Pular para o conteúdo principal
#ESPECIALUFU45

Mais que um bom lugar para ler um livro

Bibliotecas da UFU são equipamentos socioculturais das cidades onde se encontram

Publicado em 09/05/2023 às 10:12 - Atualizado em 22/08/2023 às 17:04

Desde as primeiras bibliotecas, datadas de A.C, essa palavra tem sido empregada para designar um local onde se armazenam livros (tradução do grego da palavra). As bibliotecas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) surgiram assim, pois junto com sua federalização, foi o motivo de, em 1976, acontecer a junção dos acervos de oito faculdades da cidade no Campus Santa Môncia, surgindo assim, a primeira biblioteca da UFU. Tornou-se um só sistema em 1989, com a criação do Sistema de Bibliotecas (Sisbi), que unificou e centralizou todas as aquisições e processamentos técnicos desses espaços.

E, aos poucos elas, foram se expandindo. A primeira unidade setorieal foi a Biblioteca Setorial da Educação Básica. Seguida, em 1990, pela Biblioteca Setorial Educação Física. Em 1991, foram inauguradas as bibliotecas Central Santa Mônica e Setorial Umuarama. Já em 2007 foi a vez da Biblioteca Setorial Pontal, em Ituiutaba - primeira fora da cidade de Uberlândia.

Com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a UFU expandiu-se no Pontal do Triângulo Mineiro e, com isso, também cresceram as suas bibliotecas. Em 2011 aconteceram as inaugurações da Biblioteca Setorial Monte Carmelo e da Biblioteca Setorial Patos de Minas. Em 2012 foi a vez da inauguração da Biblioteca Setorial Hospital de Clínicas “Professor Ivan Miranda Vieira”. Em 2018, veio a Biblioteca Setorial Glória. Em 2019, a inovação foi com o Espaço Biblioteca de Tecnologias Assistivas, buscando abranger maior número de pessoas da comunidade.

Notoriamente, as bibliotecas nem sempre foram utilizadas só para armazenagem de livros. A história escrita já passou por diversos suportes e formatos, seguindo a tecnologia disponível à época. Já foram usados materiais como papiro em rolo, tabletas de argila, os famosos pergaminhos e os códices. Assim, também acontece com as nove bibliotecas da UFU: sete universitárias, presentes nos campi Santa Mônica, Umuarama, Educação Física, Pontal, Patos de Minas, Monte Carmelo e Glória; uma no Hospital de Clínicas e uma na Escola de Educação Básica (Eseba). Todos esses espaços vão além do empréstimo de livros; são mais de 60 serviços oferecidos à comunidade. Como o empréstimo gratuito de notebooks, leitores digitais e iPads. Espaços de estudo em grupo, ilhas multimídia e de pesquisa, espaço audiovisual e vários planetários para o autoatendimento. Treinamentos presenciais para toda a comunidade universitária, saraus e exibições de filmes, e na Semana Nacional do Livro e da Biblioteca acontece uma programação especial com mesas de debates, rodas de conversa e espaços de interação.

Autoempréstimo / autodevolução. (Imagem: divulgação)

Para acompanhar o cenário contemporâneo com tantas tecnologias e possibilidades, de acordo com a atual diretora da Biblioteca Central Santa Mônica, Maira Nani Goulart, o desafio é o compromisso das bibliotecas em disponibilizar ao usuário o mesmo conteúdo nos mais diversos formatos. Por exemplo, a estória de 'Romeu e Julieta' ser encontrada "em CD, em VHS, em livro impresso, em livro digital, pois dependendo do momento que ele (o usuário) vai até a biblioteca ele vai precisar do material impresso. Ou, às vezes, ele quer ver um filme daquele mesmo conteúdo relacionado, mas dependendo de onde ele está, se ele é um aluno de Educação a Distância, para ele é melhor no formato digital”, exemplifica a diretora.

A implementação das tecnologias dos “autosserviços”, como o autoempréstimo e a autodevolução, o scanner planetário e as etiquetas de radiofrequência foram implementadas entre os anos de 2008 e 2012. “Foi um grande momento para o Sistema de Bibliotecas, como um todo”, destaca a diretora. Ela salienta ainda que, atualmente, em levantamento realizado em pós-período pandêmico, identificou-se que 80% dos serviços que a biblioteca oferece podem ser consumidos a distância.

Biblioteca da Eseba. (Foto: Milton Santos)

 

Ler para conhecer

Se a biblioteca da Eseba foi a primeira setorial da UFU, é preciso destacar a importância do incentivo à leitura nas fases iniciais da educação formal. A escola é um Colégio de Aplicação da Educação Infantil (EI) e faz parte do sistema de Ensino do 1º Ciclo. Valdenice de Fátima Faria, gestora da Biblioteca Setorial Educação Básica, resume: “É um público totalmente diferente, mas tão importante quanto, pois é desde a infância que sentimos a importância de incentivar a leitura e formar novos leitores”.

Em 2008, com a informatização e automação do acervo das bibliotecas, foi possível fazer a avaliação completa do acervo existente. Faria relata que foi assim que perceberam que as obras, em sua maioria doações, não atendiam o público. Em 2009 começaram a atualizar o acervo. “Obras novas, interessantes, coloridas, com assuntos atualizados, coleções do momento completas, obras por gênero de acordo com as demandas dos professores”, discorre a gestora da biblioteca.

É, também, a partir de 2009 que, em parceria com os professores, o setor começa a conceder empréstimo de obras para alunos de todos os períodos. “Pensava-se que as obras seriam danificadas, ou não teriam interesse, ou que os pais não ajudariam em casa. Mas foi bem o contrário. O momento da biblioteca passou a ocupar um horário de aula normal. Livros que podiam ser manuseados e escolhidos, conforme o gosto do leitor”, destaca Faria. Os alunos têm carteirinhas com foto e são quase 980 os que circulam semanalmente na biblioteca - que também atende ao Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) no período noturno.

Ilha de Pesquisa da Biblioteca do Umuarama. (Imagem: Divulgação)

 

'Procure algo que você goste para, assim, a leitura se tornar um hábito prazeroso'

Com este conselho, Valdenice de Fátima Faria tenta ajudar aqueles que têm mais dificuldade na leitura ou não possuem tanto apreço em ler. Há livros de todos os gêneros: fábulas, poesias, clássicos, crônicas, clássicos recontados para público infanto-juvenil, obras de pesquisa, dicionários, gramáticas, literatura em Inglês, Espanhol e Francês. Há também obras em Braille, áudio-livros, texto letra aumentada, 3D, cartonados, livro travesseiro (tecido) e livros sonoros. “Assim, para atender nossos estudantes com deficiência, promovendo a inclusão destes no espaço da leitura”, evidencia a gestora.

Com o passar do tempo, com o público que frequenta a biblioteca crescendo e passando para períodos superiores, essas crianças começam a se interessar por séries produzidas para  plataforma digitais e têm a curiosidade de ler os livros em que se baseiam. Por isso, é preciso estar em constante atualização. “Até mangás já estamos adquirindo para o público juvenil. Também temos disponíveis para nossos alunos, para uso local, notebooks e e-readers. Quanto aos CDs e DVDs são emprestados para uso domiciliar”, declara.

Dia da turma do 1० Período escolher um livro para pegar emprestado na biblioteca da Eseba. (Foto: Milton Santos)

 

Mais que um ‘depósito de livros’

O Sisbi oferece treinamentos presenciais para toda a comunidade universitária. São oficinas com diferentes objetivos; a pesquisa em base de dados, por exemplo, capacita o usuário para investigação de dados científicos e buscadores especializados para recuperação da informação. A oficina de normalização de trabalhos técnicos científicos apresenta as normas da ABNT para padronização de trabalhos acadêmicos. No site, os usuários têm acesso às produções técnicas, culturais, artísticas, administrativas e tecnológicas da própria universidade.

Há vários projetos realizados pelas bibliotecas. Como o Bookcrossing e o Sarau Sons Poéticos. O primeiro é uma iniciativa que surgiu na UFU em 2014 e está ativa até os dias atuais. Consiste em deixar um livro em local público para ser encontrado e lido por outro leitor que, por sua vez, deverá fazer o mesmo. O objetivo é disseminar a prática da leitura, transformando o mundo em biblioteca. Está na entrada de todas as bibliotecas da UFU. Já o sarau surgiu com o objetivo de oferecer aos músicos, artistas e poetas a oportunidade de se apresentarem em um espaço cultural que visa a valorização da arte e literatura. Sua coordenadora e também idealizadora, Valéria Resende Teixeira, conta que a primeira edição do projeto aconteceu em maio de 2016. Atualmente, com 33 edições realizadas, ocorre nos formatos presencial, virtual e itinerante.

Na Eseba há atividades extras, como jogos, caça-livros, adivinhas, trabalhos manuais, desenhos livres, impressos, bate-papo e curiosidades. Atividades em datas comemorativas, como a Semana do Livro Infantil, a Semana do Folclore e a Semana da Biblioteca, com exposições de alunos e ex-alunos no próprio espaço.

Yasmin Oliveira tem 10 anos e é estudante do 6० Ano. Ela frequenta a biblioteca para assistir a vídeos on-line no computador disponível aos alunos, jogar on-line e ler. Também aproveitou para ver a exposição de desenhos de “Sacis” que os alunos atualmente cursando o 9० Ano fizeram em 2017. “Dá para fazer muita coisa aqui”, disse a menina. Ela ainda mostrou suas séries de livros favoritas: “Diário de uma garota nada popular”, de Rachel Renée Russell, e “Querido Diário Otário”, de Jim Benton.

 

33ª Edição do Sarau Sons Poéticos que, na modalidade itineirante, aconteceu no Complexo de Extensão e Cultura Olívia Calábria. (Foto: Milton Santos)

 

Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.

 

>>> Leia também:

Palavras-chave: #especialUFU45 Bibliotecas UFU Biblioteca Eseba biblioteccas 45 anos sisbi UFU sophia ufu

A11y