Estudo desenvolve tratamento a bactérias multirresistentes

Pesquisa abre novos rumos para o tratamento de doenças causadas por bactérias. (Foto: Arquivo Pessoal)

Nos últimos anos, a resistência bacteriana aos antibióticos comercialmente disponíveis tem sido responsável por causar infecções graves (pneumonia, meningite, infecções de corrente sanguínea, infecções de feridas e de sítio cirúrgico) em pacientes hospitalizados. Por serem de difícil tratamento, podem evoluir para um quadro de infecção generalizada, sepse e óbito

Há uma previsão de que, até 2030, no Brasil, as infecções bacterianas sejam mais letais que o câncer. Por isso, têm sido motivo de preocupação para a saúde pública em todo o mundo. Nesse sentido é urgente a descoberta de novos compostos eficazes contra estes microrganismos.

Durante o meu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Genética e Bioquímica do Instituto de Biotecnologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), após uma longa triagem de diferentes óleos vegetais e essenciais, desenvolvemos uma nanoformulação natural que encapsula óleo essencial e possui atividade contra espécies bacterianas multirresistentes isoladas de humanos. Esta formulação foi recentemente patenteada e é integrante do Projeto Auxílio da Chamada CNPq/MCTI/CT-Saúde Nº 52/2022 - Ações em Ciência, Tecnologia e Inovação para o enfrentamento da Resistência Antimicrobiana (408640/2022-7) coordenado pela minha orientadora, Dra. Lígia Nunes de Morais Ribeiro.

O projeto conta com uma colaboração multidisciplinar, envolvendo a Dra. Luciana Machado Bastos (co-orientadora), Dra. B. Beatriz Fonseca e Dra. Rosineide Marques Ribas, sendo executado no Laboratório de Nanobiotecnologia Prof. Dr. Luiz Ricardo Goulart Filho da Universidade Federal de Uberlândia.

As formulações apresentaram estabilidade físico-química a longo prazo (um ano), biocompatibilidade em modelo biológico alternativo de embrião de galinha e eficácia antibacteriana in vitro contra diferentes espécies bacterianas multirresistentes isoladas de humanos.

A partir dos resultados promissores obtidos até o momento iremos seguir com estudos de eficácia in vivo em diferentes modelos biológicos para dar continuidade no desenvolvimento de uma formulação eficaz, segura, de baixo custo e escalonável que possa ser destinada para aplicações biomédicas e para sanitização de ambientes hospitalares, para que seja viável de ser futuramente oferecida pelo Sistema Único de Saúde.

* Elenice Francisco da Silva é discente do Programa de Pós Graduação em Genética e Bioquímica da Universidade Federal de Uberlândia e Lígia Nunes de Morais Ribeiro é bolsista de pós-doutorado da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia e Docente no Instituto de Biotecnologia da mesma Universidade

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