacitação profissionais, por meio de palestras e rodas de conversas que abordassem as formas de transmissão dessas doenças.
Além disso, detalhamos os recursos necessários para realização dessas propostas e os resultados que esperamos, caso essas propostas fossem aplicadas, como aprimorar o conhecimento dos profissionais e da população a respeito das hepatites, o estímulo à aplicação de medidas de prevenção e à redução do número de casos.
Nosso estudo é limitado pelo número elevado de casos classificados como “ignorados” pelo SINAN, nos quais não houve detalhamento das formas de transmissão. Além disso, nosso estudo é limitado ao número reduzido de artigos relacionados à temática de hepatites virais encontrados, durante a busca nos bancos de estudos científicos.
O presente estudo contribuiu para compreensão do cenário das hepatites virais em Juiz de Fora e para o desenvolvimento de intervenções que possam reduzir a transmissão, o número de casos e a gravidade dessas doenças neste município como, também, incentivar a população a praticar medidas para prevenção dessas infecções.
*Laura Paranhos Couto da Costa, João Paulo Moreira Fernandes e Nikolas Lisboa Coda Dias são discentes do curso de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Letícia Martins Okada e Stefan Vilges de Oliveira são docentes do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina (Famed/UFU).
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