Duas histórias que caminham juntas

A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) foi fundada em 1950, porém só veio a ser federalizada em 1977, exatamente no mesmo período em que o Coral da UFU foi criado. A primeira apresentação do grupo em público já ocorreu em maio daquele ano. Então, 2023 é, com certeza, um marco para a história da UFU e do seu coral.

Assim que a universidade foi federalizada, instituiu-se a nova organização em departamentos e três centros: Ciências Exatas e Tecnológicas (Cetec); Ciências Humanas, Letras e Artes (Cehar); e Ciências Biomédicas (Cebim). Logo, em 1980, a UFU já se tornava referência nos meios universitários regionais. Chegando a 2013 com 32 institutos acadêmicos e 68 cursos de graduação; e 37 programas de pós-graduação, que ofereciam 33 cursos de mestrado acadêmico, quatro cursos de mestrado profissional e 19 cursos de doutorado, espalhados nos campi de quatro cidades: Uberlândia, Monte Carmelo, Ituiutaba e Patos de Minas.

O Coral da UFU sempre caminhou ao lado da história da Universidade Federal de Uberlândia. Primeiro corpo artístico da instituição, é o único que está em funcionamento há mais de 45 anos. Portanto, a história da UFU se confunde com a história do coral.

Atual diretor de Cultura da instituição, o professor Alexandre Molina conta que "ao longo dessa trajetória, o Coral da UFU esteve presente nos principais momentos da história institucional da universidade e tem representado parte da cultura nela produzida; a cada apresentação, o coral nutre nossa comunidade com arte e nos convida a perceber o mundo à nossa volta com mais sensibilidade”.

Neste viés, a professora aposentada Edmar Ferretti, que é ex-regente do coral, acrescenta: “É importante, porque um sempre incentivou o outro; ambos produziram e levaram cultura para a universidade. A UFU e o coral se sustentam, de maneira que um transforma o outro, e para melhor!”

O Coral

“O coral é da Universidade Federal de Uberlândia e espero que nunca venha a morrer; que continue divulgando vozes” - Edmar Ferretti, ex-regente do Coral da UFU e professora aposentada da Universidade Federal de Uberlândia.

A primeira apresentação do Coral da UFU, em 1977, teve regência de seu idealizador, o professor Carlos Alberto Storti. A estreia diante do público ocorreu durante a primeira assembleia da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, com o cenário “a Cavalleria Rusticana”, no belo salão do Uberlândia Clube.

Primeira apresentação pública do Coral da UFU, em 1977. (Foto: Arquivo UFU)

Em outubro de 1981, a regência do coral foi assumida pela professora e musicista Edmar Ferretti. Ela relata como recebeu esta missão: “Eu era professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) e trabalhava na Assessoria de Cultura da Secretaria Municipal de Cultura. Não estava muito contente com o direcionamento do meu trabalho. E, quando houve o interesse do departamento na área de canto, eles me convidaram para integrar a banca. Daí eu me perguntei: por que não?”

Edmar Ferretti, professora aposentada e ex-regente do Coral da UFU. (Foto: Arquivo UFU)

Edmar define o Coral da UFU como um lugar de sentimentos, onde viveu muitos momentos bons. Podemos mostrar esse sentimento pela parede da sala onde acontecem os ensaios do coral e estão diversos registros de toda a sua trajetória. Particularmente, há um quadro que registra bem este período.

Mesmo com uma trajetória de mais de quatro décadas, com cerca de 15 óperas, além de mais de 40 espetáculos cênico-musicais e outras dezenas de recitais de autores brasileiros e universais, o coral só veio a ser institucionalizado, em março de 2018, quando o Conselho de  Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis (Consex/UFU) aprovou sua Resolução nº 01/2018 - que criou o Regimento Interno do Coral da Universidade Federal de Uberlândia. Este processo de institucionalização, ainda que tardio, garantiu, a partir daí, o funcionamento e a permanência deste corpo artístico na universidade, amparando legalmente as proposições de suas ações e avançando para seu fortalecimento e ampliação.

Hoje, sob a supervisão da Diretoria de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Dicult/Proexc), o coral atua como instrumento de política pública, que age para estimular com ações culturais as comunidades universitária e local, criando um debate importante entre o centro acadêmico e o corpo social.

Histórias

Foto: Milton Santos

O grupo não é apenas um lugar para cantar, vai além. Nesses 45 anos, inúmeras pessoas compuseram o corpo do coral e cada pessoa que ali passou deixou uma parte de si, assim somando com sua história.

O sentimento que corre hoje é o de acolhimento; os integrantes vêem o coral como um lar. A bolsista de extensão Letícia Queiroz Martins, estudante do curso de Ciência Sociais, está presente no grupo há 10 meses. Ela avalia que o coral é uma grande oportunidade. E destaca: "Quando entrei como bolsista não esperava perceber o quanto essa experiência ia me engrandecer como pessoa. É ótimo trabalhar com todas as pessoas de lá; por isso, foi uma coisa muito boa que apareceu na minha vida.”

Letícia Queiroz Martins, bolsista do coral. (Foto: Arquivo pessoal)

Ricardo Moreira cursa Música, com especialização em Canto Erudito, e entrou no coral em 2013. Entre pausas e retornos ao projeto, hoje também é um dos seus bolsistas. “Antes atuava como cantor amador, estudando por amor e, claro, pela oportunidade que o coral sempre deu a quem procura envolvimento com a música. Sendo assim, hoje sou pela primeira vez remunerado, ocupando esse papel na área a que me dedico todos os dias", comenta.

"Fico muito muito feliz com esse carinho, esse amor pelo coral. Foi como uma jornada, nos proporcionando muitos afetos, relacionamentos, dedicação e disciplina ao lado da Edmar, do Jofre e, agora, dando adeus ao nosso atual regente, o Bruno. Estou feliz e com muita força para partilhar mais um ano ao lado do coral”, destaca Moreira.

Ricardo Moreira, estudante de Música. (Foto: Arquivo pessoal)

Alexandre Molina também tece os seus elogios. “O Coral da UFU é o corpo artístico mais longevo desta universidade e, ao longo de sua existência, tem presenteado a comunidade acadêmica e a sociedade em geral com um belíssimo trabalho, a partir do canto coral. Apesar dos grandes desafios encontrados para mantê-lo em atividade, nos últimos anos a UFU avançou no processo de institucionalização do coral e na organização de seu funcionamento”, ressalta o diretor de Cultura.

Alexandre Molina, diretor de Cultura da UFU. (Foto: Arquivo pessoal)

Perguntado sobre os planos para o projeto, Molina diz: “Para os próximos anos, seguiremos no propósito de fortalecer a atuação do coral, ampliando o seu número de integrantes e atuando na qualificação das cantoras e cantores, através de cursos e oficinas na área.”

Podemos ver que essa é uma história que ainda está no seu emergir, que vai prospectar muitos momentos. Confira, nos vídeos abaixos, duas apresentações recentes do Coral da UFU:

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