Aplausos a quem promove ações interativas e de visibilidade

Da esquerda para a direita: vereadora Cláudia Guerra, professora Ivete Almeida e vereador Igino Marcos. (Foto: Isabelle Vitória)

A coordenadora do Centro de Memória da Cultura Negra Graça do Aché, professora Ivete Almeida, recebeu na última sexta-feira (28/7), durante a sexta edição do Projeto Chá das Pretas, uma Moção de Aplauso da Câmara Municipal de Uberlândia. O evento foi realizado na Oficina Cultural, entre os dias 25 a 29 de julho.

Entre as atividades, a exposição fotográfica "Mulheres de Ontem, Hoje e de Amanhã"; um bate-papo interativo, homenagens a mulheres de Uberlândia e região – porque a mulher negra se reinventa todos os minutos, para ser no mínimo cinco vezes melhor e ser aceita pela sociedade em qualquer atividade, além de palestra e a Feira Preta. 

A homenagem concedida à professora Ivete Almeida ocorreu pelos trabalhos que ela realiza junto à temática da cultura afro-brasileira no ensino, pesquisa e extensão, à frente do Graça do Aché. Este espaço é um equipamento cultural da Diretoria de Cultura (Dicult), da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc), que tem por finalidade atuar como promotor de ações que visem ao fortalecimento da cultura negra em Uberlândia e região, além de contribuir com o processo de conscientização da responsabilidade social, do respeito às diferenças étnico-raciais e na promoção da cultura e história afro-brasileira. ​

Outras 29 pessoas que também se destacaram em diversas áreas receberam a Moção de Aplauso. "Esta homenagem representa o reconhecimento da comunidade uberlandense, na figura de seus representantes da Câmara dos Vereadores, parabenizando e demonstrando a relevância das ações realizadas no Graça”, comemorou a coordenadora.

Projeto Chá das Pretas

De acordo com Susilene Feoli, o Chá das Pretas surgiu na construção dos seus argumentos para a dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Artes, em 2016, sobre o tema “Rute de Souza, mulher, atriz, negra”. Neste trabalho, de acordo com a atriz, ela fala da solidão em ser única na trajetória acadêmica, nos enfrentamentos que teve no mercado de trabalho, por ser  mulher negra, e na dificuldade maior ainda, por ser mulher negra e atriz. Com o resultado da dissertação, de acordo com Susilene, “juntei meus caquinhos, sacudi a poeira e dei a volta por cima”.

'É importante estar falando sobre... 50 anos se passaram da minha história para história da Ruth de Souza e ela se assemelha, se repete e vai continuar se repetindo, por alguns anos, em função da gente não estar falando. Isso tudo me impulsionou a falar sobre isso no mestrado e dar continuidade nos projetos que realizo'

Atualmente, a atriz participa de diversos do Movimento Negro, inclusive o do Chá das Pretas, mulheres que discutem ações interativas de visibilidade do negro, regionalmente. “A história da mulher negra sempre foi contada pelo outro, através do olhar do outro, com o sentimento do outro, que, além de adjetivar as mulheres, descredenciavam suas falas, as condicionando à sombra. O 'Projeto Chá das Pretas' tem como intuito visibilizar mulheres negras de referência em suas diversidades profissionais, de ensino, saúde, arte, religiosidade, pesquisa, práticas domésticas e tantas outras mais. Dar voz às suas falas, às suas histórias, homenagear estas mulheres negras, através de ações como esta Moção de Aplauso, publicação de artigos, exposição de fotografia, de histórias, representação de peças, roteiro de filmes, contação de histórias; tudo para reconhecer suas reminiscências, respeitar seus corpos e inscritas em suas peles”, explica.

Ainda, de acordo com "Susi", essas ações contribuem para que as mulheres negras ocupem espaços e que seu legado seja visível à sociedade. “Este projeto quer ver a mulher preta ser o que ela quiser ser, inclusive protagonista de sua história. Neste sentido, a respeitamos e reconhecemos seu legado. Por isso, com uma Moção de Aplauso, queremos que ela tenha visibilidade; por isto, a exposição de fotografias. Fazemos levantamento de informações para que ela conte sua história; por isto, a protagonizamos. Seus conhecimentos devem servir de troca de bate-papo, de palestras de saberes”, destaca a atriz. E acrescenta: "Finalizo, pontuando que não quero mais falar do que não posso fazer, mas fazer aquilo que posso mudar."

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