Publicado em 09/09/2025 às 15:18 - Atualizado em 23/09/2025 às 16:07
“Nos últimos anos e décadas, a extensão foi abandonando um viés assistencialista para adotar uma perspectiva de formação integral dos nossos estudantes e se tornar também um eixo articulador entre o ensino e a pesquisa. É uma relação de complementaridade, em que a extensão deixa de ser um elemento acessório nessa tríade [Ensino, Pesquisa e Extensão] para se tornar, junto com os com os outros dois pilares, o protagonista da formação e da produção de conhecimento.”
A declaração é de Florisvaldo Paulo Ribeiro Júnior, docente do Instituto de História (Inhis) e que desde o início deste ano responde pelo comando da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Uberlândia (Proexc/UFU). Uma fala que ganha respaldo nos dados levantados durante as pesquisas para a redação desta reportagem especial para a série “UFU Caminhos”. Eles serão apresentados a partir do próximo parágrafo.
Criado no início da última década, o Setor de Registro e Informação de Extensão (SIEX) emite uma média de 12 mil certificados por mês. O número acumulado, desde a implantação do sistema, já se aproxima da marca de 1,25 milhão de certificados de participação, reunindo mais de: 327 mil em projetos, 61.300 em programas, 181.600 em cursos, 673 mil em eventos, 1.500 em publicações e 4.500 em prestações de serviços.
Para o ano de 2025, o SIEX aponta investimentos de aproximadamente R$ 1,3 milhão, destinados à realização de 2.423 atividades de extensão, sendo que 1.450 delas foram desenvolvidas e encerradas no período de janeiro a agosto, ao passo que as demais 973 atividades cadastradas seguem em andamento, aprovadas e ativas. O quantitativo acumulado de bolsas de extensão oferecidas neste ano, de janeiro a agosto, foi de 1.471.
Elaboradas pela equipe da Pró-Reitoria de Planejamento e Administração (Proplad), as últimas cinco edições do Anuário da UFU evidenciaram o crescimento da presença e atuação da extensão na instituição. Confira, no infográfico abaixo, o comparativo:
Os crescimentos nos quantitativos de bolsistas e pessoas beneficiadas por programas e projetos de extensão também são expressivos. Se o Anuário 2020 apontava, respectivamente, 404.744 e 719.316, na edição referente a 2023 – onde foram registrados os maiores dados nestes quesitos –, estes números chegaram a 1.678.596 e 1.011.797.
Outra fonte robusta de informações com acesso aberto para todas as pessoas que se interessarem pelo assunto está disponível no Portal da Proexc. Trata-se da publicação "Evolução da Extensão na UFU", apresentada com a utilização da ferramenta PowerBI, inclusa no pacote Office365. Para acessar os dados cadastrados no SIEX, de 2010 a 2024, visite: https://proexc.ufu.br/servicos/evolucao-da-extensao-na-ufu. Já para a busca por ações específicas de extensão e cultura constantes na base do SIEX, clique aqui.
Algumas ações de extensão desenvolvidas por docentes, técnicos administrativos e discentes da UFU obtiveram tantos resultados positivos e assumiram tamanha relevância, a ponto de serem institucionalizadas pelo Conselho de Extensão e Cultura (Consex/UFU). Em suma, a transformação em programa institucional confere àquelas ações um caráter permanente.
A seguir, estão listadas as 13 iniciativas que obtiveram este reconhecimento do Consex e mais uma que não resultou em resolução, porém alcançou status semelhante e, por isso, também é citado no Portal da Proexc:
Os programas e projetos de extensão desenvolvidos pela comunidade acadêmica dos sete campi da instituição lançam periodicamente editais para a contratação de bolsistas, bem como para a captação de novos voluntários. O documento geral que rege estes processos é a Política de Extensão da Universidade Federal de Uberlândia – instituída pela Resolução nº 25/2019 do Conselho Universitário (Consun/UFU), em substituição à Resolução nº 04/2009 do Consun.
Os valores e a duração das bolsas oferecidas para discentes de graduação, assim como os auxílios para ações e projetos de extensão e cultura são variáveis e informados em cada edital lançado pela Proexc. Todos os documentos deste tipo de processo seletivo podem ser encontrados no Portal de Editais e Concursos UFU – mais especificamente, na aba “Extensão e Cultura”..
A gratidão, porém, é algo que não tem preço. Pesquisando no arquivo do Comunica UFU, encontramos uma matéria publicada em fevereiro de 2023 e que apresentava o “Tô Passada”, um cursinho preparatório para o Enem voltado para a comunidade LGBTQIA+. O projeto foi idealizado por três amigos e fundado em 2019, com a abertura de edital para formação da primeira turma, em 2020. Além disso, para estruturar o cursinho, foi formada uma equipe de 50 profissionais, com a participação de professores, monitores, assistentes sociais, pedagogos e psicólogos.
Esta iniciativa foi fundamental para que Giovanna Peixoto obtivesse a sonhada aprovação para cursar Física Médica na Universidade Federal de Uberlândia. Foi o que a própria Giovanna narrou na reportagem: “Fiz parte das turmas de 2020 e de 2021 do cursinho, até conseguir a minha aprovação ainda em 2021.” A conquista da vaga no ensino superior gratuito despertou nela o interesse de se tornar voluntária do Tô Passada já em 2022, passando a atuar como monitora da disciplina de Matemática, além de auxiliar na organização da dinâmica do projeto – cujas principais divulgações ocorrem em um perfil no Instagram.
Passados três anos, a vida acadêmica da estudante mudou: ela desistiu de Física Médica e agora cursa o quarto período da Licenciatura em Matemática. O que também mudou foi a rotina de dedicação ao cursinho, que aumentou. “Eu participo da coordenação do projeto, em conjunto com a Fernanda Victor, que é a diretora”, explica.
Giovanna é apenas um dentre vários exemplos da maciça participação feminina no extensionismo praticado na Universidade Federal de Uberlândia. Em março de 2022, o e-book “O Protagonismo Feminino na Extensão da UFU”, de autoria da então diretora de Extensão da UFU, Valéria Maria Rodrigues, apresentou um levantamento da presença de mulheres nas atividades de extensão, comparando os dados entre os anos de 2009 e 2021. “É notório que a presença feminina à frente das atividades de extensão na UFU vem se expandindo a passos largos e conquistando espaço com paridade e igualdade em relação à atuação masculina”, destacou Rodrigues, em entrevista ao Comunica UFU.
Para tentar compreender a visão e as prioridades dos novos gestores da área na UFU, conversamos na última semana com o pró-reitor de Extensão e Cultura, Florisvaldo Paulo Ribeiro Júnior, e com a diretora de Extensão, Maria Andrea Angelotti Carmo. Confira, a seguir, algumas das declarações dadas por eles:
“Acho que essa questão de atrair o estudante para a extensão antes foi um processo um pouco mais difícil. Hoje, nas universidades de maneira geral, esta questão foi, de certa forma, superada com a inserção da extensão currículos. Entendemos que este processo deve se dar de modo a contemplar as ações que já são desenvolvidas nos cursos de graduação e que os estudantes as incorporem na sua formação.” (Maria Andrea Angelotti Carmo)
“Além desse processo de inclusão da extensão nos projetos pedagógicos, temos também o incentivo das agências de fomento para que ela seja inserida nos programas de pós-graduação. Esta proposta já está vigente, só que agora tem o fomento; há dinheiro sendo aportado pelas agências para desenvolver esse projeto. Isso faz parte da integralização dessa formação.” (Florisvaldo Paulo Ribeiro Júnior)
“Meu olhar é muito das humanidades, mas tenho observado que os extensionistas têm recebido uma formação mais completa que os coloca em diálogo com a comunidade e com as questões postas pela sociedade em suas frentes de trabalho e atuação profissional. Este é um processo importante porque notamos uma perspectiva de mudança na formação desse estudante. Ele consegue ver, no diálogo com a comunidade, a construção do conhecimento científico em sua relação direta com saberes e realidades (...) seja lá em qual área for, o estudante consegue perceber essa inserção social, ou seja, que o conhecimento que ele está construindo aqui e ao qual está tendo acesso dialoga com questões sociais.” (Maria Andrea Angelotti Carmo)
“Quando você vai para a pesquisa, é como se deixasse de se preocupar em como comunicá-la, em como trazer o público para entender o processo da produção daquele conhecimento, se nutrir dele e fazer trocas. Os Fóruns de Extensão do Brasil têm realizado uma demanda ligada à pós-graduação, reivindicando que a Capes [sigla de Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior], que é a avaliadora dos programas de pós, inclua no processo de avaliação elementos quantitativos e qualitativos acerca da extensão para credenciar e aferir nota aos programas; fazendo aquele ranqueamento. Na medida em que em que a própria Capes está financiando, fomentando projetos de extensão nos programas e temos editais de extensão para os programas de pós-graduação em todo o Brasil, certamente ela vai implementar a inclusão de itens de extensão no processo de avaliação dos programas.” (Florisvaldo Paulo Ribeiro Júnior)
“Estimular a participação do estudante em ações extensionistas também faz parte do nosso trabalho, na gestão, para que a UFU cumpra a tríade ‘Ensino, Pesquisa e Extensão’. E é interessante porque não é uma extensão simplesmente de ir a algum lugar e levar a atividade. Não é essa compreensão. É uma extensão que dialogue, de fato, com essa comunidade, com as suas demandas e os seus saberes (...) E é isso que faz com que o conhecimento dentro da universidade também se modifique. É só no diálogo que o conhecimento está sendo construído e faz sentido, tem significado; tanto lá na comunidade, quanto aqui na universidade (...) Um projeto, por exemplo, como a UNAI [Universidade Amiga da Pessoa Idosa] trabalha com uma população que, muitas vezes, pode estar chegando numa fase da vida caminhando para uma depressão, enfrentando questões como a depressão, ou mesmo a pressão da sociedade que os julga como não mais produtivos (...) e ressignifica isso numa ação como a UNAI. Trata-se de um grupo que está meio que invisibilizado, apesar dos números de pessoas idosas no Brasil crescerem a cada ano. É um projeto que coloca essas pessoas numa nova dinâmica. Elas são inseridas na universidade e a UFU também é inserida numa dinâmica que é delas (...) A extensão tem muito esse papel de chegar nas comunidades menos favorecidas, nos grupos mais vulneráveis. E é interessante porque a UNAI é um dos projetos mais antigos que temos (...) os participantes têm um período para se formar, mas algumas pessoas simplesmente não querem sair; se sentem acolhidas e algumas delas continuam no projeto, como colaboradores.” (Maria Andrea Angelotti Carmo)
“Com esse incentivo financeiro agora e, provavelmente, esse incentivo avaliativo, o estudante de pós vai ter que sair do laboratório para levar o seu conhecimento, levar os efeitos daquele conhecimento para a população, colocar-se em diálogo com os saberes populares. Tivemos um edital, em 2024, o Proext-PG. Ele vai ser reeditado, mas ainda não sei se isso será ainda neste ano ou em 2026. A notícia que a gente teve recentemente foi de que a Capes estuda o lançamento de um novo edital com a mesma natureza (...) No ano passado quem tomou a frente foi a ProPP [Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFU]. A Proexc teve participação, mas quem conduziu o processo foi a ProPP. Em breve, devemos ter novidades para divulgar.” (Florisvaldo Paulo Ribeiro Júnior)
É uma série institucional, desenvolvida pela Diretoria de Comunicação Social da UFU. A série tem como objetivo apresentar atividades acadêmicas que podem ser realizadas pelos estudantes de graduação da Universidade.
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Palavras-chave: extensão Direc PROEXC UFU Caminhos
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