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Acervo

Aprovada a criação do Centro de Pesquisa, Documentação e Memória do Pontal como órgão complementar do Instituto de Ciências Humanas do Pontal da UFU

Objetivo central do projeto é preservar a memória e a história do município de Ituiutaba e região, por meio da conservação do patrimônio documental

Publicado em 19/10/2023 às 17:17 - Atualizado em 30/10/2023 às 08:42

Logo do Cepdomp. (Divulgação/Reprodução)

 

No último dia 29 de setembro, foi aprovada a criação do Centro de Pesquisa, Documentação e Memória do Pontal (Cepdomp), designado como órgão complementar do Instituto de Ciências Humanas do Pontal da Universidade Federal de Uberlândia (ICHPO/UFU). Embora a institucionalização tenha sido recente, essa proposta foi iniciada no ano de 2007, como subprojeto, em resposta ao edital do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT-Infra/Finep/Ação Transversal – Campi Regionais – 03/2007, quando foi contemplado com o espaço físico. A organização se deu a partir de maio de 2012, quando o prédio, resultado do CT-Infra I, foi entregue.

O Cepdomp caracteriza-se como um centro de documentação universitário, programa em que o ensino, a pesquisa e a extensão acontecem de forma interligada. A temática do centro é a preservação da memória e da história do município de Ituiutaba e região. Seu principal trabalho é reunir, organizar, preservar e disponibilizar documentos históricos para discentes, professores, pesquisadores e comunidade, visando à produção do conhecimento sobre a localização, nas mais diversas áreas, além de subsidiar o ensino.

Os objetivos do Cepdomp são pautados em: promover a preservação da memória e da história regional, por meio da conservação do patrimônio documental; articular o ensino, a pesquisa e a extensão, de forma indissociável, contribuindo com o processo de formação dos discentes; e colaborar com a produção do conhecimento e com o serviço à comunidade.

 

Espaço físico do Centro de Pesquisa, Documentação e Memória do Pontal mostra arquivos expostos sobre a mesa e cadeira em volta
Espaço físico do Centro de Pesquisa, Documentação e Memória do Pontal (Cepdomp). (Imagem: Facebook/Acervo)

 

Cronologia

A coordenadora do centro e também professora do ICHPO/UFU, Dalva Oliveira, explica que essa proposta teve uma trajetória diferente dos órgãos que são desenvolvidos atualmente. Ele foi criado e organizado, sendo institucionalizado apenas recentemente. 

Após a sua criação, foram executados os projetos “Memória, História e Cidadania” e o Programa de Extensão Integração da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Peic/Proexc/UFU), entre 2008 e 2011. Essas ações promoveram cursos e oficinas sobre educação patrimonial, direcionada à preservação de documentos e organização de instituições de guarda. Durante esse período, também foi realizado o levantamento dos arquivos de instituições públicas de Ituiutaba e região, com produção de algumas cópias para compor o acervo do futuro centro. 

A partir de 2012, foram produzidos um projeto e dois programas de extensão financiados pelo Programa de Apoio à Extensão Universitária (Proext/MEC). Entre os anos de 2018 a 2022, o trabalho no centro foi exercido por meio de projetos Peic/Proexc/UFU.

Oliveira conta que, durante esse período, foi reunido um acervo significativo, composto por um Fundo Municipal, sendo: cópias digitais de documentos produzidos nas primeiras décadas, após a emancipação do município de Ituiutaba; digitalização de uma coleção de jornais que circularam na região, organizada pela Prefeitura de Ituiutaba – que vai de 1949 a 2007; e digitalização de Atas da Câmara Municipal. Também, foram agrupadas algumas coleções particulares, doadas por famílias de Ituiutaba – Família Cruz, Hélio Benício de Paiva e Rodolfo Leite de Oliveira -, além de uma série de livros de autores tijucanos, da Editora Egil. 

Ainda de acordo com Oliveira, o Cepdomp tem outra coleção particular em processo de doação/constituição, sendo este o arquivo da primeira escritora profissional da cidade de Ituiutaba, Alciene Ribeiro Leite, que já realizou a doação de algumas obras para o acervo. “O tratamento, digitalização e organização do acervo é um trabalho lento e contínuo”, destaca. Além do serviço de organização dos arquivos, a coordenadora comenta que também estão sendo atendidos muitos pesquisadores, da academia e da comunidade, de forma individual, pois o centro não dispõe de espaço físico suficiente para atendimento ao público.

A fim de promover a preservação da documentação e da memória de Ituiutaba, tal espaço foi projetado com uma dupla proposta: pautar a discussão sobre a importância de uma política de preservação do patrimônio histórico e cultural na região, por meio da educação patrimonial e da promoção de cursos e oficinas; e, ainda, promover o levantamento de fontes documentais em instituições públicas, visando à produção de cópias, reunião de coleções particulares e disponibilização do acervo documental a pesquisadores e à comunidade.

“O Cepdomp respondeu a uma necessidade e aspiração de longa data, compartilhada por todos que já se dedicaram ao trabalho de pesquisa sobre Ituiutaba e região do Pontal do Triângulo Mineiro, e que vivenciaram dificuldades para acesso às fontes”, declara Oliveira. 

 

Contribuições para além da universidade

Como instituição de guarda, a coordenadora enfatiza que o Cepdomp colabora para a formação profissional do historiador, dos discentes que atuarem como bolsistas e voluntários de extensão e, ainda, como local para a realização dos estágios do bacharelado em História. Oliveira acentua que “em Ituiutaba, ainda não há um arquivo público organizado e aberto ao público; portanto, o centro tem cumprido uma função muito importante nesse aspecto”.

Para a comunidade, o trabalho realizado pelos projetos de extensão executados ao longo do tempo dá ênfase para que seja considerada a importância da preservação da memória local, conscientizando sobre o significado de documentos pessoais e familiares. “Muitas vezes [os arquivos], são descartados; porém, se preservados, podem ser fontes para inúmeras pesquisas e para a produção do conhecimento sobre a região, o que se torna fundamental à conquista da cidadania plena de uma comunidade”, reforça Oliveira.

No ano de 2018, foi lançado pela Editora da Universidade Federal de Uberlândia (Edufu) um livro sobre a história da formação do município de Ituiutaba, a partir de um manuscrito que compõe o amplo acervo doado pela família do advogado e pesquisador autodidata Hélio Benício de Paiva: “Memórias, Histórias e Crônicas Tijucanas: publicações póstumas de Hélio Benício de Paiva”. O arquivo é composto por 25 capítulos escritos por ele, além de artigos de pesquisadores que utilizaram o seu arquivo e produziram entrevistas orais com o advogado sobre temáticas locais. O lançamento do livro foi prestigiado por um público numeroso da comunidade local, causando o esgotamento dos exemplares na cerimônia de lançamento.

 

Próximos passos

Oliveira expõe que o principal desafio, neste ano de 2023, é manter o centro funcionando. “Por falta de recursos, estamos sem bolsistas e, como não temos servidores lotados no Cepdomp, a continuidade do trabalho foi bastante prejudicada”, afirma.

A coordenadora diz, ainda, que o atendimento à comunidade ficou comprometido, mas está aguardando o lançamento de novos editais para captar recursos e retomar o funcionamento regular das atividades. Com altas expectativas, ela frisa que outro caminho a ser trilhado é a disponibilização do acervo na web, pois “trará um ganho significativo para a comunidade de pesquisadores e a comunidade em geral”.

 

Parcerias e apoios

Os projetos iniciais foram contemplados com a parceria do Centro de Memória da Universidade Estadual Paulista (Cedem/Unesp), que contribuiu para a realização de cursos e oficinas, por meio da sua coordenadora à época, a professora Célia Reis Camargos.

A partir do ano de 2012, houve a colaboração da historiadora e arquivista Márcia Cristina Carvalho Pazin Vitoriano, docente da Unesp no Campus Marília, que auxiliou com a organização do centro e apresentou minicursos para as comunidades interna e externa à UFU. Oliveira comenta que, devido à pandemia, houve um lapso neste processo e será preciso retomar tais ações.

“Desde o início, contamos com a importante parceria da Prefeitura Municipal de Ituiutaba e da Fundação Cultural e, posteriormente, da Câmara de Vereadores, que disponibilizaram documentos para serem digitalizados, com a finalidade de constituir um acervo digital de documentos históricos importantes”, relata Oliveira. Neste contexto, o intuito, segundo a coordenadora, é facilitar o acesso de pesquisadores e da comunidade a esses arquivos.

 

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